José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group, afirmou esta quinta-feira que a semana de quatro dias de trabalho “é um desastre, um tiro nos pés”, defendendo que, depois da questão do novo aeroporto de Lisboa “é a segunda maior vergonha nacional”.
O CEO salientou, durante o 33º Congresso da Associação de Hotelaria de Portugal, que está a decorrer em Fátima, que “se for uma semana de quatro dias, em que as 40 horas de trabalho semanal puderem ser trabalhadas nesses quatro dias – o que obriga a uma flexibilização de toda a legislação laboral -, para algumas unidades, até podia fazer sentido”.
No entanto, explicou que numa indústria “que trabalha 365 dias por ano, 24 horas por dia”, e em que existe escassez de trabalhadores – 1 milhão de trabalhadores na indústria hoteleira em todo o mundo e 45 mil em Portugal – implementar este projeto piloto seria “um desastre”.
José Theotónio falou, ainda, sobre o impacto que a pandemia teve no grupo hoteleiro. “Vínhamos de 2019, que tinha sido o melhor ano de sempre, vivíamos numa euforia, e de repente surgiu a pandemia. No dia 20 de fevereiro de 2020, tínhamos aberto o 100º hotel, em Nova Iorque, nos EUA, um marco importante para o grupo”, informando que no dia 16 de março o grupo Pestana tinha fechado o primeiro hotel, “na altura ainda por falta de clientes”, mas no dia 31 de em março já tinha todos os hotéis fechados. No entanto, afirmou que os colaboradores que tinham vencimentos inferiores a 3500€ “não perderam nunca o rendimento, apesar de termos estado fechados durante tanto tempo”, salientando que o layoff simplificado e a retoma progressiva foram medidas que ajudaram o grupo.
A guerra também foi um tema abordado por José Theotónio. Apesar de ter defendido que o conflito beneficia países como Portugal e Espanha, devido à sua posição geográfica, o responsável enfatizou que “uma guerra nunca beneficia o setor do turismo. Cria um “clima de incerteza”, além de aumentar os custos “da força de trabalho”, da energia, e da cadeia alimentar.
