Quarta-feira, Novembro 19, 2025
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GEA: “O nosso principal objetivo não é ter mais agências, é dar mais valor agregado”

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Terminou este domingo, dia 28 de novembro, a 17ª convenção do agrupamento de agências de viagens GEA. O evento decorreu em Fátima, com um total de 350 participantes, entre agências de viagens e fornecedores.

Em entrevista ao TNews, Pedro Gordon, diretor do Grupo GEA Portugal, em conjunto com os diretores comercial, de contratação e da TravelGEA, Nuno Tomaz, Paulo Mendes e Sandra Anjos, respetivamente, falam sobre os desafios da pandemia e de que forma o grupo e os seus associados olham para o futuro.

Ainda longe dos volumes de faturação registados em 2019, o grupo estima que, em 2021, a recuperação da faturação global andará perto dos 50%. Apesar da crise, o número de associados manteve-se estável, com Pedro Gordon a indicar que o grupo tem atualmente 328 agências e 410 balcões. “No dia 1 de janeiro de 2020 tínhamos 327 agências e 428 balcões, hoje temos 328 agências e 410 balcões. Têm saído algumas agências, porque fecharam ou estão com a atividade suspensa, mas temos compensado com agências que têm entrado no grupo.”

O crescimento futuro do grupo, em função das alterações de mercado, não é uma prioridade, explica o diretor geral. “O nosso principal objetivo não é ter mais agências, é dar mais valor agregado às agências. Se vierem mais agências é ótimo, mas não é o nosso objetivo. O nosso objetivo não é crescer, é melhorar o serviço e acrescentar valor”, refere.

Este ano, sobretudo a partir de junho, já se notou uma recuperação, aponta Paulo Mendes: “Notou-se a partir de junho uma recuperação muito importante na aviação e na hotelaria. Onde existiu a maior quebra foi na tour operação, fruto da pouca oferta existente no mercado, principalmente charters, mas estamos otimistas porque estamos a ver que a recuperação está a ser interessante”.

Nuno Tomaz confirma esta tendência de recuperação: “Setembro e outubro foram meses muito bons. Inclusive, em alguns casos, ao nível de 2019. Nestas últimas semanas, dado o aumento de casos sobretudo no norte da Europa e leste, a coisa tem vindo a arrefecer”, refere o diretor comercial.

No capítulo aéreo, liderado por Sandra Anjos, também se tem notado “uma retoma mensal” do nível das reservas.

Em 2021, o maior volume de vendas do grupo recaiu nos destinos da República Dominicana, Algarve, ilhas portuguesas e ilhas espanholas.

Uma das tendência  observadas por Pedro Gordon é uma maior procura por parte de uma faixa etária mais jovem: “Tem havido uma procura de jovens agora, que antes não existia: jovens até aos 35 anos que antes não pensavam numa agência e que agora procuram este serviço, porque há uma certa dificuldade em identificar os requisitos para viajar para determinado destino. Há uma série de coisas que a agência de viagens garante. A agência dá mais confiança”, constata.

Receio que destinos voltem a fechar

As notícias mais recentes de novos confinamentos e restrições à mobilidade deixam muitas dúvidas no ar. “Posso estar errado, mas alguma incidência irá ter, porque estas medidas o que fazem notar é que estamos outra vez numa situação complicada. Há uma perda de confiança do consumidor para viajar”, refere Pedro Gordon, quando questionado sobre o efeito das novas medidas para conter a pandemia anunciadas pelo Governo. “Não estou a dizer que não são medidas convenientes, mas infelizmente irá provocar uma perda de confiança no consumidor. Agora, até que ponto este impacto será maior ou menor, não sei, mas algum impacto irá ter”.

Sobre esta questão, Paulo Mendes acrescenta que, neste momento, “quanto maior for a restrição para viajar, menor procura haverá no mercado”. “Estas medidas não são tão restritivas quanto anteriormente. Nas últimas, notou-se uma quebra grande. Muitas pessoas já têm as suas reservas feitas, e existem despesas de cancelamento que o cliente vai ter de ponderar se viaja ou não, se vai ter esse custo de cancelar, principalmente na operação de passagem de ano, em que falta um mês”, constata o diretor de contratação.

