O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) afirmou esta quinta-feira, dia 24, que o setor da distribuição atravessa “o melhor momento de sempre”, em termos de vendas, recuperação de balanços, resultados, emprego e remunerações pagas.
Pedro Costa Ferreira, que falava na abertura do 49º Congresso da APAVT, em Huelva, destacou a “fantástica vitalidade” do setor e sua posição de charneira “intocada e intocável”, tanto no que diz respeito ao turismo incoming quanto nas viagens dos portugueses.
O presidente da APAVT mencionou que “o valor económico da Distribuição Turística, reportado a 2022, superou os 5,8 mil milhões de euros”, o que corresponde a cerca de 2,8% do VAB nacional e gerou 126.000 postos de trabalho, representando 2,6% do emprego em Portugal. Ele ressaltou também o impacto positivo nas remunerações, que atingiram “praticamente 4 mil milhões de euros, valor que representa cerca de 3,5% do total nacional”.
“Estamos a falar de uma recomposição da atividade do setor neste pós-pandemia, com um crescimento mais acentuado do incoming de lazer, que produziu impactos económicos mais significativos no território”, afirmou o responsável. Pedro Costa Ferreira elogiou a atualização da matriz input-output do INE, que resultou numa revisão em alta dos multiplicadores para atividades-chave da cadeia de valor, incluindo transporte aéreo, alojamento e agências de viagens.
Pedro Costa Ferreira também destacou as características diferenciadoras do setor: “A formação dos gestores e colaboradores está muito acima do padrão nacional, e o contínuo aparecimento de novas empresas confirma a atratividade do setor.”
Apesar do cenário positivo, o presidente da APAVT não deixou de mencionar as dificuldades enfrentadas, especialmente nas duas cidades mais importantes do país. “Não queremos sublinhar as dificuldades ou eventuais erros cometidos. O que queremos é focar na construção de um espaço de diálogo absolutamente construtivo com as câmaras municipais”, afirmou. Sobre este tema, o presidente da APAVT fez ainda um agradecimento especial à Câmara Municipal de Aveiro, representada pelo presidente José Ribau Esteves, afirmando que sua “disponibilidade e proximidade inspiram-nos todos os dias”.
Turismo como pilar do crescimento económico
Pedro Costa Ferreira destacou o papel crucial do turismo na economia portuguesa, afirmando que este setor é responsável por “metade do crescimento do nosso País” e que “paga um salário médio cada vez mais alto”. O presidente da APAVT sublinhou que o turismo é “o setor que permitiu o equilíbrio das contas externas” e que está “eventualmente mais importante”, depositando nele “quase todas as esperanças de crescimento a curto prazo da economia portuguesa”.
Costa Ferreira alertou para as críticas que o setor tem enfrentado, afirmando que está a ser “muito atacado pelas más razões”, o que é necessário impedir que se torne uma “narrativa normalizada e comumente aceite como verdade”. O responsável refutou a ideia de que o turismo destruiu o centro das cidades, lembrando que “antes do turismo não havia pessoas a viver no centro das cidades” e que “ninguém queria viver em zonas degradadas, sujas e perigosas”.
O presidente da APAVT também mencionou que “o incêndio do Chiado propagou-se inicialmente como se propagou, sendo essa a razão porque acabou por ser um desastre da dimensão que se conhece, simplesmente porque não havia moradores na baixa de Lisboa”. Defendeu que foi o turismo que “recuperou as cidades, colocando residentes no seu centro”.
Sobre a genuinidade dos bairros históricos, Pedro Costa Ferreira destacou que “a memória dos contestatários é curta” e que “os bairros históricos não eram típicos, nem genuínos, eram pobres”, sublinhando que “a pobreza não deve ser a montra para a qual os ricos vão passear duas vezes ao ano”. O responsável omentou também as críticas sobre as filas em locais como a Brasileira, afirmando: “A Brasileira, a Benard e o Majestic são exactamente os mesmos, o que agora é deferente é que não cabem lá apenas alguns privilegiados, agora entram lá todos!”
Pedro Costa Ferreira afirmou que “o Turismo não acabou com as lojas históricas”, explicando que “os padrões e o comportamento do consumidor se alteraram” e que as grandes superfícies comerciais, que “empregam mais gente, pagam melhor e são responsáveis por importantes crescimentos económicos”, surgiram neste contexto. Ele argumentou que “algumas lojas históricas mantêm-se abertas, porque vendem aos turistas”.
O presidente da APAVT também ressaltou que “o Turismo preserva a história e propaga a cultura”, citando a Madeira como um exemplo de como o turismo pode ser alicerçado na cultura. Ele elogiou o Dr. Eduardo de Jesus como um “extraordinário parceiro da APAVT e dos agentes de viagens portugueses”.
Pedro Costa Ferreira ainda destacou que “o Turismo foi o setor que melhor integrou imigrantes nas suas estruturas de produção, atenuando problemas sociais e permitindo que tenhamos uma ténue esperança de renovação demográfica”. Ele criticou a contradição de quem clama por melhor integração de imigrantes, mas se opõe ao turismo, que promove “empregos, bem-estar e desenvolvimento económico”.
Concluindo, Pedro Costa Ferreira alertou que “a narrativa do ‘Turismo a mais’ se tem desenvolvido e multiplicado” e que isso é “certamente perigoso”. Ele desejou que o congresso fosse a “casa de partida para uma comunidade mais sensível a tudo o que nos une”, reforçando que “o Tema do congresso, ‘Cidade APAVT’, não se refere apenas a uma cidade que nos acolhe, mas à existência de uma comunidade onde todos nós nos inserimos, a comunidade do Turismo.”
Por fim, deixou uma mensagem de união e compromisso: “Contem com a APAVT para integrar este exército invencível, que somos todos nós.”