Segunda-feira, Novembro 17, 2025
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MCoutinho em negociações para assumir representação da rent-a-car U-Save em Portugal

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Paulo Pereira, diretor de mobilidade da MCoutinho, revelou ao TNews que o grupo está em negociações para trazer a U-Save para Portugal, uma empresa norte-americana especializada na área de rent-a-car. À semelhança da Green Motion, a MCoutinho pretende assumir a sua representação em Portugal, com o objetivo de agregar valor e complementar as marcas existentes.

Em entrevista, o responsável faz um balanço dos primeiros anos de operação da Green Motion em Portugal, adiantando que um dos objetivos de 2025 é “cobrir as quatro principais regiões de turismo”, com destaque para a inauguração de um novo balcão na Madeira.

Fale-nos um pouco mais do Grupo MCoutinho e da sua oferta de mobilidade

A MCoutinho vai fazer 70 anos em 2026. A concessionária representa hoje 28 marcas de novas viaturas, 20 marcas de viaturas usadas e 90 pontos de venda. Portanto, hoje temos mais de 1200 colaboradores e somos um dos principais grupos de retalho automóvel em Portugal.

O negócio na área da mobilidade surgiu num processo de transformação do setor, quer ao nível dos modelos de propriedade, quer dos modelos de gestão de marcas automóveis. Isto obriga-nos a olhar para a mobilidade enquanto uma necessidade, para podermos diversificar toda a nossa oferta e prepararmo-nos para um futuro que vai ser cada vez mais desmaterializado e assente em conceitos de pay as a service.

Dentro do Grupo MCoutinho, que peso tem a Green Motion?

A Green Motion chegou a Lisboa em 2022 como uma nova área de mobilidade dentro do Grupo MCoutinho. Antes da sua entrada, tínhamos uma rent-a-car com cerca de 200 carros que servia sobretudo o negócio interno de viaturas de substituição e cortesia para os nossos clientes. Com o passar do tempo, percebemos que queríamos crescer neste setor e que a forma mais rápida de o conseguir seria através de um canal que estava a crescer imenso em Portugal: o turismo. Para isso, fomos buscar uma marca internacional que estava alinhada com os princípios do grupo, ao nível da sustentabilidade, dos valores de humanidade e da lógica de negócio associada. A Green Motion era uma marca que estava presente em 60 países e permitia exatamente termos essa alavancagem ao nível de um canal de negócios muito importante, mas também muito controlado e organizado em termos de grandes brokers.

Portanto, a Green Motion também nos permitiu alinhar a marca MCoutinho, aumentar a nossa capacidade e complementar aquilo que é a nossa oferta e operação.

A vossa entrada em Portugal foi marcada pela abertura de uma estação no Prior Velho. Nestes dois anos abriram mais algum balcão no país?

Nós, em 2022, adquirimos as instalações da antiga Lisboa Oriente – atual MCoutinho Lisboa – para servir o Aeroporto Humberto Delgado. Arrancámos com uma operação pequenina, nas traseiras da concessão, onde fazíamos o transporte dos clientes do aeroporto através de serviços de TVDE. No final do verão de 2022, e com o crescimento do negócio, assumimos a representação da marca Green Motion e abrimos um balcão no Prior Velho. Em 2023, abrimos instalações no Porto e, em 2024, em Faro. Atualmente, cobrimos os três principais aeroportos e o nosso objetivo é continuar a crescer. Esperamos conseguir abrir outro balcão ainda este ano.

“Portugal apresenta quatro regiões principais de turismo. Estando já presentes em três, falta-nos cobrir a Madeira”

O que têm planeado para este ano?

Portugal apresenta quatro regiões principais de turismo. Estando já presentes em três, falta-nos cobrir a Madeira. Os Açores são um destino mais complicado porque não têm o mesmo volume de turistas que a Madeira e são um arquipélago dividido em nove ilhas. O nosso objetivo não é só servir o setor do turismo: queremos também oferecer esta mobilidade aos clientes da MCoutinho.  

Quais são os principais perfis de clientes da Green Motion em Portugal?

Os portugueses residentes no estrangeiro são os nossos principais clientes, equivalendo a 17% do nosso negócio. Seguem-se os franceses, alemães, americanos, ingleses, brasileiros e canadianos.

Como tem sido a receção da Green Motion no mercado português desde o início da operação?

Creio que o português é um povo que sabe acolher. Apesar de nos faltar uma maior ligação ao setor do turismo, estamos perfeitamente integrados naquilo que são as necessidades do mercado, desde compras, manutenção e logística até às vendas. Já estávamos integrados no setor de uma forma muito reduzida, mas o mercado nacional, em termos de rent-a-car, tem muita concentração de negócio – os grandes players representam cerca de 80% do total, por exemplo. Depois, existe uma grande concorrência de pequenos e médios operadores que nos obrigam a estar permanentemente em ‘jogo’. Se nos descuidarmos, de certeza que vamos ser penalizados.

Como empresa de rent-a-car, quais são os grandes desafios que enfrentam?

Fazer a diferença e apresentar uma proposta de valor única ao mercado são os desafios de qualquer empresa – e nós não somos exceção. Estarmos aliados a uma marca como a Green Motion obrigou-nos a desenvolver novas credenciais e novos pilares ligados à sustentabilidade. Por exemplo, a nossa frota atual é composta por 30% de viaturas elétricas e híbridas.

