Domingo, Dezembro 8, 2024
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Há história no Palace Hotel do Bussaco | Por Jorge Mangorrinha

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O hotel dos mistérios

Por Jorge Mangorrinha

Por bênção dos deuses ou de um qualquer mistério, coube-me nesta visita o quarto número 7, com vista para a Mata Nacional do Bussaco, no qual também se alojou Agatha Christie. A escritora britânica passou longas temporadas no Palace Hotel do Bussaco, acompanhando o seu segundo marido, o arqueólogo Max Mallowan, às ruínas romanas de Conímbriga. Uma das visitas está registada no “Livro de Ouro”, em 4 de julho de 1965, curiosamente três dias depois de ter nascido o autor destas palavras. Por investigação própria, concluo que também coincide a viagem desse ano com a edição original de “Mistério em Hotel de Luxo” ou “Crime no Hotel Bertram” (títulos em Portugal). A narrativa deste romance passa pela colaboração de Miss Marple com as autoridades policiais e pela descoberta de muitos mistérios que se escondiam nos bastidores deste belo hotel. Entramos, então, nos tempos e nos espaços deste icónico e centenário hotel português que, pelos vistos, inspirou a imaginação da romancista e se abre ao nosso espanto.

Subo a ladeira em direção ao cimo do monte. Passo uma das cancelas da Mata Nacional do Bussaco e o funcionário, na guarita, confirma o meu nome na lista de hóspedes que lhe chega previamente todos os dias: “É logo o primeiro”, revela. E a face do funcionário, um pouco expectante quando me acerquei no automóvel, passa a um largo sorriso simpático e inspirador para quem vai com a minha função de escritor, em que tudo me deve animar.

O percurso até ao destino final revela um pouco da imponência deste conjunto arbóreo de 105 hectares, plantado e murado pela Ordem dos Carmelitas Descalços no primeiro quartel do século XVII. Tem uma das melhores coleções dendrológicas da Europa (cerca de 250 espécies de árvores e arbustos com exemplares notáveis). Sem tempo para visitá-la em toda a sua grandeza, porque o foco é a unidade hoteleira, sabe-se que se encontra pontuada por fontes, escadarias, caminhos, capelas, ermidas e cruzeiros.

Mais adiante, revela-se, então, um palacete traçado ao gosto eclético, revivalista e neomanuelino, de três pisos escalonados e anexos, a que se adossa uma torre com função de miradouro, circundado por uma galeria com colunas decoradas, predominantemente vegetalista, todas diferentes umas das outras. Já depois da Extinção das Ordens Religiosas, D. Maria Pia pretendeu criar neste espaço um palácio real, que rivalizasse com a Pena (Sintra), mas os planos acabaram por não se concretizar. O ministro das Obras Públicas, Emídio Navarro, muito ligado ao Bussaco e ao Luso (de onde era natural), pediu ao seu amigo Luigi Manini um esquisso cenográfico. O artista italiano realizou as primeiras aguarelas do edifício monumental a implantar às Portas de Coimbra sobre os penhascos. No ano seguinte, Manini desenhou uma outra ideia, desta vez com instruções mais claras quanto ao local e ao estilo, com aproveitamento de parte do Convento. A 18 de julho de 1888 iniciou-se a construção a partir do traço técnico do condutor de obras públicas Henrique Eugénio de Castro Rodrigues e sob a direção de Ernesto Lacerda.

Apesar das vicissitudes da época, Emídio Navarro pretendeu construir um hotel em vez de uma edificação régia. Destruíram-se algumas das estruturas conventuais anexas à igreja, como o refeitório e as hospedarias. O arquiteto Manuel Joaquim Norte Júnior projetou a Casa dos Brasões (também denominada Pavilhão Real), a Casa dos Arcos e a Casa das Pedrinhas. O arquiteto italiano Nicola Bigaglia projetou a Casa dos Cedros e a antiga Secretaria dos Serviços Florestais, neste caso com projeto final mais simplificado do arquiteto José Alexandre Soares.

Em 1907, o Estado, através do ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, concessionou o edifício para a função hoteleira ao suíço Paul Bergamin, antigo cozinheiro da Casa Real e empresário que, desde 1891 já explorava o então chamado “Restaurant da Matta do Bussaco”, com anexos para alojamento, por compra da concessão a Joaquim Pedro Nogueira. A proposta da sociedade Paul Bergamin & Conrad Wissmann para o “Grande Hotel” era irrecusável. Entre outras condições, os concessionários depositaram, no Banco de Portugal e à ordem do governo, a quantia de 40:000$000 réis, que seriam exclusivamente destinados à conclusão do edifício.

