“Ao longo dos últimos anos temos vindo a interiorizar que a Filigrana de Portugal é muito mais do que um adorno precioso ou uma tradição artesanal”
É um testemunho vivo da nossa identidade cultural, da mestria das mãos que, de geração em geração, transformam finos fios de ouro em rendilhados de extraordinária beleza. Esta arte milenar, profundamente enraizada no Norte, é hoje símbolo da excelência artesanal portuguesa e uma das expressões mais refinadas do nosso património.
Para a cultura, a importância da Filigrana de Portugal é, nos dias de hoje, inegável. Não só representa o engenho e o saber-fazer de mestres artesãos, como também carrega consigo narrativas familiares, histórias de resiliência e uma autenticidade que poucos países conseguem reivindicar. A Filigrana, tendo como epicentros os concelhos de Gondomar e da Póvoa de Lanhoso, é um legado vivo e a sua candidatura à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO é um passo natural e merecido na valorização deste tesouro nacional.
Por outro lado, este símbolo de identidade representa também um poderoso ativo para a indústria do Turismo. O Porto e Norte de Portugal tem vindo a afirmar-se como um destino autêntico, que valoriza experiências enraizadas na cultura local. A Rota da Filigrana é um produto turístico assente na atividade mais emblemática de Gondomar que convida todos os interessados a visitar o Museu Municipal da Filigrana de Gondomar e as oficinas tradicionais, a conhecer de perto os mestres filigraneiros e a mergulhar na história deste ofício. Na Póvoa de Lanhoso, poderá visitar a Sala de Interpretação da Filigrana na Casa da Botica e o Museu do Ouro de Travassos onde poderá comparar as diferenças das variantes da filigrana de Gondomar e da Póvoa de Lanhoso.
Viana do Castelo é a montra da ourivesaria do Minho, onde a filigrana é rainha no traje minhoto. Poderá usufruir de uma viagem no tempo na Sala do Ouro do Museu do Traje.
São experiências de turismo cultural, criativo e industrial, através um verdadeiro produto diferenciador que posiciona a região no mapa dos destinos mais autênticos da Europa.
Neste percurso de valorização e internacionalização da Filigrana, o papel do Município de Gondomar, considerado a “Capital da Ourivesaria”, tem sido notável. A aposta na Rota da Filigrana, na certificação da “Filigrana de Portugal” – produto certificado artesanal, um projeto conjunto entre os Municípios de Gondomar e da Póvoa de Lanhoso que informa o consumidor que está a adquirir uma peça única, produzida segundo a tradição da ourivesaria portuguesa – na criação de museus, no apoio aos artesãos e na promoção internacional em eventos como a BTL, FITUR ou a Expo Dubai é reflexo de uma visão estratégica e sustentada.
Esta visão atingiu um novo patamar com a presença na Exposição Universal de Osaka. Durante dois dias, a “Filigrana de Portugal” assumiu-se como embaixadora da alma portuguesa, num palco onde tradição, inovação e identidade se cruzam. A exposição “Oceano de Filigrana”, a monumental Flor em Filigrana, o “Chá das 5” com o exclusivo “Filigrana D’Ouro Gourmet” (chocolate negro com ouro comestível) e as demonstrações ao vivo dos mestres artesãos foram momentos altos de uma presença que conjuga cultura, diplomacia e promoção turística.
Num gesto simbólico e profundamente emotivo, um coração de filigrana foi entregue à Casa de Portugal em Tóquio, com o intuito de celebrar a amizade entre Portugal e Japão, e projetar esta arte milenar num dos mercados mais exigentes e valorizadores de autenticidade do mundo.
Enquanto presidente do Turismo do Porto e Norte, acredito firmemente que ações como esta reforçam o posicionamento do nosso território como destino de excelência e autenticidade. Não olhamos para a Filigrana como um produto turístico, mas sim como uma narrativa viva, feita de histórias, mãos e emoções.
Por Luís Pedro Martins
Presidente do Turismo do Porto e Norte






