Pedro Gordon, diretor geral do Grupo GEA, afirma que a entrada da Newtour no capital social da GEA vai permitir potenciar a área de negócios de emissão de bilhetes de aviação comercial.
“Um dos objetivos desta nova etapa é otimizar a área de negócios de emissão de bilhetes, seja para agências IATA, com acordos diretos via TravelGEA, seja para agências não IATA que possam aproveitar a negociação da TravelGea e aproveitar essas tarifas e essas vantagens”, refere o administrador e diretor geral do grupo de gestão de agências de viagens.
Numa conferência de imprensa que antecedeu o jantar de comemoração dos 20 anos da GEA, esta terça-feira, dia 20, em Cascais, os administradores Pedro Gordon e Carlos Baptista falaram da “nova etapa” do grupo, depois da Newtour ter adquirido participação maioritária da GEA Portugal, em novembro de 2022.
Ambos afirmam que o objetivo é agregar valor às agências da GEA. “O objetivo é trabalhar em prol das agências e não usar as agências para os seus interesses, ninguém pense que eles [Newtour] querem usar a GEA para os seus interesses, o interesse é potenciar a GEA”, afirma Pedro Gordon.
“entrámos como acionista para ficar”.
Carlos Baptista
Por sua vez, Carlos Baptista, que assume a administração ao lado de Pedro Gordon, representando o sócio maioritário, assegura que “entrámos como acionista para ficar”. “Felizmente, no caminho do grupo Newtour, aprendemos que a independência das empresas é valor acrescentado para cada uma delas. Vivemos num mercado concorrencial e, quando assim é, todas as empresas superam-se para ganhar a sua quota de mercado, a GEA é completamente independente nas suas tomadas de decisão”.
Criada em 2003, depois do fundador do grupo GEA em Espanha, Prisciliano Fernandez, ter feito uma proposta a Pedro Gordon para abrir em Portugal um modelo semelhante ao modelo de negócio em Espanha, a GEA tem atualmente 502 balcões pertencentes a 406 empresas no nosso país.
“O mercado mudou muito nestes 20 anos, mas as premissas, o modus operandi e as bases da GEA continuam a ser as mesmas: ajudar a rentabilidade das empresas e dar proteção às agências de viagens”, defende Pedro Gordon. O responsável sublinha que a GEA tem “uma liderança clara” no setor, o que “permite dar apoio e proteção aos associados, além de margens que estão à frente das praticadas no mercado”.
Se nestes 20 anos “muita coisa se passou”, o marco importante para a GEA em Portugal foi a entrada do grupo Newtour no SEU capital social, destaca Pedro Gordon. “Em primeiro lugar, porque fez disparar a massa crítica e o volume de negócios, nomeadamente na emissão de bilhetes, considerando a TravelGEA e os IATA do grupo Newtour, passamos a ter uma expressão importante no mercado nacional, o que nos permite ter talvez uma maior capacidade negocial nas tarifas aéreas”, defende. Para otimizar esta área da emissão de bilhetes aéreos, a equipa da TravelGEA foi reforçada recentemente com a contratação de Ricardo Correia. O volume de negócios da TravelGEA deverá ultrapassar este ano os 35 milhões de euros, destaca o diretor geral, para reforçar a importância desta área no grupo.
“Queria acionistas que pensassem em otimizar a distribuição, ou seja, que trabalhassem para que as agências se desenvolvessem e tivessem um melhor desempenho e, não tanto, como força escoadora do próprio Produto”
Pedro Gordon
Antes de passar a palavra a Carlos Baptista, Pedro Gordon justificou o porquê da entrada da Newtour na estrutura acionista: “Queria acionistas que pensassem em otimizar a distribuição, ou seja, que trabalhassem para que as agências se desenvolvessem e tivessem um melhor desempenho e, não tanto, como força escoadora do próprio produto”. Em suma, afirma “queria um grupo que entrasse e potenciasse a agências do grupo GEA”.
Pedro Gordon garante que não tem, por enquanto, “o mínimo interesse em vender a participação na GEA a outros investidores”. 60% do capital está nas mãos de uma sociedade dos acionistas do Grupo Newtour e Pedro Costa Ferreira, e os restantes 40% pertencem a Pedro Gordon.
“A GEA está na história do grupo Newtour”
Carlos Baptista
Carlos Baptista recordou o passado, para lembrar que a GEA “está na história do Grupo Newtour”, uma vez que a Turangra entrou como associada em 2003, acreditando e acarinhando o projeto. Miguel Fonseca assumiu uma posição no conselho consultivo da GEA”, recorda.
“É com essa essa responsabilidade, carinho e acreditando no projeto GEA desde 2003, que encaramos esta nova fase como acionistas, sabemos que temos mais responsabilidades que o mercado tem novas necessidades, há novos desafios, não quer dizer que sejam mais difíceis, mas são claramente diferentes dos que levaram ou que pautaram os últimos 20 anos da GEA”, defende. “Estamos a trabalhar nesses desafios para alcançar o mesmo sucesso destes últimos vinte anos nos próximos 20 anos”, garante.
