Com a França a proibir os voos domésticos e as principais companhias aéreas europeias, como a Air France, a KLM e a Lufthansa, a apoiar esta mudança – Qual o impacto que estas decisões terão no setor das viagens em geral? De acordo com a Belvera Partners, um fornecedor de tecnologia para o turismo, que falou diretamente com especialistas do setor de viagens, existem várias formas para combater estas mudanças.
Há uma oportunidade de negócio para as companhias aéreas no boom dos caminhos de ferro, indica Alice Ferrari, do fornecedor de tecnologia de aviação Kyte. “A mudança para os caminhos de ferro não significa que as companhias aéreas tenham de ficar a perder”, sublinha.
“Companhias aéreas como a KLM já perceberam que existe uma oportunidade de negócio para as transportadoras com visão de futuro. As companhias aéreas devem procurar a intermodalidade, oferecendo às pessoas opções de transportes públicos para parte ou totalidade das suas rotas. As companhias aéreas devem também procurar estabelecer parcerias com as companhias ferroviárias, para comprar e vender lugares de comboio”, acrescenta Alice Ferrari.
No entanto, existem vários obstáculos práticos à mudança para os caminhos de ferro. Spencer Hanlon, da plataforma global de pagamentos em tempo real Nium, comenta que “muitos sistemas de reserva e terceiros não estão corretamente configurados para gerir o pagamento. Se acrescentarmos a complexidade da reserva de bilhetes de comboio, com muitos fornecedores e horários diferentes, para não mencionar a possibilidade de cancelamentos ou remarcações, o setor pode não estar preparado para aceitar reservas ferroviárias em massa neste momento”.
Emilie Dumont, diretora geral da Digitrips, considera que o caminho de ferro continua a ganhar terreno em relação ao avião nas rotas de curta distância: “Acredito que o caminho de ferro continuará a desenvolver-se como uma alternativa ao avião para qualquer rota que possa ser percorrida em menos de quatro horas de comboio. A melhoria dos comboios de alta velocidade também ajudará nos próximos anos. O principal problema que vejo é o cálculo das emissões de carbono – a metodologia utilizada está um pouco atrasada em relação à aviação”.
Como pensamento final, Andres Fabris, da Traxo, fornecedor mundial de captura de dados de viagens empresariais em tempo real, identificou um obstáculo significativo do processo de reserva de bilhetes de comboio.
“A natureza complicada das reservas de comboio, combinada com opções insuficientes nos sistemas de reserva padrão das empresas ou através das empresas de gestão de viagens (TMC), leva muitos viajantes de negócios a contornar os canais oficiais de reserva. Este desafio não só cria uma lacuna de visibilidade para os gestores de viagens responsáveis pelo dever de diligência, como também desencoraja a promoção das viagens de comboio. Uma tecnologia de captura como a nossa, capaz de captar as reservas ferroviárias independentemente do local onde são reservadas, torna-se crucial para motivar as empresas a aderir às viagens de comboio”, afirma Andres Fabris.






