Quarta-feira, Abril 30, 2025
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Dentro do tema das Jornadas Mundiais da Juventude

Dissertar sobre o impacto das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) na existência social, cultural e económica portuguesa é um exercício difícil e necessariamente incompleto, dada a complexidade e diversidade de variáveis que deverão entrar no cômputo geral dessa equação.

Por Fernando Assis Coelho

Independentemente da importância humanista e espiritual ou do impacto direto, indireto e induzido na nossa economia, as populações de toda a região de Lisboa deverão, desde logo, congratular-se pela reconversão e requalificação de mais uma parte significativa do seu corredor ribeirinho, processo que se vem ordenando desde a reabilitação resultante da Expo’ 98, e que concretiza uma devolução da frente rio à cidade e à fruição das suas margens. O novo Parque Tejo-Trancão estará terminado um ano depois da JMJ, dotando a cidade de uma nova área verde ribeirinha que estava desvalorizada e transformada em aterro, com o todo potencial e retribuição social, urbana e económica que isso representa.

Igualmente pertinente é destacar a importância ecologia da criação de um interface fluvial-estuarina, a que acresce a circunstância de toda esta área ser o primeiro e único espaço verde nacional regado com águas de reutilização provenientes da Fábrica da Água de Beirolas.

Estas jornadas conheceram a primeira edição em 1986, em Roma, tendo já passado por outras tantas cidades em vários continentes. A edição de 2013, no Rio de Janeiro, continua a ser a que mais me impressiona, com uma assistência que superou os 3,5 milhões de pessoas, e com um fundo marcado pela exuberância e encanto da cidade maravilhosa. Receber um evento desta dimensão é um grande desafio para a cidade de Lisboa, mas deve ser também forte motivo de orgulho e uma oportunidade de impulsionar a notoriedade e visibilidade de Portugal. Com a inigualável luz de Lisboa e uma vista extraordinária sobre o rio, ficarão certamente imagens e momentos para recordar e celebrar no futuro.

Quanto ao retorno económico do evento, entendo que não o devemos analisar no imediato. Até porque as projeções que tive oportunidade de ler não medem o que se eventualmente se perde com os que, em virtude da JMJ, deixam de vir a Lisboa, optando por adiar a visita ou mesmo escolher outro destino. Apontaria mesmo para uma quebra de receita na grande maioria das unidades hoteleiras da cidade e para os estabelecimentos de restauração fora da Rede de Alimentação criada.

Na próxima segunda-feira, 7 de agosto, regressaremos à normalidade, com a certeza de que o agora palco-altar no Parque Tejo-Trancão representará uma nova centralidade para a zona metropolitana e um espaço ímpar para a vida e dinâmica urbana, social e recreativa lisboeta. Avancemos e exijamos o mesmo empenho e capacidade de concretização aos decisores para temas essenciais [determinantes!] para o nosso sector, tais como desatar o nó górdio da solução aeroportuária para Lisboa, a modernização e internacionalização da nossa ferrovia, e libertar as “empresas estratégicas” como a TAP e CP, de uma lógica protecionista, tornando-as num ativo, e não um ónus, para o país [alguns tópicos entre muitos outros].

*Por Fernando Assis Coelho

É licenciado em Geografia pela Universidade Nova de Lisboa e pós-graduado em Turismo, com formações executivas na Porto Business School, SDA Bocconi e AESE Business School. Estreou-se como assistente de direção no grupo hoteleiro escocês Brudolff, tendo exercido funções como diretor de hotel no grupo Pestana, Royal Óbidos Spa & Golf Resort e Hotel Cidnay. Desempenhou funções com responsabilidade no turismo do grupo Symington e atualmente lidera a primeira unidade hoteleira do grupo espanhol Hotelatelier em Portugal.

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