O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, considera que a decisão sobre a solução aeroportuária para Lisboa conhecida esta quarta-feira, dia 29, “faz sentido” e “permite ter rapidamente mais aviões e passageiros a chegar a Portugal”.
Em entrevista à SIC, o ministro refutou a ideia que esta foi uma decisão unilateral do Governo: “Somos Governo e o Governo existe para decidir, portanto, não é uma decisão unilateral.
Sobre o que levou o Governo a decidir avançar para o Montijo como solução complementar ao aeroporto da Portela em 2026 e a construção de Alcochete em 2035, Pedro Nuno Santos explicou: “A solução inicialmente previa Montijo e a ampliação do aeroporto Humberto Delgado .A partir do momento em que não se faz a ampliação do Humberto Delgado, a solução dual que estava projetada ficará esgotada mais rapidamente. Por isso, quisemos encontrar uma solução estrutural e de longo prazo, que é Alcochete. Essa solução permite ter capacidade de expansão futura e evitar que próximas gerações tenham de voltar a encontrar nova localização”.
Já quanto ao facto de não avançar já para Alcochete, o ministro explicou que “o problema de Alcochete é que demora cerca de 10 a 13 anos. Esperar este tempo todo até termos Alcochete é perdermos milhares de milhões de euros. A solução Montijo é uma solução madura, que já tem a Declaração de Impacte Ambiental e que nos permite, de forma rápida, aumentar a capacidade aeroportuária da região de Lisboa”.
Quem vai pagar a fatura das novas acessibilidades?
Questionado sobre quem vai pagar as acessibilidades necessárias para o o aeroporto de Alcochete, Pedro Nuno Santos preferiu contornar a questão, afirmando que “estas infraestruturas não são uma despesa, são um investimento que permitirá ao país criar mais riqueza”.
O ministro das Infraestruturas e Habitação garantiu a articulação desta solução com a ANA – Aeroportos de Portugal e disse esperar “fechar tudo nesta legislatura”, isto é, o Montijo e a renegociação do contrato de concessão com a ANA que obrigará a que seja feito o aeroporto de Alcochete atingidos determinados fatores de capacidade. “Não será o que ANA quiser, será o que o Estado português e que o país quiser”, respondeu o ministro às acusações de que o anúncio da construção de Alcochete é apenas uma manobra política.
Pedro Nuno Santos não determinou qual o montante investido, disse apenas que será “um investimento importante”. Para o ministro, “não faz sentido apontar números que dependem de projetos de execução. Para nós é evidente que já estamos a perder dinheiro e continuaremos a perder milhares de milhões de euros até ao momento em que aumentarmos a nossa capacidade aeroportuária”.
Sobre as críticas dos partidos com assento parlamentar, Nuno Santos afirmou que “qualquer decisão sobre o aeroporto teria uma chuva de críticas”. “Era preciso decidir e está decidido“, afirmou. “Vamos fazer uma Avaliação Ambiental Estratégica sobre a solução que será um instrumento muito importante para se fazer ajustamentos. Não há soluções em matéria de aeroportos sem espinhas, todas têm vantagens, desvantagens e problemas”, defendeu.
Quanto às razões para avançar sem o entendimento com o líder da oposição, Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos lembrou que “o primeiro-ministro fez um repto público e as declarações do líder eleito do PSD não mostraram propriamente disponibilidade para ser parte da solução. O Governo foi acusado de incompetente e de incapaz de decidir, foram declarações de alguém que se quis pôr de fora. Para nós era importante decidir e é isso que estamos a fazer, foi para isso que fomos eleitos”.
Já quanto ao impacto para o turismo, Pedro Nuno Santos destacou o papel que o setor desempenha para a economia: “Portugal tem tido um crescimento do turismo muito acentuado até 2019, é um dos setores mais importantes da economia portuguesa. Não somos propriamente um país rico que possa prescindir da continuação do crescimento do turismo que é tão importante para nós. Portugal tem crescido muito em mercados como o americano e queremos que o país possa receber esses passageiros que querem visitar Portugal, gastar no nosso país, e com isso contribuir para a nossa riqueza. E por isso é que é tão importante aumentar a capacidade aeroportuária já.”
Fecho do aeroporto Humberto Delgado
Questionado sobre o desmantelamento do aeroporto Humberto Delgado, o ministro defendeu “que é também uma grande vitória para Lisboa”. “Não existe no quadro europeu mais nenhuma situação como esta que temos: um aeroporto com aquela intensidade de movimentos por hora, com voos noturnos, numa cidade como Lisboa é anacrónico, não tem paralelo e, por isso, precisamos de uma solução que permita à cidade libertar-se desta infraestrutura”.