Quarta-feira, Abril 30, 2025
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Porque é que todos os aeroportos portugueses têm nomes de homens? Campanha quer inverter essa tendência

Após chamar atenção para a predominância masculina na nomenclatura dos monumentos nacionais, a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) iniciou a campanha “Hack for Equality” com o objetivo de destacar as mulheres que contribuíram para a história do País, dando-lhes o devido reconhecimento no mapa.

A questão gerou bastante discussão nas redes sociais, especialmente depois da escolha do nome para o novo aeroporto em Lisboa. Diversos cidadãos apontaram que todos os aeroportos no país são nomeados em homenagem a homens notáveis da história de Portugal.

Agora, o convite é para que as pessoas em Portugal participem desta ação simbólica: adicionar mulheres ao mapa. Através do Google Maps, qualquer pessoa pode criar um ponto no local onde será construído o novo aeroporto – em Alcochete – nomeando um “aeroporto fictício” com o nome de uma mulher portuguesa que merece ser reconhecida.

 
 
 
 
 
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A desigualdade entre homens e mulheres na toponímia é evidente em diversas cidades portuguesas. Em Lisboa, um estudo conduzido pelo cientista de dados Manuel Banza revelou que, de cerca de 5.000 ruas na cidade, apenas 5% têm nomes de mulheres, enquanto 44% são dedicadas a homens. Quando se considera apenas as ruas nomeadas em homenagem a pessoas, a diferença fica ainda mais clara: 91% homenageiam homens e apenas 9% são dedicadas a mulheres.

O cenário no Porto é similar. Uma análise realizada por João Bernardo Narciso e Cláudio Lemos aponta que 44% das ruas têm nomes de homens, enquanto apenas 4% têm o nome de mulheres.

Joana Frias Costa, Vice-Presidente da PpDM, comentou a questão: “O facto de todos os aeroportos portugueses terem nomes de homens é, por si só, sintomático de uma história que apagou, durante séculos, o contributo das mulheres. O que choca é que, perante uma nova oportunidade, continuemos a repetir o padrão, sem sequer considerar a possibilidade de homenagear uma mulher. Esta invisibilidade das mulheres na toponímia dos aeroportos, ruas e monumentos não é coincidência – é consequência de uma narrativa contada de forma enviesada e profundamente desigual. Esta campanha reivindica aquilo que é justo e evidente: que as mulheres que marcaram Portugal tenham também o seu lugar no espaço público. É tempo de corrigir esta invisibilidade histórica. É tempo de reescrever o mapa com mais igualdade.”

Em comunicado a plataforma defende que “estas discrepâncias refletem uma tendência histórica de sub-representação das mulheres na atribuição de nomes a espaços públicos, evidenciando a necessidade de promover a história das mulheres que fizeram História na toponímia das cidades portuguesas; esta sub-representação estende-se também aos monumentos históricos em Portugal”. A plataforma conclui que “embora não existam estatísticas específicas que quantifiquem a proporção de monumentos dedicados a homens em comparação com mulheres, é evidente que a maioria homenageia figuras masculinas”.

A campanha foi desenvolvida pelas agências JUDAS, em colaboração com a Notable, a Jungle Corner e o Duall Studio.

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