Stuart Nash, ministro do turismo da Nova Zelândia, afirmou que o país não quer atrair “viajantes que chegam só com 10 dólares, que passam só um dia no país e que se alimentam de noodles instantâneos”. Em poucas palavras, Nash defendeu que a Nova Zelândia “quer turistas de alto nível e com despesas altas”.
O primeiro navio de cruzeiro a visitar a Nova Zelândia desde o início da pandemia chegou na passada sexta-feira, dia 20 de agosto, marcando um esperado regresso à normalidade para a indústria turística do país e redefinindo as prioridades turísticas.
Para parar a propagação da covid-19 e eventualmente erradicá-la, a Nova Zelândia fechou as suas fronteiras no início de 2020. Antes da pandemia, o turismo tinha sido responsável por 9% do Produto Interno Bruto da Nova Zelândia. Em maio deste ano, o país permitiu que a maioria dos turistas entrasse novamente de avião, mas só há duas semanas é que todas as restrições foram flexibilizadas, incluindo as relativas às chegadas por mar.
Com o levantamento da proibição, o navio de cruzeiro Carnival Australia Pacific Explorer chegou a Auckland na sexta-feira de manhã, trazendo 2.000 passageiros e membros do staff numa viagem de ida e volta de 12 dias de Sidney para Fiji.
Com a reabertura das fronteiras da Nova Zelândia, o ministro do turismo afirmou que vai continuar a procurar turistas com dinheiro. “Vamos procurar turistas de alta qualidade”, reafirmou. “Damos as boas-vindas aos mochileiros, mas não os procuramos. Concentramo-nos nos abastados, nos turistas que viajam em classe executiva, que voam de helicóptero e que vão a restaurantes de luxo”.
O ministro acrescentou, ainda, que a pausa no turismo permitiu ao país reavaliar os seus objetivos. Um destes objetivos era atrair turistas mais abastados e de “de alta qualidade”, que potencialmente passariam mais tempo na ilha e levariam para casa histórias interessantes para contar. Outro objetivo era mudar a conceção de que na indústria do turismo os trabalhadores suportam longas horas e recebem salários baixos e, em vez disso, retratá-la como uma indústria desejável e financeiramente gratificante.
Suart Nash previu que seria necessário algum tempo para a indústria do turismo recuperar até aos níveis pré-pandémicos, contribuindo com 20% do rendimento estrangeiro da Nova Zelândia e mais de 5% do PIB. “Penso que muitas pessoas na indústria do turismo trabalharam arduamente durante os últimos dois anos”, observou Nash. “No entanto, sempre assumimos a posição de que é da maior importância dar uma resposta adequada em termos de saúde.”
O professor James Higham, da Universidade de Otago, discorda da opinião do ministro do turismo. Higham defende que “a tendência no mundo é para um turista que viaja mais longe, mais depressa, produz mais CO2, permanece menos tempo e gasta menos. Muitas vezes, as pessoas muito ricas destroem o planeta num processo que não beneficia os destinos turísticos. Os grandes gastadores são muitas vezes os que causam mais danos ao ambiente e isso não é muito benéfico para a Nova Zelândia”, referiu, sublinhando que “os mochileiros tendem a permanecer mais tempo num destino, acabando por gastar mais dinheiro”.