Sexta-feira, Maio 16, 2025
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Se tivesse poder sobre o país, qual seria a decisão que tomaria para o turismo? Por Paulo Brehm

Para assinalar o 4º aniversário do TNEWS, lançamos uma rubrica especial que reúne vozes do setor do turismo. Convidamos personalidades a refletirem sobre o futuro do turismo em Portugal, respondendo à seguinte questão: “Se tivesse poder sobre o país por uma hora, qual seria a decisão que tomaria para o setor do turismo?”

Por Paulo Brehm, consultor de Sustentabilidade

Se tivesse poder sobre o país por uma hora, faria aquilo que, até agora, nenhum Governo português ousou verdadeiramente fazer: colocar a sustentabilidade no centro da ação governativa, com eficácia, visão de longo prazo e articulação real entre áreas.

Falo da criação de uma unidade de missão para a sustentabilidade, diretamente dependente do Primeiro-Ministro e com representantes de todos os ministérios. Uma estrutura que deixasse de tratar a sustentabilidade como um «tema» entre outros e a assumisse como pilar estruturante das políticas públicas nacionais — transversal, estratégico e integrado em todas as decisões.

Porque a sustentabilidade não é apenas ambiental. É também económica, social, cultural e territorial. E, sendo assim, não pode continuar dispersa entre tutelas, planos e intenções. Precisa de liderança central, visão integrada e capacidade executiva.

Essa unidade de missão teria como função articular políticas, alinhar objetivos e garantir coerência entre estratégias nacionais e compromissos internacionais. Promoveria também o envolvimento dos diferentes setores e da sociedade civil, incluindo os residentes — que continuam a ser, muitas vezes, esquecidos nas decisões que afetam o seu território e qualidade de vida.

Naturalmente, o setor do turismo — onde a sustentabilidade já deixou de ser opcional — beneficiaria diretamente desta abordagem articulada ao mais alto nível. Através dela, poderíamos não só avançar com a certificação do destino Portugal, como também reforçar a nossa capacidade de apresentar ao mundo uma experiência turística verdadeiramente sustentável, com base em práticas concretas e compromissos reais. É este tipo de estrutura que permitiria alinhar o país com iniciativas internacionais, promovendo uma presença qualificada em mecanismos globais de valorização da sustentabilidade.

Se ainda sobrassem uns minutos nessa hora de poder, aproveitava para lançar finalmente a ligação ferroviária direta entre Lisboa e Madrid — não apenas por mobilidade, mas porque não há sustentabilidade no turismo sem alternativas reais ao avião, que tardam!

Portugal tem talento, tem já alguma consciência, tem até vontade. Mas falta-nos articulação estratégica ao mais alto nível. E isso pode — e deve — mudar.

Nota de editor

Também queremos ouvir a sua voz! Envie sugestões e ideias sobre o futuro do turismo em Portugal para cmonteiro@tnews.pt e faça parte deste debate crucial para a transformação da nossa indústria.

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