Ao fim de meio ano, há já “trabalho feito” na GEA pelo novo acionista, nomeadamente o lançamento de dois projetos que agregam valor às agência: um back office de gestão GEA com base tecnologia SIGAV; e as GEA Tv’s. Neste último caso, projeto superou as expetativas. “Numa primeira fase esperávamos instalar Tv’s em 150 pontos de venda, mas temos 230 TVs requeridas nesta primeira fase, o que para nós foi um sucesso tremendo”, refere o administrador. “É mais uma forma de ajudar todas as nossas agências a digitalizar a comunicação com os seus clientes e a potenciar uma dinâmica de comunicação no ponto de venda, atingindo mais clientes de forma mais efetiva e com um produto sempre atualizado”, explica.
“Não estamos obcecados em crescer, temos uma boa dimensão”
Pedro Gordon
Carlos Baptista refere que “tem havido um crescimento orgânico da GEA que não parou com a nossa entrada”, mas prefere destacar outro fator: “Mais do que um crescimento, satisfaz-nos que, quem está, demonstra vontade em continuar. Com a dimensão da GEA, as agências são muito suscetíveis de abordagens de diversos players, e temos ficado satisfeitos com a demonstração das agências que são abordadas, porque continuam e percebem que se está a trabalhar em prol das agências enquanto GEA”.
Pedro Gordon reforça que “estamos aqui para proteger as agências e não para proteger interesses que não sejam das agências”.
“tem havido um crescimento orgânico da GEA que não parou com a nossa entrada”
Carlos Baptista
Já quanto a notícias de dão conta de acordos estratégicos entre operadores e agências, nomeadamente o grupo Ávoris e a DIT Portugal, Carlos Baptista responde: “O mercado espanhol está muito dinâmico e a GEA goza de uma relação com os fornecedores de longo prazo, de respeito, mas também de resultados obtidos para ambas as partes”, defende. No entanto garante que: “Não vamos permitir que o equilíbrio seja afetado por qualquer situação, estamos dialogantes, atentos e a perceber o que é que podem ser os próximos passos nestas parcerias, aquisições ou joint ventures que venham a ser criadas”.
Sobre esta matéria, Pedro Gordon reforça que não está em causa o bom relacionamento com o grupo Ávoris. “Conhecemos muito bem as pessoas da Ávoris, são pessoas com cabeça, não são malucos, e sabemos perfeitamente que na sua ideia, de maneira nenhuma há intenção de agredir o grupo GEA. Entre os quatro e cinco operadores do grupo, provavelmente seremos o principal cliente. Não vejo de modo nenhum que possam adotar estratégias que possam prejudicar o grupo GEA, pelo contrário, estou convencido que continuaremos a manter uma boa relação até agora”.
“O mercado espanhol está muito dinâmico e a GEA goza de uma relação com os fornecedores de longo prazo (…) Não vamos permitir que o equilíbrio seja afetado por qualquer situação, estamos dialogantes, atentos e a perceber o que é que podem ser os próximos passos nestas parcerias”
Carlos Batista
Sobre o crescimento da GEA em Portugal, os administradores estão em consonância. “A ideia é agregar valor às agências, fazendo isso, o caminho é natural “, refere Carlos Baptista. “Não estamos obcecados em crescer, temos uma boa dimensão”, diz, por sua vez, Pedro Gordon. “Penso que iremos ter ainda um crescimento natural, mas o objetivo não é tanto crescer, mas dar valor ao grupo nas principais vertentes. Os quatro vetores de um grupo de gestão são otimizar margem, minimizar custos, otimizar produtividade e estar protegido. É nestes quatro vetores que temos de trabalhar. Otimizando estes quatro vetores, julgo que não temos de nos preocupar muito mais”, conclui Pedro Gordon
O grupo de gestão de agências de viagens GEA realizou esta terça-feira, dia 20, o último de três sunsets dinners parties para assinalar o seu 20º aniversário. Este terceiro evento teve lugar em Cascais e reuniu, à semelhança dos anteriores (em Matosinhos e Figueira da Foz), as agências de viagens do grupo, fornecedores e outras entidades, num total de mais de 450 participantes.
A GEA celebra o seu 20º aniversário com outras ações. O grupo de gestão está a realizar ao longo do ano fam trips com todas as agências que fundaram o grupo em 2003 e que ainda fazem parte da GEA – são 27 que mantêm a marca e duas que mudaram a sociedade. Já fizeram uma à Grécia, e estão previstas mais duas viagens para o fim de setembro e fim de outubro. O grupo espera ainda fazer uma convenção diferente dos anos anteriores, que deverá realizar-se durante o mês de novembro.