Quinta-feira, Maio 1, 2025
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Se tivesse poder sobre o país, qual seria a decisão que tomaria para o turismo? Por Jorge Rebelo de Almeida

Para assinalar o 4º aniversário do TNEWS, lançamos uma rubrica especial que reúne vozes do setor do turismo. Convidamos personalidades a refletirem sobre o futuro do turismo em Portugal, respondendo à seguinte questão: “Se tivesse poder sobre o país por uma hora, qual seria a decisão que tomaria para o setor do turismo?”

Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Conselho de Administração dos Vila Galé Hotéis

1. Transporte Aéreo

Sem transporte não há turismo;
O aeroporto de Lisboa está no seu limite;
A previsão de construção do novo aeroporto é de 10 a 12 anos;

Se não forem criadas alternativas que permitam captar novos voos e novas acessibilidades, estamos condenados a uma estagnação no crescimento do turismo e sendo este um dos motores do crescimento económico que se tem registado no país, vamos ter um futuro meio sombrio.
Não será dramático se surgirem outras atividades económicas que venham suprir essa lacuna e que permitam um crescimento mais harmonioso.
De qualquer modo, bom será que se criem alternativas reais e efetivas que permitam no curto/médio prazo suprir a carência no fluxo do aeroporto de Lisboa e evitar um corte no crescimento do turismo.
Desde logo, acelerar os prazos para construção do novo aeroporto e valorizar e melhorar restantes aeroportos internacionais existentes em Portugal.
O Aeroporto de Beja perfila-se como uma oportunidade para o sul do país e para Lisboa, mas seria da maior importância melhorar a ligação ferroviária Lisboa-Beja e concluir a ligação rodoviária Lisboa-Beja, no mínimo com uma via rápida e de preferência com a finalização da auto estrada.
A conclusão urgente das obras do aeroporto da Portela que permitam melhorar a ligação e eficácia deste aeroporto e se possível aumentar o número de slots.
O alargamento do horário de funcionamento do aeroporto.
Transferir da Portela carga, manutenções e outros voos para outros aeroportos que permitam aumentar o fluxo de voos turísticos.
A aceleração das obras do TGV, a Porto/Vigo e Madrid é também um fator decisivo de desenvolvimento e de criação alternativa ao transporte aéreo.
Mas a grande aposta terá de ser a criação de uma alternativa temporária, apostando na utilização de um aeroporto necessário que permita receber voos que continuem a alimentar o nosso crescimento turístico – Alverca, Sintra, Montijo, de preferência escolher a solução mais rápida, de menor custo e mais eficiente.

2. As grandes apostas

2.1. A recuperação do Património Histórico.

Existem no país milhares de edifícios históricos em total abandono. É urgente dinamizar o programa REVIVE que permite não só recuperar esse património histórico, mas também gerar um negócio diferenciado na oferta turística do país e criar mais riqueza e emprego, sobretudo no interior do país.
É imperioso e urgente acabar com bloqueios sem fundamento e agilizar e viabilizar esses projetos.
Com regras, com rigor, com critério, mas também com bom senso e equilíbrio e com a noção clara que é essencial preservar o edifício histórico, mas assegurando a sua adequação à nova realidade económica desse edifício.
É preferível recuperar e/ou reconstruir do que pura e simplesmente assistir à sua total destruição e perda sem qualquer utilidade social ou económica.

2.1. A Valorização do Interior do País

O litoral tem ainda espaço para crescer, sobretudo em ativos turísticos de elevado padrão que gerem maior receita, captando uma clientela com maior poder aquisitivo.
Mas o litoral ganhará muito se conseguir diminuir a pressão de crescimento indiscriminado da sua oferta.
É uma oportunidade soberana para o desenvolvimento do interior do país de extraordinária beleza e qualidade para atrair turistas.
O desenvolvimento do ritmo do interior permitirá pela sua transversalidade arrastar novos negócios e atrair população jovem.
O sector da educação para estudantes estrangeiros, poderá também contribuir para esse fim de se povoar e dinamizar o interior.
A emigração para o interior é também muito importante, mas é preciso criar programas de habitação para emigrantes e outras condições relevantes para os receber.

3. Novas centralidades nas grandes cidades

As zonas de atração turística estão muito concentradas e conduzem a uma imagem de saturação.
Além do alargamento para a noite do horário de funcionamento destas atrações, é fundamental criar novos polos para dispersão dos turistas pela cidade.
Há uma infinidade de soluções para este problema, mas recordo apenas duas óbvias para valorizar outras áreas da cidade – Parque temático de Diversões e um Mercado de Abril.

Nota de editor

Esta rubrica não se limita às contribuições das personalidades convidadas. Queremos também envolver todos os nossos leitores, profissionais do setor, para que partilhem as suas sugestões e ideias sobre o futuro do turismo em Portugal. Envie a sua contribuição para cmonteiro@tnews.pt e faça parte deste debate crucial para a transformação da nossa indústria.

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