A Hoti Hoteis vai investir 140 milhões de euros até 2027 na abertura de 816 quartos distribuídos por diversas novas unidades em Portugal. Num encontro com a imprensa esta terça-feira, dia 14 de dezembro, em que estiveram presentes o CEO do grupo, Miguel Proença, e o administrador Ricardo Gonçalves, foi feito o ponto da situação dos projetos em pipeline.
“Tivemos estes dois anos muito difíceis, o grupo viveu com alguma tranquilidade este período, agora estamos com a energia e motivação para agarrar as oportunidades do processo de retoma”, afirmou Ricardo Gonçalves.
Depois de, nestes dois últimos anos de pandemia, ter-se focado na requalificação da oferta, a Hoti Hoteis vai avançar, no primeiro trimestre de 2022, com a construção do seu primeiro hotel pós-Covid. Trata-se do projeto para o centro de Braga, com 109 quartos, mas cuja marca ainda está por definir.
Dos projetos em carteira já conhecidos, o grupo aguarda licenciamento dos hotéis para Viana do Castelo e Famalicão. Terão ambos 120 quartos e a marca Meliá. A sua construção será iniciada assim que estiver o processo de licenciamento aprovado pelas autarquias.
Já quanto ao projeto ganho no âmbito do programa REVIVE, em São João da Madeira, vai ser publicada na próxima semana, em Diário de República, a área de reabilitação urbana de modo a enquadrar o financiamento ao abrigo do IFRU.
O grupo está também a trabalhar no lançamento de um hotel da sua marca própria Star Inn em Aveiro, junto ao Meliá Ria Aveiro. Segundo Ricardo Gonçalves, a ideia é replicar o modelo existente nos hotéis do Aeroporto de Lisboa (Tryp Aeroporto e Star Inn Lisbon), numa lógica de cluster que “tem funcionado bem”. O terreno já está comprado, estando agora o projeto em fase de licenciamento.
No Porto, a Hoti Hotéis tem ainda prevista a construção de um hotel de cinco estrelas Meliá, na Avenida da Boavista, com 220 quartos. Neste caso, existe apenas o terreno, mas ainda não há licenciamento.
Ricardo Gonçalves recorda ainda que o grupo detém terrenos para a construção de hotéis, em alguns casos com projetos já licenciados, no entanto, não os consegue desenvolver. É o caso de um terreno no Largo do Rato, em Lisboa, em frente à sede do Partido Socialista, em que o grupo tem um projeto para ali desenvolver, mas está à espera há cinco anos de uma decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa. “Temos outro terreno que comprámos em Vila Real de Santo António que também está em standby porque comprámos o terreno, entregámos o processo para licenciar e estamos há cinco anos à espera”, refere o administrador.
Expansão para Espanha?
Além de Portugal, Espanha está na mira do grupo. O fecho do acordo com a Wyndham para o desenvolvimento da marca Tryp em Portugal, tornou a Hoti Hoteis o master franchising da marca Tryp para Portugal e Espanha e abre portas para a expansão no país vizinho. “Agora vamos manter aqui em Portugal cinco hotéis com a marca Tryp e a lógica é escalar este número de hotéis. Pode também abrir-nos a porta em Espanha. O mercado espanhol é um mercado ao qual estamos atentos, a filosofia dos acionistas é reinvestir todos os meios libertos do grupo. Por isso, há uma necessidade de alimentar esse pipeline para alocar esse capital”, refere Ricardo Gonçalves.
Meliá Lisboa Oriente concluído
Está concluído o projeto de requalificação que transformou o Tryp Oriente em Meliá Lisboa Oriente e deu “uma terceira vida” à unidade emblemática da Hoti Hoteis em Lisboa, criada para a Expo 98. Desafiados pela Meliá a reconverter os melhores hotéis da marca Tryp em Meliá, o grupo iniciou em 2018 o processo de reconversão de três unidades. Primeiro com o Hotel Tryp Colina do Castelo, transformado em Meliá Castelo Branco, fruto de um investimento de 1,8 milhões de euros, depois com o Tryp Oriente, que foi requalificado com um investimento de 3,5 milhões de euros, e, ainda em desenvolvimento, está a requalificação do Tryp Aeroporto, que resulta de um investimento de 1,5 milhões de euros.
Atualmente a Hoti Hoteis tem 18 unidades hoteleiras, 12 da marca Meliá, uma da marca Moxy (Marriott) e as restantes com marcas próprias o grupo, incluindo a Star Inn.
Travão a fundo nas reservas
A aplicação das novas medidas restritivas colocou “um travão a fundo” naquela que parecia ser uma recuperação do mercado desde o início do verão. Segundo o CEO da Hoti Hoteis, desde que começaram a existir mais “temores” relativamente à evolução da pandemia que se nota uma retração do mercado. No entanto, o período do verão, que se estendeu até há poucas semanas, permitiu “consolidar uma receita total superior a 2020, embora ainda fique claramente abaixo de 2019”, refere Miguel Proença.
As receitas totais do grupo devem chegar este ano aos 36 milhões de euros, comparativamente aos 25 milhões de euros de 2020. Contudo, ainda muito abaixo do resultado alcançado em 2019 (77 milhões de euros). Para 2022, o grupo prevê um valor global de receitas de 59 milhões de euros, aponta o CEO do Hoti Hoteis.
Miguel Proença reconhece que têm havido cancelamentos para o final de ano. Uma das consequências desta pandemia foi “a transformação estrutural sobre o período de antecipação das reservas”, refere. “Passámos a lidar quase exclusivamente com reservas a muito curto prazo. As pessoas estão atentas às medidas que estão a sair e de que forma a doença está a avançar. Depois, em função disso, reservam ou não. No nosso caso o problema deixou de ser cancelamentos massivos, para passar a ser o telefone que deixou de tocar”, conta
O processo de vacinação trouxe alguma esperança na retoma do setor, admite Miguel Proença. “Não estávamos à espera que a situação viesse gerar de novo uma repetição do estado de espírito que se estava a viver no ano passado. Seria de enorme valor para o turismo, e para a economia em geral, que conseguíssemos colocar em perspetiva aquilo que foi a evolução da doença no ano passado, de forma a que pudéssemos confrontar as infeções e o número de mortes com o número que nos deparamos este ano, porque muito rapidamente nos remetemos para um clima de medo e isso, como é evidente, paralisa. Hoje estamos a falar de outro fenómeno com nível de gravidade completamente diferente”, defende.