A aquisição de um diploma não apresenta garantias para os jovens no acesso ao mercado de trabalho, no entanto, a sua ausência dificulta a inserção profissional de um jovem, bem como o seu poder de negociação no momento de uma entrevista.
Ana Maria Tavares
Uma das frases que mais ouvi durante o meu percurso académico foi: “Turismo é um mundo”. De facto, é a realidade.
Como estudante de Turismo e Gestão Hoteleira, as saídas são imensas, mas será que as oportunidades que existem no nosso país correspondem às necessidades e expectativas dos estudantes? Será que as oportunidades são iguais para todos? Será fácil e rápido arranjar um bom trabalho após a conclusão dos estudos?
A relação entre a formação académica e o mercado de trabalho tem sido foco de debates públicos nas últimas décadas (Marques, 2010). A complexidade que persiste na análise das relações entre o ensino superior e o mundo de trabalho (Tanguy, 1986, citado por Marques, 2010) introduz desafios que exprimem, por um lado, o que é comum à maioria das sociedades modernas e, por outro, o que as caracteriza de forma específica (Teichler, 2007, citado por Marques, 2010). A aquisição de um diploma não apresenta garantias para os jovens no acesso ao mercado de trabalho, no entanto, a sua ausência dificulta a inserção profissional de um jovem, bem como o seu poder de negociação no momento de uma entrevista. A taxa de desemprego em Portugal muitas vezes não ocorre por falta de oportunidades no mercado de trabalho, mas sim pelo facto de as oportunidades existentes não serem suficientes para satisfazer as necessidades dos jovens que fizeram esforços e sacrifícios, quer a nível financeiro, quer a nível pessoal, durante 3, 4 ou mesmo 5 anos. É suposto aceitarmos 700, 800 ou 900€ mensais, quando muitas propinas chegam aos 600€?
No meu caso específico, a transição da formação académica para o ingresso no mercado de trabalho não foi algo complicado. Terminei a minha dupla licenciatura em Turismo e Gestão Hoteleira em dezembro; no entanto, desde novembro que enviava imensos currículos por dia, visto que estavam sempre a aparecer oportunidades. Em dezembro, fiz algumas entrevistas e em janeiro ingressei no mercado de trabalho, na área que mais gosto, sendo esta os eventos. Algo que nunca fiz foi divulgar os meus resultados académicos e foquei-me na experiência adquirida nos estágios que fiz ao longo do curso, pois isso sim é o mais importante para as empresas quando estão a recrutar. Neste momento, sou coordenadora de eventos numa posição júnior num grande grupo hoteleiro, sendo este a cadeia SANA. Posto isto, é possível sim conseguir um bom trabalho na área desejada após a conclusão de estudos; no entanto, devo frisar que não é tarefa fácil encontrar algo que corresponda a todas as necessidades e expectativas. No entanto, o mais importante quando se ingressa no mercado é o bem-estar no trabalho, ou seja, um bom ambiente entre os membros da equipa, de acordo com a minha perspetiva e experiência pessoal.
Ana Maria Tavares tem 21 anos e é duplamente licenciada em Turismo e Gestão Hoteleira na Universidade Europeia. Atualmente, encontra-se a trabalhar como Coordenadora de Grupos e Eventos no Epic SANA Marquês. “Após o estágio que realizei no Onyria Quinta da Marinha no departamento de eventos, percebi que dentro do vasto mundo do Turismo e da Hospitalidade, os eventos são a minha verdadeira paixão e o caminho que desejo seguir“, refere.
Nova Geração é uma nova rubrica do TNews, na qual damos voz à opinião dos jovens estudantes de Turismo.
Que orgulho ler um texto escrito por si, Ana 🙂 Votos de felicidades e sucesso! Um abraço da sua ex-professora Inês Carvalho.