Falar do futuro é sempre um exercício arriscado, como prever o tempo nas Festas do Senhor Santo Cristo, nos Açores. Mas no marketing digital, os sinais são claros: Portugal está a entrar numa nova fase.
Uma fase mais madura, mais personalizada, mais direta.
E o mais interessante? É que esta transformação já não é só para os gigantes do turismo, para as grandes cadeias hoteleiras ou para as startups com apps.
Está a chegar à pequena casa de turismo rural, ao alojamento local de charme, ao restaurante familiar com pratos da avó. O digital deixou de ser “um extra” e tornou-se parte da base. Como o pão no cesto de um restaurante português: se não está lá, algo está a falhar.
1. Do “não precisamos disso” para o “como é que ainda não fizemos isto?”
Uma nova geração está a tomar conta das decisões nas empresas e, com ela, vem uma nova forma de pensar:
- Mais abertura ao digital.
- Mais foco em resultados reais (quantas pessoas vieram do Instagram? Quantas reservaram pelo site?).
- Menos medo de experimentar e ajustar o que for preciso.
O marketing baseado em “achismos” e intuição começa a dar lugar a decisões com base em dados reais. E isso é ótimo. Porque não é só para vender mais, é para comunicar melhor com quem realmente está interessado.
2. Menos comissões, mais relação direta
Durante anos, quem trabalhava no turismo habituou-se a depender de plataformas como Booking, Airbnb ou TripAdvisor.
E, claro, essas plataformas ajudaram muito, mas também cobram taxas altas e colocam todas as empresas lado a lado, sem grande diferenciação.
Hoje, começa a fazer mais sentido apostar em:
- Sites próprios bem feitos, rápidos e claros.
- Campanhas diretas no Google e nas redes sociais.
- Conteúdo autêntico, que mostre o que torna aquela casa, aquele espaço ou aquela experiência… única.
Porque cada vez mais turistas querem reservar diretamente. Querem falar com quem os vai receber. Sentir confiança. Ter uma experiência personalizada.
E isso só se constrói com autonomia digital.
3. A Inteligência Artificial vai entrar na receção (mas não substituir o sorriso)
O nome assusta alguns, mas a Inteligência Artificial já está a ajudar muitos negócios, mesmo os pequenos. Não precisa de ser um robô a atender clientes. Pode ser algo tão simples como:
- Um chatbot que responde às perguntas frequentes.
- Uma ferramenta que sugere textos para os posts das redes.
- Um sistema que percebe quais os anúncios que funcionam melhor… e ajusta-os sozinho.
É como ter um ajudante extra, que nunca dorme e está sempre a otimizar o que corre melhor. Se for bem usada, poupa tempo, dinheiro e dores de cabeça.
4. Falar para toda a gente é falar para ninguém
Durante anos, o objetivo era chegar ao máximo de pessoas possível. Agora, o jogo mudou: vale mais falar diretamente com quem nos procura, mesmo que sejam poucos.
Isto significa:
- Criar conteúdo e campanhas pensadas para comunidades específicas: caminhantes, nómadas digitais, reformados estrangeiros, casais em lua de mel, famílias com bebés…
- Trabalhar com micro-influenciadores locais, que recomendam com credibilidade e conhecem o seu público.
- Comunicar com calma, sem gritar: mostrar com verdade o que se faz e porquê.
É como servir um prato bem feito e bem apresentado a quem valoriza aquele sabor, em vez de tentar encher uma praça com pratos genéricos para agradar a todos.
Conclusão: o futuro do turismo é digital
Nos próximos anos, não vai chegar estar nas redes sociais ou ter um site bonito. As empresas vão ter de saber:
- Por que estão a comunicar.
- Com quem estão a falar.
- E o que querem que aconteça depois.
Portugal tem tudo para brilhar nesta nova fase: bons produtos, talento criativo, histórias incríveis e um público que quer ser conquistado com verdade. Só falta uma coisa: que as empresas, grandes ou pequenas, acreditem que o digital não é um luxo. É uma nova forma de estar.
O turismo português sempre soube receber bem. Agora, é tempo de comunicar bem e com o coração no lugar certo.
Boas campanhas. Boas reservas. E bom futuro!