Dados do provedor de inteligência de viagens Mabrian mostram a correlação entre taxa de câmbio e a procura de pesquisa do mercado de origem dos EUA. Perante este cenário, a plataforma de informação de viagens questiona se este não será um presente para os hoteleiros: “Vimos de perto a relação entre a taxa de câmbio Euro/Dólar e o nível de procura de voos dos EUA para a Europa ao longo deste ano”, começa por dizer Carlos Cendra Cruz, diretor de vendas e marketing do provedor de inteligência de viagens Mabrian.
“Embora seja de esperar ver uma maior procura para a Europa à medida que os meses de verão se aproximam, podemos ver uma correlação muito clara entre o valor do euro e a procura por viagens – com períodos claros em que um aumento no custo de aquisição de um euro resulta numa queda na procura de voos para a Europa e vice-versa”, acrescenta.
Nesse sentido, Cendra Cruz insta os hotéis europeus a promoverem-se fortemente junto dos viajantes norte-americanos e defende que tanto os estabelecimentos quanto destinos turísticos em todo o mundo devem ter em consideração as taxas de câmbio ao considerar as suas estratégias de comercialização.
Não obstante, o diretor de Mabrian recomenda não depender em excesso de um só mercado: “Ninguém deve tornar-se excessivamente dependente de qualquer mercado onde uma mudança repentina nas taxas de câmbio – ou como esta pesquisa mostra mesmo uma mudança relativamente pequena – pode resultar em reduções maciças na procura.”
Olhando para o caso de Espanha, antes da pandemia, os Estados Unidos eram um dos mercados de origem mais importantes para o setor de turismo espanhol, tanto em número de visitantes (3,2 milhões em 2019) quanto em gastos (6.774 milhões de euros). Após a covid-19, Espanha foi um dos destinos mais afetados pelas restrições e o número de visitantes caiu significativamente (um milhão de visitantes em 2021), lembra Paloma Real, diretora geral da Mastercard Espanha.
“Espera-se que a paridade euro-dólar seja uma alavanca para acelerar a recuperação dos visitantes daquele país e seus gastos médios”, diz Real.
A mesma conclusão está numa pesquisa realizada no final da semana passada pelo motor de busca de voos WayAway , que revela que quase metade dos americanos pesquisados (49%) agora quer viajar para a Europa mais do que antes, como resultado da paridade entre o dólar e o euro.
Estes cidadãos apontam ainda que as áreas que mais vão beneficiar desta mudança são as compras (63%) e as refeições fora de casa (60%).
“Depois da covid-19 vimos um ressurgimento significativo de visitantes dos EUA e agora com a paridade entre o dólar e o euro é o momento perfeito para otimizar o segmento”, concorda Neville Isaac, diretor de Clientes do fornecedor de ferramentas de revenue management Beonprice. “Embora estejamos a observar preços médios extremamente altos este ano em toda a Europa (cerca de 30% acima dos níveis de 2019), agora com hotéis com paridade euro/dólar – especialmente as cidades com aeroporto internacional – têm uma grande oportunidade de aumentar o volume dos EUA no segmento alto do mercado, uma vez que as taxas de câmbio tornam esses destinos atrativos”, diz Isaac.
Para aproveitar esta oportunidade, lança uma série de recomendações aos hotéis, para que estudem os dados e considerem: De quais cidades dos EUA está a receber a procura? Com que antecedência os seus clientes dos EUA costumam reservar? Quais canais que usam para comprar? Quais produtos (tipos de quarto, tipos de tarifa, etc.) são os mais populares?
“Com essas informações, os Revenue Managers podem desenvolver campanhas de marketing e design para alcançar esses mercados”, diz Isaac.