Oliver Zahn, CEO da Portimar DMC e responsável pelos Produtos Turísticos do operador turístico alemão Olimar, considera que, a partir de julho, haverá uma maior procura de reservas de férias no exterior pelo mercado alemão e, se isso acontecer, espera que Portugal seja um dos destinos mais procurados.
“Portugal tem um ótimo posicionamento, não tem aqueles hotéis grandes como as ilhas espanholas e a Turquia”, defende, recordando que, no ano passado, o país foi um dos destinos mais procurados nos meses a seguir ao verão pelo mercado alemão.
O mesmo pode suceder este ano, desde que haja oferta e voos durante o período de outono. “Os meses a seguir ao verão (de setembro a novembro) são muito importantes para o mercado alemão e Portugal tem uma ótima oportunidade de prolongar a estação.”
Em entrevista ao TNews, Oliver Zahn defende que o mais importante para que a procura aconteça é manter baixos os níveis de incidência da covid-19, porque é o que determina a colocação dos destinos em listas de risco e é expectável que a existência dessas listas se mantenha até se atingirem as imunidades de grupo.
“Se isso acontecer, não tenho uma visão pessimista do verão, e muito menos do outono”, afirma.
Desde outubro do ano passado, os restaurantes e bares na Alemanha estão fechados. Os hotéis não podem receber clientes para fins turísticos, só de negócios. O governo não proibiu o turismo, mas tomou medidas que desincentivam as viagens ao estrangeiro, como testes e quarentenas. Todas as semanas entram e saem regiões da lista de zonas de risco. Viajar para uma zona de risco significa cumprir uma quarentena de dez dias no regresso. Recentemente, o Algarve e os Açores entraram na lista.
“Abrir e fechar destinos cria insegurança nas pessoas e não as motiva a reservar viagens, mesmo para o verão. O Algarve é zona de risco, poucas pessoas estão a reservar, porque podem julgar que se vai manter na lista de risco no verão”, refere Oliver Zahn. O setor do turismo na Alemanha está com dificuldade em convencer as pessoas a viajar, reconhece. “Se fecharam os restaurantes e hotéis, também não é correto permitir viagens ao estrangeiro. O ambiente atual é este. Seja para que destino for, há muito poucas reservas”, afirma.
No entanto, é expectável que algumas medidas sejam aliviadas, à medida que o processo de vacinação avance.
“Esperamos que a partir de julho haja um ambiente positivo para reservas. Estamos à espera que a retoma acelere nessa altura e pensamos que no verão vai haver viagens. As pessoas querem viajar. Há uma procura reprimida”.
A Olimar tem a programação para o verão em Portugal disponível e aguarda apenas que surjam as reservas. O operador tem contratos com praticamente todas as companhias com ligações entre o mercado alemão e Portugal, como é o Lufthansa, TAP, Condor, TUI e Eurowings
“Atualmente existem poucos voos. A TUI anunciou agora que vai começar os voos para o Algarve em meados de maio, e para o Funchal. Há alguns voos de companhias regulares que vão começar agora. É necessário que as companhias aéreas mantenham o dinamismo e as rotações. Temos a oferta toda no sistema, estamos à espera de reservas”.
Outono e estadias longas
Famílias com crianças podem optar por não viajar no verão para fora do país, já que as vacinas não estão autorizadas para menores de 16 anos, alerta Oliver Zahn.
O responsável da Olimar acredita que, o facto da vacinação ainda estar a decorrer no verão, aliado às incertezas quanto às viagens familiares, vai impedir a existência de um grande volume de viagens no verão. As oportunidades para Portugal podem, por isso, surgir nos meses seguintes.
“Este ano, o mês de novembro pode ser muito melhor que os anos anteriores. Há vontade de viajar, há procura. Há muitas pessoas com dinheiro e tempo, porque há férias por gastar”. Nesse sentido, Oliver Zahn defende a criação de incentivos às companhias aéreas, principalmente para Algarve e Madeira, para que voem nesses meses, um trabalho que deve ser da responsabilidade das entidades turísticas. Por outro lado, o responsável defende igualmente a promoção de estadias longas.
“No outono há viagens de uma semana, mas deve-se promover estadias de 15 dias. Em geral, existe dinheiro e existe tempo. As pessoas estão fartas de estar em casa. Pode ser uma ótima época para Portugal”, afirma .
Para Oliver Zahn, o país beneficia ainda de outro fator: o posicionamento de Portugal como destino de natureza e sustentável. “Há muitas regiões a posicionarem-se como destino de natureza. Esta pandemia criou um novo anseio por um estilo de vida mais calmo, mais saudável, e Portugal pode beneficiar deste posicionamento”.