O rei D. Carlos, em agosto de 1904, decidiu fazer um raid turístico ao Bussaco, que não visitava há vinte anos, permanecendo três dias e depois voltando no final do mês acompanhado pela rainha D. Amélia de Orléans e Bragança, organizando festas, bailes e concertos, e chegando mesmo, em ocasiões especiais, a dar aos seus convidados o prazer de ouvir a sua bela voz de barítono. O rei D. Manuel II levou a este cenário a artista francesa Gaby Deslys, bela e talentosa, por quem se apaixonou e que havia conhecido em 1909 no Théâtre des Capucines, em Paris, onde era então a estrela da revista “Sans Rancune”, refugiando-se ambos, a 12 de julho de 1910, no Bussaco durante seis semanas. Foi ali que se realizou a última cerimónia oficial da Monarquia Portuguesa, aquando da comemoração do centenário da Batalha do Bussaco, a 27 de setembro de 1910.

Bergamin manteria a gestão até a concessão passar para Alexandre de Almeida, que já colaborava com o empresário suíço desde 1916 como sócio. Cumpriria o estabelecido no contrato entre os dois. Com a nova gestão, em 1917, o empreendimento passou a denominar-se “Palace Hotel do Bussaco”. Bergamin permaneceu lá até à morte (1921). Como grande hoteleiro que foi deve-se a Alexandre de Almeida a criação da primeira escola de ensino hoteleiro em Portugal, sendo com o seu apoio e com a colaboração da Federação dos Sindicatos da Indústria Hoteleira que surgiu a Escola Hoteleira Portuguesa, denominada durante alguns anos por “Escola Hoteleira Alexandre de Almeida”. Uma outra inovação sua foi a de que um hotel deveria ter a sua própria adega e produção de vinho, à semelhança do que acontecia na Riviera francesa e italiana.

A família de Alexandre de Almeida mantém-se na gestão dos atuais seis hotéis, presentemente liderada pelo neto Alexandre de Almeida, a quem se deve, em primeira instância, todas as atenções recebidas nesta estada.

Antes de entrar, dei uma vista pelo exterior, onde se impõem os jardins históricos, notáveis sob o ponto de vista do seu desenho e das espécies que encerram. Destacam-se os jardins formais de bucho de pequeno porte, geometricamente desenhados em forma de rosácea e em torno de pequenos lagos, fontes ou tanques, assim como canteiros de pérgulas floridas.

Num dos topos do intercolúnio, abre-se a porta de entrada, por gentileza do “concierge” Horácio Santos, presente há 39 anos. Junto à Portaria, localizada desde o período da recente pandemia, o “check-in” foi realizado pela rececionista Gilda Amaral, que nos indicou os passos seguintes.

Estava curioso para ver em pormenor as obras artísticas saídas da Escola Livre das Artes do Desenho, fundada em 1878, em Coimbra, por António Augusto Gonçalves, bem como o acervo de escultura e pintura de mestres portugueses da viragem do século. Entro no átrio principal e deparo-me com uma elegante abóbada e duas portas ricamente trabalhadas. Na da esquerda, troncos com tufos de folhagem desenvolvem-se em arco contracurvado a albergar duas portas gémeas. Na outra, o rendilhado neomanuelino da pedra casa com o fino lavor neorrenascentista. Deste espaço de acolhimento ao segundo átrio pode-se virar à esquerda para o Salão Nobre, ou Sala de Estar, e o Bar (originalmente, Gabinete de Leitura), em frente para o corredor de acesso à sala de refeições ou virando à direita subindo a escada.

Antes de subir ao andar nobre, no qual está o quarto que me foi destinado, existe um mastro ostentando a bandeira nacional e, nele, algumas chapas gravadas com o nome de ilustres visitantes. Ladeando as escadas, revela-se parte do importante conjunto de painéis de azulejo do pintor Jorge Colaço, com a colaboração de Gomes Fernandes, que no edifício ilustra temas da literatura portuguesa e da história de Portugal. Esta escadaria principal corresponde a um vão profusamente elaborado que incluiu colunelos e outros elementos de cantaria, assim como elementos escultóricos, imagens e vitrais. A escala deste espaço da escadaria permitiu o desenho do vão de grande dimensão e as pinturas a fresco com composições de ambos os lados com sete metros de largura por nove de altura. Estes frescos estão atribuídos a António Monteiro Ramalho Júnior, que também colaborou com o pintor João Vaz, e representam, nos seus topos, estruturas arquitetónicas com varandas e arcos de inspiração manuelina que se integram em perfeita conexão com a arquitetura e com os arcos das duas galerias dos átrios superiores, assim como permitem ampliação espacial. Nos níveis inferiores destes frescos as composições apresentam-se esteticamente diferenciadas com desenhos geométricos que enquadram figuras históricas.