Paulo Pereira

Desde a sua entrada em 2022, que balanço faz destes últimos anos?

A operação tem sido desafiante por vários motivos. Houve um boom de empresas de rent-a-car em Portugal e a pandemia foi uma excelente altura para estas empresas porque conseguiram beneficiar dos apoios estatais de financiamento. A falta de viaturas também foi uma oportunidade, uma vez que empresas com menos frota conseguiram gerar maior rentabilidade e volumes idênticos de faturação.

Para nós, 2023 e 2024 foram anos atípicos: os preços das viaturas subiram, os valores residuais baixaram e os valores dos alugueres caíram. Nos últimos anos, a oferta cresceu muito mais do que a procura. E, hoje em dia, o mercado está sobrelotado em termos de oferta. Nesta altura do verão, temos preços mais condizentes com aquilo que é a atividade, mas até junho estiveram completamente esmagados porque a concorrência era demasiada.

Relativamente à operação, o maior desafio foi como é que um grupo que fatura centenas de milhões de euros consegue integrar um novo negócio, com novas regras e diferentes sistemas. Este foi e continua a ser o nosso principal desafio no que diz respeito à operação. Na altura, a MCoutinho tinha duas opções: ou ia buscar uma empresa de rent-a-car com um modelo de negócio já estruturado ou construía a empresa de raiz. Optámos por montar uma empresa de raiz porque permitiu-nos integrar o nosso modelo de negócio de forma eficiente.

Uma vez que as coisas já estão mais normalizadas, estamos a fazer algumas alterações nas nossas instalações para responder às novas exigências de mercado.  

Qual dos balcões está a registar maior crescimento?

Ambos são bem-sucedidos, dentro daquilo que são as suas idiossincrasias, mas apresentam caraterísticas muito diferentes. O mercado do Algarve é muito turístico e não se preocupa tanto com a marca do carro, mas sim com a sua utilidade. Já o turista de Lisboa interessa-se por conhecer Portugal, mas algo menos intenso do que o do Algarve. Por sua vez, no Porto recebemos muitos portugueses residentes no estrangeiro, que normalmente vêm para conhecer o país. Portanto, nós adaptamos quer a frota, quer o próprio modelo de negócio a cada um dos balcões. Contudo, em termos de volume, Porto e Lisboa estão no mesmo patamar, seguidos de Faro.

“O crescimento do turismo está condicionado pela capacidade de entrada de turistas nos aeroportos portugueses. Até ao final do ano, é esperado algum crescimento, embora limitado. O desenvolvimento do setor continuará dependente das infraestruturas existentes”

Como está a correr 2025?

2025 está a ser um ano desafiante, sem dúvida. A expectativa era que 2024 tivesse terminado um ciclo, o do covid, mas infelizmente 2025 não está a ser melhor. A entrada de grandes players, com um negócio bem estruturado, faz com que haja excesso de oferta. Contudo, não vale a pena queixarmo-nos, toda a gente tem desafios. Está a ser um ano desafiante, mas, acima de tudo, positivo.

Acha que esta tendência pode mudar até ao final do ano?

Neste momento, não há nada que me indique que esta tendência vá mudar. O crescimento do turismo está condicionado pela capacidade de entrada de turistas nos aeroportos portugueses. Até ao final do ano, é esperado algum crescimento, embora limitado. O desenvolvimento do setor continuará dependente das infraestruturas existentes.

Existem viaturas disponíveis no setor automóvel. No entanto, há aqui um conjunto de desafios no que toca às normas ambientais. Isto implica que o negócio de rent-a-car sofra algumas alterações, nomeadamente na percentagem de viaturas e na sua tipologia (elétrica ou híbrida). Temos que estar atentos, mas se esta dinâmica dos carros a combustão for alterada temos que nos ajustar obrigatoriamente.

A marca prepara-se para lançar alguma novidade?

Sim. Há dois anos, a Green Motion adquiriu a U-Save, uma marca de rent-a-car sediada nos Estados Unidos. A par disto, estamos a concluir as negociações para trazer a U-Save para Portugal.

Portanto, além de estarmos a planear o nosso crescimento geográfico no setor da mobilidade, queremos introduzir uma nova marca em Portugal ligada a um segmento de clientes mais conscientes do preço e mais racionais. Acreditamos que a U-Save pode trazer valor para a empresa, por ser uma marca muito reconhecida nos Estados Unidos.

Porquê a U-Save e não outra rent-a-car?

A principal razão foi por fazer parte do ecossistema da Green Motion. Contudo, há um conjunto de fatores que nos levaram a escolher a U-Save. O nosso objetivo não é representar marcas só porque sim. Queremos que de alguma forma as mesmas se complementem e partilhem os nossos valores e a nossa visão. Hoje em dia, é cada vez mais difícil listar marcas junto de brokers. Uma rent-a-car para entrar para um broker tem que passar por um processo muito complexo. E, para nós, colocar marcas concorrentes dentro do mesmo universo faz todo o sentido. Acho que estamos bem com aquilo que temos e vamos continuar a crescer.

O mercado americano é o maior do mundo em termos de rent-a-car, é um mercado muito forte com aquilo que é a sua dimensão própria. A U-Save é uma ótima oportunidade para angariarmos mais clientes, diversificamo-nos e investirmos em infraestruturas.

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