Para assinalar o 4º aniversário do TNEWS, lançamos uma rubrica especial que reúne vozes do setor do turismo. Convidamos personalidades a refletirem sobre o futuro do turismo em Portugal, respondendo à seguinte questão: “Se tivesse poder sobre o país por uma hora, qual seria a decisão que tomaria para o setor do turismo?”
Por Mário Custódio, diretor geral do Domes Lake Algarve
Se tivesse o poder absoluto sobre o país por uma hora, criaria uma Certificação Regional para a Restauração, um selo de compromisso com a comunidade local, num momento em que o setor assume um papel cada vez mais relevante na experiência turística.
Esta certificação distinguiria restaurantes que adotam práticas sustentáveis, como o uso de produtores locais, a redução do desperdício, o equilíbrio entre ingredientes de base vegetal e a pesca e agricultura sustentável. Um dos pilares seria a não adoção de menus fixos, promovendo a sazonalidade e a criatividade na cozinha.
Mais do que simbólica, esta distinção incluiria benefícios concretos: redução do IVA, incentivos fiscais e apoio em campanhas de marketing, valorizando quem investe numa gastronomia consciente, enraizada na identidade local.
Em paralelo, implementaria uma taxa de serviço obrigatória na restauração, uma medida essencial para dignificar as profissões do setor. Além de garantir maior estabilidade na remuneração dos colaboradores, esta taxa traria transparência na relação com o cliente, substituindo a informalidade da gorjeta por um modelo mais justo e previsível.
Com profissionais mais motivados e valorizados, o serviço torna-se mais genuíno e profissional, beneficiando todo o ecossistema. Esta medida pode ainda ser estratégica para atrair novamente os portugueses para as carreiras na hotelaria, muitas vezes abandonadas por falta de reconhecimento.
Mudar o paradigma da restauração é essencial para elevar a qualidade do turismo e reforçar a perceção internacional da marca Portugal como um destino moderno, sustentável e justo.
Por fim, instituiria um fundo nacional, financiado pela taxa turística, para criar alojamento acessível junto aos hotéis, exclusivo para trabalhadores da hotelaria. Esta medida permitiria atrair e reter profissionais, melhorar a qualidade de vida e afirmar Portugal como um destino de excelência feito de pessoas para pessoas, onde o turismo valoriza quem o torna possível.
Nota de editor
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