A European Cockpit Association (ECA), que representa 40 mil pilotos em toda a Europa, publicou a segunda edição da sua “Social Rating of Airlines”. A TAP aparece em oitavo lugar no ranking com uma pontuação de 84%, correspondendo a um aumento de 15,5% face a 2021.
Em primeiro lugar está a KLM, com uma pontuação de 97% de satisfação, ultrapassando a atual campeã Air France (94%). Os pilotos elogiaram a KLM pelas suas “excelentes condições de trabalho e pelas fortes relações laborais com o sindicato dos pilotos holandeses”. Outras companhias aéreas, que foram consideradas as melhores para trabalhar, são a Icelandair (92%), a Widerøe (91%), a Transavia (90%), a Condor Flugdienst (86%), a Austrian Airlines (84%) e a TAP (84%).
“Na minha qualidade de piloto, compreendo a importância de um tratamento justo e de boas condições de trabalho. O êxito da KLM demonstra o poder do trabalho de equipa entre a administração e os sindicatos. No entanto, a diminuição global da satisfação deste ano é preocupante e temos de nos esforçar para atingir padrões mais elevados em todo o setor”, apelou Otjan de Bruijn, presidente da ECA.
A classificação de 2024 baseia-se nas respostas de mais de 6.000 pilotos de toda a Europa, recolhidas em maio deste ano. Entre as categorias selecionadas, os pilotos optaram por fatores como o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, as condições de emprego e os acordos laborais.
Fazendo uma comparação com a edição de 2021, a associação revela um declínio na satisfação geral em muitas transportadoras. Os pilotos citam o aumento da carga horária, a inflação e as negociações laborais pós-covid como alguns dos principais fatores por detrás desta queda. Contudo, o relatório destaca que muitas companhias aéreas receberam imensos elogios, embora haja uma grande dificuldade em reter pilotos a longo prazo.
Por exemplo, a Ryanair (42%) continua a ser vista como um “trampolim” para os pilotos, embora tenha registado uma melhoria modesta, passando de Social Misfit para Social Snail. A Wizz Air enfrenta desafios semelhantes em termos de retenção, como sugerem os testemunhos dos pilotos. “Apesar de oferecer uma rápida progressão na carreira, a posição antissindical da Wizz Air valeu-lhe a classificação de Social Misfit, aponta o relatório.
Desafios para as companhias aéreas Buzz e SmartLynx
No fundo da classificação, a Buzz (23%) e a SmartLynx (20%) foram alvo de fortes críticas. A SmartLynx foi criticada pela falta de estabilidade no planeamento e pelos baixos salários, tendo os pilotos salientado que a companhia aérea recorre a agências de recrutamento fora da UE para contornar os regulamentos. A Buzz, afetada por práticas de autoemprego e pela falta de representação dos trabalhadores, também continua a debater-se com as suas relações laborais.