Em julho de 2022, a rota aérea internacional mais movimentada do mundo é Cairo-Jeddah, com 325.409 assentos, segundo os dados da OAG, plataforma de dados líder para a indústria global de viagens. Logo a seguir, com 312 mil lugares, vem outra rota envolvendo a Arábia Saudita: Riade-Dubai, numa distância equivalente a Lisboa-Madrid, com 25 voos diários e 6 companhias aéreas. Em terceiro lugar, com 307 mil lugares, a rota Kuala Lumpur-Singapura, um dos voos internacionais mais curtos do mundo (equivalente a Lisboa-Faro). A única rota intercontinental surge em quarto lugar mas já abaixo da fasquia dos 300 mil lugares: Londres Heathrow-Nova Iorque JFK.
Em 5º lugar vem Moscovo Vnukovo-Antalya, seguida de Jeddah-Dubai, Dubai-Bombaím e Hong Kong-Taipei. Em 9º lugar vem a única rota europeia deste Top10 ligando Dusseldorf a Palma de Maiorca e em décimo lugar Cairo-Riade.
Para Pedro Castro, diretor da SkyExpert, empresa de consultoria especializada em transporte aéreo, aeroportos e turismoo que é surpreendente nesta estatística “é a presença tão forte do Médio Oriente numa perspetiva não-hub. Cairo, Jeddah e Riade são cidades com muito tráfego ponto-a-ponto. Estamos sempre à espera de ver Dubai algures devido à enorme frota de A380 e de frequências operadas pela Emirates e, por isso, três destas 10 rotas envolvem justamente o Dubai” afirma.
Pedro Castro alerta para o facto desta estatística da OAG considerar aeroportos e não cidades. “Se Londres incluisse Gatwick e Nova Iorque incluísse o aeroporto de Newark, certamente esta única rota intercontinental estaria mais bem cotada”, vaticina. O mercado americano, um dos que mais intensamente usa o avião, está quase ausente desta lista. Por um lado, explica Pedro Castro, isto acontece “porque é um mercado maioritariamente doméstico e esta análise envolve rotas entre dois países; por outro, os Estados Unidos têm uma densa rede de aeroportos, ou seja, existe menor concentração de operações internacionais num único aeroporto – basta ver quantos aeroportos americanos estão ligados a Cancún, por exemplo.”
Duas destas rotas são de lazer e também não envolvem nenhum “hub”: “As férias dos russos estão agora limitadas aos países para onde podem viajar e a Turquia sempre foi um destino muito popular. O que é novidade é ser à partida do aeroporto muito secundário de Vnukovo, indicando que os aeroportos internacionais de Sheremitievo e Domodiedova estão a ser preteridos neste cenário de sanções. Palma de Maiorca continua a ser o destino de férias preferido dos alemães e Dusseldorf, apesar de não ser “hub” de nenhuma companhia, abrange a região mais densamente povoada da Alemanha”. Pedro Castro nota ainda que “esta rota liga o maior mercado emissor da Europa ao maior mercado recetor do continente”.
Para Pedro Castro, o facto de muitas destas rotas serem relativamente curtas é positivo. Com a agenda climática em mente, o gestor prevê ser justamente nestas rotas que “a tecnologia poderá atuar em primeiro lugar, seja pela criação e uso de meios de transporte alternativos, seja pelas novas aeronaves que chegarão em breve ao mercado e que estarão primeiramente aptas para cobrir distâncias curtas. Assim sendo, será normal vermos uma redução cada vez maior de rotas europeias desta lista de Top10…sobram apenas aquelas que ligam o continente a ilhas”.