O governo quer atrair grandes eventos desportivos para Portugal, afirmou o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, destacando o impacto económico gerado por essas competições.
“Estamos firme e fortemente empenhados em realizar grandes eventos desportivos em Portugal. Estamos apostados nos grandes eventos cujo retorno é muito grande,” declarou o governante na passada terça-feira, 29, durante a apresentação de um estudo sobre o impacto socioeconómico de dois eventos da Liga Mundial de Surf (WSL), nas Caldas da Rainha.
De acordo com o estudo elaborado por Diogo Melo, estudante de mestrado do ISEG, que contou com o apoio da WSL, a etapa portuguesa do circuito mundial, realizada em Peniche, e o evento de ondas gigantes na Nazaré geraram receitas superiores a 23 milhões de euros em 2024.
“É muito significativo que saibamos todos o retorno que temos. Ainda mais, quando se discute o Orçamento do Estado, e o cidadão, que paga impostos, e muitas vezes é levado pelas perceções públicas de onde é que se gasta os seus impostos, fica a saber o retorno que dão os investimentos,” afirmou Pedro Machado.
O secretário de Estado do Turismo também apontou para o papel crescente do surf no turismo português, considerando que o trabalho desenvolvido vai na direção certa, aproveitando as características únicas da costa marítima do país. “Queremos captar os grandes eventos que possam traduzir a diversidade das oportunidades que o país tem. A verdade é que o surf arrasta outros produtos turísticos, como nos campos gastronómico, cultural e religioso, entre outros,” destacou o secretário de Estado, mencionando as corridas de MotoGP em 2025 e 2026, no Algarve, como prova do empenho do governo em atrair grandes eventos desportivos.
Pedro Machado afirmou que Portugal possui cinco ativos estratégicos: clima, natureza, luz, património e mar, que devem ser explorados para impulsionar o crescimento da economia. “Claro que o crescimento do turismo deve estar em harmonia com os cidadãos. Não é massificação, não há turismo a mais. Existe pegada, claro. Mas não podemos entrar na paranóia de criticar uma atividade importante para o país,” considerou, enfatizando o seu compromisso em oferecer previsibilidade como fator de confiança para o desenvolvimento dos diferentes projetos.
“Portugal é o 12.º país mais competitivo da Europa, um dos mais seguros do mundo e um dos mais hospitaleiros. Temos de tirar bom partido disso,” sublinhou.
Pedro Machado também citou exemplos dessa estratégia, como a captação do maior evento mundial da indústria de congressos e conferências, que ocorrerá no Porto em 2025, e a organização da gala Michelin no mesmo ano, também no Porto, além de sua intenção de recuperar grandes eventos de golfe.
Por sua vez, Francisco Spínola, diretor-geral da WSL para a Europa, Médio Oriente e África (EMEA), ressaltou o papel dos grandes eventos internacionais nas praias portuguesas como determinante na promoção e consolidação da imagem de Portugal como destino de surf de classe mundial. O dirigente mencionou que Portugal já é o terceiro destino mundial de surf mais procurado em motores de busca e o primeiro a nível europeu.
Quanto aos números divulgados pelo estudo, Francisco Spínola comentou que este é um trabalho preliminar, que em breve será complementado com a prova do circuito de acesso à elite que decorreu recentemente na Ericeira, e o objetivo é, a prazo, estender o estudo a todas as provas da WSL em Portugal. “Também estamos a ver com o ISEG a possibilidade de alargarmos o estudo ao impacto que a indústria do surf, como um todo, tem em Portugal,” revelou, destacando a enorme evolução da modalidade, que é olímpica desde Tóquio 2020, nos últimos anos.