Todos sabemos que o preço dos bilhetes aéreos sempre foi uma ciência quase obscura. Desde as várias letras a que correspondem às diversas tarifas (não confundir com classes!), à mais recente introdução dos serviços adicionais, muitas vezes é difícil para o viajante perceber o que está incluído na sua tarifa, e inclusivamente saber antecipadamente qual o preço estimado da sua viagem. Até para um agente de viagens em princípio de carreira é difícil entender este tipo de conceito!
Atualmente o preço pode variar de tal forma, que podemos ter pago 50€ por um lugar em económica e ter ao nosso lado uma pessoa que pagou 300€ pelo mesmo tipo de tarifa (e.g.: económica sem bagagem e sem escolha de lugar, etc.).
Todos sabemos que isto é a realidade da evolução do pricing na distribuição de conteúdo aéreo, mas isso não quer dizer que vá de encontro às expectativas dos viajantes.
Recentemente a OAG Aviation Worldwide Ltd, uma empresa dedicada a reunir e estudar dados sobre a indústria turística, fez um estudo através da sua app, FlightView, onde tentou entender onde as OTAs e apps de viagens podem melhorar a experiência do viajante no processo de reserva. É extremamente interessante constatar que o primeiro ponto de melhoria, com 59%, é a capacidade de tornar os preços mais previsíveis.
Ou seja, o principal motivo de frustração dos viajantes durante o processo de reserva de viagens não é da exclusiva responsabilidade do fornecedor da plataforma de reserva, mas sim da responsabilidade partilhada entre ele e o prestador dos serviços que estão a ser reservados. Eu até arriscaria a afirmar que a maior parte da responsabilidade é do segundo, leia-se, companhias aéreas.
Isto leva-me a questionar até que ponto é que este modelo de pricing, exacerbado com a recente introdução do continuous pricing, vai de encontro às expectativas/necessidades dos clientes?
Até que ponto não seria melhor encontrar um valor médio histórico e começar a simplificar o pricing na distribuição de conteúdo aéreo?
Na minha opinião, julgo que é importante questionar o modelo, principalmente quando os clientes não estão satisfeitos com o mesmo. Se a alternativa é a minha sugestão, isso é outra conversa, mas parece-me unânime que os dados estão lançados. Será que os intervenientes neste processo os vão querer apanhar?
Por João Taborda
Vice President of Travel & Tourism Solutions da Teleperformance Portugal