A obra do Bussaco acompanhou o forte espírito histórico e nacionalista dos finais do século XIX em Portugal. A gramática arquitetónica das fachadas foi transposta para os principais espaços interiores.

Em termos do alojamento propriamente dito, todos os quartos são diferentes, todos eles com sistema de aquecimento a água. Estão presentes várias peças de mobiliário asiático e neorrenascentista, mobílias completas de quarto de estilos D. João V ou D. José, D. Maria, Romântico, Arte Nova e Arte Deco, como é o caso do Suite da Rainha e do quarto que me coube. Escrevi o início deste texto na mesmíssima secretária em que Agatha Christie desenvolveu o romance nomeado. Muitas foram as figuras ilustres que se alojaram no Bussaco, nomeadamente, o príncipe do Japão, aquando do casamento dos atuais reis de Espanha, em Madrid. Esta estada aconteceu por iniciativa do próprio, porque sabia que muitos turistas japoneses já se hospedavam nesta unidade hoteleira, tendo sido mantida em segredo, mas com ementas impressas, expostas atualmente numa das vitrinas localizadas junto à entrada do Restaurante.

De fino trato, já raro nestes contextos, Horácio Santos é um repositório de memórias, até fazendo de figurante em filmes rodados no Bussaco, e o guardião do “Livro de Ouro” (1932-2003), a que tive acesso, com o olhar por perto da diretora Elisabete Saraiva, que junta a esta direção a do Palace Hotel da Curia, dois dos hotéis do mais antigo grupo hoteleiro português, fazendo questão de cumprimentar diariamente os clientes durante o pequeno-almoço.

O “Livro de Ouro” termina em 2003, mas esta unidade hoteleira manteve-se até à atualidade. Registo, por exemplo, o depoimento do presidente da República, general Carmona, depois da sua estada em virtude de doença; de Veva de Lima, “longe do Mundo a alma póde voar”; de Amália Rodrigues, “Senhor Santos gostei tanto daquele chouriço assado que quasi perdi o canto se não, cantava-lhe um fado…”; de Manuel Alegre, “o meu obrigado como português e as minhas felicitações”; de Mário Soares, “felicito quantos trabalham no Hotel pelo excelente acolhimento”; e de Geraldine Chaplin, “This really is the most exotic and beautiful place”.

Na visita guiada aos principais espaços do Palace Hotel do Bussaco, fui despertado para alguns pormenores. Junto à receção, uma vista em miniatura da fachada foi trabalhada na própria parede. Além disso, duas portas de acesso ao Salão Nobre têm o corte das paredes de lado para se ter melhor ângulo de visão. E, ainda, a Sala dos Anjos, ou Sala Condeixa, nome do pintor Ernesto Condeixa que, em “trompe l’oeil” (confusão da perceção), pintou a óleo uma tela octogonal que representa duas figuras femininas flutuando no céu, acompanhadas por anjos que transportam um gomil e um cesto que parece ofertar algo, tema considerado adequado à função da sala, na data em que a pintura foi realizada (1904).

A “Pérola da Coroa”, como alguém denominou este edifício quando ele surgiu, mantém as suas características originais, adaptou-se aos tempos, nomeadamente na procura de melhores condições de conforto para os seus utentes. Depois da inauguração, ali trabalharam os arquitetos Norte Júnior e António Nascimento (década de 1930) e José Paulo dos Santos (década de 1990).

A arquitetura é o suporte e o funcionamento é decisivo para a perceção de quem o visita, desde o sorriso à gastronomia.

Se o sorriso é permanente, as refeições são às horas que o relógio biológico nos despertar no período de abertura deste restaurante. Desta vez, por coincidência, a ementa gastronómica tinha sido renovada na semana da visita. Nelson Mateus é o “chef” de cozinha e gestor dos produtos gastronómicos, formado na Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre e integrado neste grupo hoteleiro há três anos, depois de outras experiências. Junto com a diretora, disponibilizou-se para uma simpática conversa no Salão Nobre ao som, por exemplo, de “Introduction. Theme and Variations for Clarinet and Orchestra in E-Flat Major: Var. II”. A sonoridade clássica envolve o espaço deste Salão de Estar, ou Salão Nobre, dominado pelo elaborado trabalho de cantaria em pedra de Ançã, pelo exuberante vão do tipo serliano na comunicação com a Sala de Bar, pela majestosa lareira e pelas pinturas a óleo de Carlos Reis sobre tela colada no estuque parietal, representando um animado bosque, retratista da própria Floresta do Bussaco. A lareira foi esculpida por João Machado e Costa Mota, sobre desenho de Luigi Manini. É encimada por esculturas de leões centralizados por um jovem trovador tocando alaúde, da autoria de Costa Mota Sobrinho. Era neste espaço que Oliveira Salazar, enquanto presidente do Conselho de Ministros, lanchava quando se deslocava à sua terra natal, no concelho de Santa Comba Dão. Conta-se que numa das vezes fez questão de pagar do seu bolso, confessando a qualidade do lanche, mas algo caro.

