Lisboa, enquanto capital europeia com um património cultural riquíssimo, tem muitas e diferentes atividades recreativas para oferecer.
Por Joana de Almeida Guilherme
Partindo deste pressuposto, a questão que pretendo abordar prende-se com encontrar maneiras de estimular atividades recreativas de contexto, direcionadas tanto a turistas jovens como a jovens residentes na nossa capital. Teremos uma oferta adaptada à procura que existe?
Por exemplo, quando falamos dos vários Festivais de Verão que ocorrem na capital portuguesa, constatamos que existe uma enorme adesão de público jovem, residente e não residente. Assim, a questão que sobrevém é: o que é que a nossa cidade tem para oferecer a este público para lá do Festival em si e do tradicional binómio sol-gastronomia? Apesar de Lisboa dispor de todas as condições para criar atividades de contexto, acredito que falta ainda algum investimento turístico para que a cidade apresente uma oferta mais global e moderna.
De forma a decifrar melhor esta questão, podemos tentar entender como funcionam outras cidades europeias. Vamos olhar para o exemplo de Amesterdão, capital dos atuais Países Baixos.
Quando nos referimos a atividades de contexto na capital neerlandesa, comparando com a cidade de Lisboa, podemos constatar logo uma grande diferença: a existência de uma grande variedade de museus, tanto em número como em especialidades.
Em Amesterdão encontramos inúmeros museus clássicos (do ponto de vista cultural), mas igualmente uma grande quantidade de museus interativos, especialmente dirigidos ao público jovem. Podemos encontrar museus de Arte Urbana e de Graffiti, museus onde nos apresentam espetáculos de luz e som e até mesmo museus ditos “instagramáveis” que os jovens frequentam com o simples objetivo de tirar fotografias e criar conteúdos digitais para as suas redes sociais.
Voltando ao caso de Lisboa, se existe uma evidente adaptação de certos setores turísticos (por exemplo, o da restauração), acredito que possa e deva acontecer o mesmo com outro tipo de ofertas de contexto.
Lisboa vai-se adaptando aos poucos, por exemplo, ao criar o museu interativo Quake, que segundo o seu website (lisbon.quake.pt) “permite reviver o acontecimento mais dramático e transformativo de Lisboa – o Terramoto de 1755.” Com este museu surgiu, de forma instantânea, um grande número de partilhas e opiniões positivas relativas ao mesmo, particularmente na aplicação Tiktok.
Acreditamos que isto é a prova de que os jovens se podem interessar por este tipo de museus, mais interativos e dinâmicos, mas que continuam a ser educativos e, de uma forma prazerosa, nos permite aprender mais sobre a cultura da nossa cidade.
Assim, para satisfazer a procura por estas atividades de contexto, destinadas a públicos mais jovens, seria necessário o surgimento de novos tipos de atividades recreativas e culturais e, talvez o mais urgente, seria de se modernizar e dinamizar os museus já existentes, de forma a se adaptarem a esta realidade.
Consideramos que para isso acontecer é urgente a existência de mais publicidade alusiva aos nossos museus, a existência de interações com plataformas digitais de referência e uma pesquisa considerável sobre o que é oferecido em outras capitais europeias (e sobre o que é procurado na nossa).
Resumindo, acreditamos que para o turismo lisboeta continuar a crescer é necessário retificar a forma como nos adaptamos ao “novo” e fazê-lo em muitos mais setores. Se a restauração e o alojamento na cidade de Lisboa evoluem e se adaptam à procura atual, por que é que as restantes atividades recreativas e culturais permanecem tão estagnadas?
Joana de Almeida Guilherme tem 20 anos e atualmente frequenta o 1º ano de Gestão Turística no ISCE – Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo e, em part-time, trabalha na área da cosmética
Nova Geração é uma nova rubrica do TNews, na qual damos voz à opinião dos jovens estudantes de Turismo.