Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, defendeu hoje que “o momento da retoma é efetivamente o momento mais crítico do ponto de vista da tesouraria. Temos de continuar com um sistema de apoios, que será apenas coerente e apenas minimamente justo se continuar, e permitirá que os anteriores apoios não caiam em saco roto”.
Na opinião do responsável, são necessárias regras claras para a reabertura da atividade, bem como a harmonização das restrições às viagens, para o setor do turismo ser o “motor” da recuperação económica. “Estamos a complicar muito as questões relacionadas com a retoma, mantemos uma produção legislativa muito grande, mantemos declarações de ministros infelizes, como foi agora a do ministro da Administração Interna”, apontou o presidente da APAVT, referindo-se à decisão de alargar até 15 de abril a suspensão de voos com origem no Brasil e no Reino Unido.
Pedro Costa Ferreira sublinhou que o setor tem resistido, mas está sacrificado e vai ter “dificuldades em levantar-se”, uma vez que as empresas estão endividadas e algumas até falidas. Porém, a APAVT acredita que, com as medidas adequadas, daqui a três anos essas mesmas empresas estarão recuperadas.
Assim, a associação defende que seja desenhado um esquema de recapitalização das empresas, antes do fim das moratórias, com a fixação de um montante específico para as pequenas empresas. A APVT pretende, ainda, um modelo híbrido de saída das moratórias, com a extensão do prazo de pagamento do serviço dívida em simultâneo, e a manutenção do Apoiar Rendas durante o segundo semestre deste ano.
Pedro Costa Ferreira deixou também largas críticas à decisão de não se permitir tirar o passaporte, a não ser que se comprove que existe um motivo de força maior para viajar. “Este atropelo legislativo como que banalizou a entrada na nossa vida privada”, considerando que tirar o passaporte é um direito dos cidadãos.
Para o futuro do turismo, a APAVT espera que haja menos sazonalidade e mais território turístico, considerando mais importante “vencer o desafio dos mercados distantes”, como o mercado brasileiro, americano, chinês ou indiano.
“Para tal, será fundamental que o ‘hub’ aéreo português se mantenha e, para isso, a TAP tem de ser manter, por um lado. Por outro lado, que avancemos com o novo aeroporto, seja onde for. O aeroporto é uma questão estratégica e não percebo como é que uma questão conjuntural [crise pandémica] volta a atrasar questões estratégicas. Tem de haver uma resposta no quadro da aviação, uma vez que o nosso país está muito dependente do turismo”, defendeu.