A pandemia dificultou, ainda mais, a entrada dos jovens no mercado de trabalho. Apesar da falta de recursos humanos no turismo ser um tema recorrente, há muitos jovens licenciados nesta área que optam por sair do país para encontrar emprego ou estágios. Mas porquê? Esta é a história de Matilde Jervis, uma jovem de 23 anos de Cascais, que esteve a estagiar durante seis meses no Bulgari Resort Dubai, no departamento de reservas de quartos.
Matilde é licenciada em Turismo, pela Universidade Europeia, em Lisboa. Desde o início do curso, exerceu funções como empregada de mesa em hotéis de cinco estrelas em Cascais: no hotel The Oitavos, no Onyria Quinta da Marinha Hotel e no Penha Longa Resort. Quando terminou a licenciatura, quis ter uma experiência de trabalho no estrangeiro. “Penso que é uma mais valia tanto a nível profissional como pessoal”, defendeu em declarações ao TNews.
“Quando comecei a procurar e a candidatar-me a hotéis no estrangeiro, a minha tia que é responsável pelo turismo do Dubai já tinha alguns contactos, ajudou-me com alguns emails de responsáveis por certos hotéis no Dubai para entrar em contacto direto também. Acabei por ser aceite num e assim começou o processo de candidatura”, sublinhou.
Matilde Jervis conta que foi “muito bem recebida” no destino, referindo que “a população, em geral, no Dubai é muito internacional, o que faz com que as pessoas recebam bem toda a gente, porque apoiam-se também umas às outras por estarem longe do seu país”.
O mercado de trabalho no Dubai, em comparação com Portugal, “é sobretudo mais organizado e qualificado, no sentido em que os trabalhadores em geral já trabalharam em vários países e diferentes hotéis, o que faz com que a experiência seja notada”, referiu.
“As condições de trabalho são boas, trabalho 8h por dia e tenho 1h de pausa seis dias por semana”. Durante o estágio de seis meses, que começou em dezembro de 2021 e terminou em junho deste ano, o hotel fornecia refeições nos dias de trabalho, alojamento partilhado com mais duas colegas e transporte. Matilde sublinhou que as partes menos boas eram a distância do alojamento ao hotel, que era cerca de 40 minutos de viagem, e ter apenas uma folga por semana.
“Ser desenrascada, com vontade de aprender todos os dias, sempre disponível a ajudar, a trabalhar em equipa e a boa disposição” foram as características que destacaram Matilde de outros trabalhadores de outras nacionalidades.
O que a jovem de Cascais mais valorizou nesta experiência de trabalho, fora do país, foi o que aprendeu a nível profissional, “trabalhar e conviver com pessoas de outras nacionalidades e culturas e a evolução a nível autónomo, por viver sozinha noutro país completamente diferente do que estava habituada”. As maiores desvantagens foram “viver num país muito luxuoso, caro e um pouco artificial”, defendeu, explicando que o estilo de vida é muito diferente do nosso e que sentiu falta de “muitas coisas simples”, que em Portugal faziam parte do seu dia-a-dia.