O “chef” Nelson Mateus lidera uma equipa jovem e intuitiva. Trabalhar o que é produto local é um dos objetivos da gastronomia disponibilizada no Bussaco, o que obriga a visitar produtores, nomeadamente de micro-legumes, de que se sabe, exatamente, quem os extraiu da terra ou quem corta cada folha de salicórnia à tesoura todo o dia de corcunda, ou, então, a produção das ostras da ria Aveiro, triplóides, que existem todo o ano. Importa sublinhar a estratégia: no final de cada semana, são recolhidos produtos locais para que no início da semana seguinte se trabalhe com produtos frescos. Complementarmente, trabalha-se para a redução da pegada carbónica, conseguindo o produto o mais perto possível e com melhor qualidade. “O tipo de cliente é importante, e também a experiência desde grupo hoteleiro – e do senhor Alexandre de Almeida como gerente – oferece-nos grande conforto e a liberdade para conseguirmos trabalhar naquilo que realmente queremos”, referiu. A gastronomia tem bases tradicionais portuguesas, com um toque da cozinha francesa. Complementar a estas preocupações é o lixo orgânico e a economia circular, tarefa iniciada recentemente em articulação com um produtor local, que tem um compostor, por troca com produtos frescos.

Desta nova carta senti o paladar de algumas propostas num ambiente requintado e revivalista, tendo em conta o desenho dos vãos, os pormenores do teto e dos lambris e a geometria do parquet que faz “pendant” com o desenho sextavado do teto mourisco. O vão que faz a transição para o terraço (“Floreira”), assume um carácter majestoso pela sua dimensão e carpintaria.

De início, um Messias Millésimé Grand Cuvée Branco Bruto brinda à vida, muito suave e de espuma sedosa, tendo sido o espumante selecionado para o Casamento Real 2023. No tabuleiro de pães, para se barrar a deliciosa manteiga de beterraba ou o azeite Distintus de Oliveira do Douro, há um saboroso folhado de leitão. Na entrada, não se pode perder o prato de ostras da Ria de Aveiro ao natural. Como prato principal, destaque-se o prato de carabineiro do Algarve braseado, com arroz carolino do Vale do Baixo Mondego e camarão tigre, lima kaffir, cantarelos mouros, cinza em pó e espuma do próprio carabineiro. A terminar a sobremesa, destaque para o Morgado do Bussaco, sem açúcar e glúten, crocante de chocolate bussaquiano, gelado de limão ao mel de rosmaninho, de criação própria. As atenções e os sorrisos foram de Jorge Cruz, chefe de sala, e de Filipe Vilela e Diogo Gonçalves, empregados de mesa.

Além do funcionamento diário, o Palace do Bussaco pode garantir a realização de eventos corporativos ou festivos, desejavelmente com um programa de exclusividade na utilização da unidade hoteleira e em função da disponibilidade. Elisabete Saraiva conta que são cada vez mais frequentes os pedidos para celebrações simbólicas e incomuns, por exemplo casamentos apenas com o casal, sobretudo de proveniência estrangeira, que procuram para tal um cenário idílico e glamoroso. Trata-se de um novo nicho de mercado, e a empresa faz de cada momento um desafio criativo e um produto especial e ímpar.

Estes dias trouxeram-me momentos únicos. À saída, ainda deu para perceber que um casal se hospedou para comemorar a lua-de-mel de há 50 anos. Troquei umas breves palavras com a rececionista, que também fez a entrada, e desejei felicidades ao jovem José Amaral, pela simpática gentileza na despedida, talvez ele a medir o meu olhar. É que, no “check-out”, o sentimento de um cliente, ou convidado, balança entre a pena de partir e as saudades de casa.

Carregue na imagem para ver a fotogaleria do Palace Hotel do Bussaco

*Jorge Mangorrinha é pós-doutorado em Turismo, doutorado em Urbanismo, mestre em História Regional e Local (especialização em Património) e licenciado em Arquitetura. Autor multifacetado recebeu o Prémio José de Figueiredo 2010 da Academia Nacional de Belas-Artes. Com experiência no planeamento turístico, em Portugal e no estrangeiro, exerceu, também, como gestor técnico na Parque Expo’98 e como presidente da Comissão Nacional do Centenário do Turismo em Portugal (1911-2011). Colabora com o TNews, tendo sido o autor da rubrica “A Biblioteca de Jorge Mangorrinha”, a que se segue “Há História no Hotel” durante 12 crónicas.

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