Apesar do aumento da inflação e das repercussões que pode ter no poder aquisitivo dos portugueses, o turismo da Madeira quer manter os níveis alcançados no mercado nacional ou até mesmo reforçá-los. O mercado português é atualmente o número um para o destino e a Secretaria Regional de Turismo está atenta aos sinais do mercado e preparada para minimizar o impacto que a inflação possa ter na procura. Exemplo disso é o encontro que acontecerá esta semana com a direção da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que se desloca ao destino juntamente com operadores turísticos.
Em declarações ao TNEWS, o Secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, reconhece que a inflação pode ser uma ameaça, mas afirma que é preciso “olhar para todas essas ameaças como estímulos para fazer mais e melhor”.
“O objetivo deste encontro com os vários operadores e direção da APAVT é exatamente encontrar formas de minimizar o impacto que a inflação possa ter na capacidade aquisitiva nacional, para que possamos manter o mercado nacional ao nível que está ou mesmo reforçá-lo”, refere Eduardo Jesus, lembrando que uma das grandes dificuldades estruturais do destino, as acessibilidades, já esta ultrapassada. “Temos tido mais acessibilidades, melhores acessibilidades, a preço bastante mais baixo, quer em voos regulares, quer em charters, por isso interessa agora que a Madeira perceba bem a dificuldade nacional, possa apoiar a operação para minimizar o impacto que essas ameaças possam ter. Depositamos um grande reconhecimento na competência na APAVT e vamos trabalhar para manter esses níveis”, garante.
Na semana passada, a Madeira deu nota de um novo recorde ao atingir pela primeira vez, em julho de 2022, mais de um milhão de dormidas num só mês. Numa leitura dos números, Eduardo Jesus relembra que este crescimento começou já em 2021.
“Esta caminhada pós-pandemia tem sido bastante favorável para o destino Madeira. Começámos já a sentir esta atratividade por parte dos mercados que nos visitam ainda estávamos em agosto do ano passado, quando nesse mesmo mês conseguimos bater a barreira dos 50 milhões de euros de proveitos num só mês, o que foi algo de inédito na nossa história e, a partir daí, voltámos a bater recordes, fechámos o ano com a maior presença alguma vez sentida cá”. Já este ano, a procura mantém-se. “A presença nacional tem sido fundamental, mas também recuperámos os mercados tradicionais, nomeadamente o alemão, que demorou mais tempo a arrancar, o francês e o inglês, que esteve sempre, desde o início, a liderar a recuperação dos mercados estrangeiros. Diria que tem sido uma recuperação francamente positiva, muito importante para nós, porque a economia regional depende em 26% do setor do turismo”. Eduardo Jesus considera que estes resultados são também o reflexo do trabalho efetuado durante a pandemia que resultou no “posicionamento da Madeira como destino seguro; com boas acessibilidades; e agilização e facilitação da chegada dos turistas durante e depois do período pandémico”.
A diversificação de mercados permite à Madeira olhar com otimismo para o próximo inverno. “Começámos a trabalhar com mais companhias, mais voos diretos, mais ligações a aeroportos europeus, estamos a reanimar o mercado brasileiro e a consolidar a ligação direta para os EUA”, refere o Secretário Regional, afirmando ainda que estão também a apontar baterias ao mercado do Canadá. “É um mercado que está no nosso radar, mas há que ter muita prudência quando se fala em mercados novos, preferimos que o trabalho esteja feita e depois fazer o anúncio. Reconheço claramente que é um mercado que está no radar e que nós estamos a trabalhar também”.
Quanto à ligação direta entre a Madeira e Nova Iorque, que estreou no ano passado, este ano terá início a 3 novembro e contará 21 frequências em cada sentido. “Esta foi uma operação muito importante, porque nunca tínhamos tido um voo direto dos EUA, principalmente de JFK, que é a referência, e correu muito bem, com 4300 passageiros transportados em 19 frequências”, aponta. Por outro lado, “é um mercado importante para nós, não só porque diversifica, mas porque abre uma porta muito grande. Estamos a fazer um grande trabalho com o mercado norte-americano, através de press trips fam trips, contactos com operadores, etc, com vista a que esta aposta no mercado dos EUA se consiga não só através do voo direto, mas também de voos que nos estão a trazer já muitos americanos à Madeira”, constata.
As perspetivas para as ligações aéreas ao destino no inverno IATA são boas, na medida em que existem companhias que já reforçaram a sua oferta. É o caso do grupo Lufthansa que reforçou a operação e terá 12 voos semanais à partir da Alemanha para a Madeira. “Serão mais 17500 lugares, o que significa que vamos ter uma oferta de 46 mil lugares só através desta operação. Comparativamente ao inverno de 2021/2022 é um aumento de 60% na oferta de lugares este inverno”, sublinha.
A verba do governo regional para a promoção turística no próximo ano deverá manter-se nos 15 milhões de euros. “As verbas para a promoção são definidas a cada dois anos, o que significa que os valores que são contratualizados entre o Governo Regional e Associação de Promoção da Madeira ficam estabilizados num período de dois anos. As verbas da promoção têm-se revelado adequadas e queremos mantê-las. Ao manter esta verba, estamos em perfeita condição para dar seguimento ao programa que definimos como necessário para a oferta que hoje em dia temos na Madeira”.