A maior preocupação é “o fecho dos destinos”. Com a incerteza novamente à porta, volta a fazer soar a campainha dos apoios, embora este não seja “o momento de reivindicar ,porque estamos numa alteração política”, constatam.

“A capitalização das empresas” é também um dos focos de preocupação. “Neste momento vivemos um momento de incerteza porque não sabemos até que ponto teremos novos apoios, porque vêm aí um novo Governo. Há muitas variáveis em cima da mesa e todos os empresários do setor estão preocupados”, defende Paulo Mendes.

O que o setor precisa, neste momento, é “de uniformizar as regras”. “Precisamos de certezas, Estamos a trabalhar e, de repente, fecham-nos as portas.  Há muito medo ainda e os governos têm de começar a transmitir confiança e não estão a conseguir fazê-lo. O setor precisa de confiança e que deixem-nos trabalhar”, acrescenta o diretor de contratação.

“É uma situação muito volátil e isso implica não haver um produto consistente, que dê essa segurança ao agente para poder aconselhar o cliente a viajar”, sublinha Nuno Tomaz.

Qual a situação financeira das agências?

A situação financeira das agências do grupo GEA “é claramente assimétrica, temos de tudo”, afirma Pedro Gordon. “Temos desde agências com uma situação financeira excelente, até agências muito endividadas. Não há uma regra, é completamente aleatório”.

“Depende da estratégia financeira de cada um. Há empresas que conseguiram manter a sua estrutura sem depender de linhas de crédito e apoios. A grande maioria avançou com o layoff, foi uma das melhores medidas que as agências tiveram ao seu dispor. A lei dos vouchers também ajudou imenso as agências de viagens. É como o Pedro diz, muitas já tinham uma situação financeira estável que vinha do passado e tomaram a decisão de não se endividarem, outras não, precisaram mesmo de recorrer aos apoios e capitalizarem-se”, afirma Paulo Mendes.

“Mais uma vez as agências mostraram uma capacidade enorme de resiliência. É impressionante como as empresas tiveram tanto tempo sem faturar e outros meses a faturar a 40% e estão a aguentar-se. É admirável”, reconhece Pedro Gordon.

Quanto ao reembolso dos vouchers é também uma questão assimétrica: “Temos agências que têm devolvido dinheiro do seu bolso, antes que os operadores tivessem devolvido os vouchers. Infelizmente temos outras que não tem sido assim. É igualmente assimétrico, mas de um modo geral, as agências do grupo GEA têm um nível de gestão bastante correto”, constata o diretor geral.

“A grande maioria das agências tem os reembolsos em dia-a-dia, agora estão à espera de reembolsos de fornecedores. O principal problema, e é do conhecimento de todos, chama-se Ryanair, é um dos credores das agências que está a causar mais dificuldades”, refere Paulo Mendes.

Durante estes 20 meses de pandemia, a GEA manteve-se “sempre muito próxima das agências”, refere Sandra Anjos. “Ficámos em confinamento a 13 de março e começámos logo no mês seguinte uma série de webinares, tanto da parte dos operadores, como companhias”, recorda a responsável. “No início da pandemia, demos sempre assistência às agências. Além disso, nos webinares, os nossos fornecedores aéreos faziam questão de mencionar as regras especificas e tínhamos, além da Info Gea, a Info TravelGea na parte aérea. Tanto da parte da GEA, como da TravelGEA, tive o feedback das agências que sentiram-nos muito próximos e com as ferramentas necessárias”, acrescenta.

O contacto com as agências, para as “manter atualizadas, acompanhadas e protegidas”, foi “fundamental”, afirma Pedro Gordon. “Nesse contacto, foi reiterada a necessidade das agências utilizarem todos os meios ao seu dispor. Era a altura certa para contactarem clientes e potenciais clientes, porque não havia outra forma de manter uma clientela fidelizada e conquistar nova”, acrescenta Nuno Tomaz.

“A GEA esteve sempre presente, não entrou em lay off, esteve sempre disponível, desde o departamento comercial ao apoio jurídico e à TravelGEA, nunca deixámos de trabalhar. E as agências reconheceram isso”, conclui Paulo Mendes.

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