Segunda-feira, Novembro 17, 2025
Segunda-feira, Novembro 17, 2025

SIGA-NOS:

Teoria da mudança: o turismo começa nas pessoas

-PUB-spot_img

“O setor do turismo está em constante reinvenção. Pandemias, crises económicas, digitalização, sustentabilidade, inteligência artificial, alterações climáticas… todos estes fatores têm pressionado as organizações turísticas a repensar não apenas os seus serviços, mas também a sua identidade”

No entanto, há algo que muitas vezes fica fora dos relatórios e dos planos estratégicos: a transformação real não começa nos destinos, nos hotéis ou nas campanhas. Começa nas pessoas.

A teoria da mudança é uma ferramenta que ajuda organizações a ligar intenções a resultados – ou seja, a desenhar um caminho coerente entre o que desejam transformar e o impacto que pretendem gerar. No turismo, é um conceito cada vez mais usado em estratégias ESG – programas de sustentabilidade – e inovação social. Mas muitas vezes, essa teoria é aplicada de forma abstrata, quase como uma lista de boas intenções. Confunde-se com iniciativas isoladas: uma ação de formação, um workshop de sensibilização ou uma auditoria ambiental. São válidas, mas sozinhas, não sustentam uma mudança real.

A teoria da mudança é um conceito robusto, usado em diversas áreas para planear transformações com impacto mensurável, mas este contexto acarreta um risco real: o de torná-la técnica, racional e abstrata demais, e nenhuma mudança se sustenta sem envolvimento humano. De que adianta desenhar cenários ideais se as pessoas que os vão habitar não se reconhecem no processo?

O primeiro passo da nossa abordagem é olhar de frente. E, para isso, usamos um diagnóstico comportamental que vai além de métricas de produtividade ou clima organizacional. É uma espécie de espelho organizacional que, muitas vezes, revela o que se tentava ignorar: comportamentos repetitivos, bloqueios, padrões relacionais, falta de segurança psicológica, lideranças em burnout, entre outros. É um momento delicado e que exige coragem.

Nem sempre é fácil aceitar que o problema não está só “lá fora”, nos processos, no mercado, na concorrência, mas também dentro da organização e na forma como comunicamos, decidimos, lideramos e colaboramos.

A partir desse espelho, proponho um caminho para uma mudança sustentada: invista em si e na sua equipa, no âmbito do desenvolvimento pessoal e de forma continua. E para isso o que proponho não é um evento, é um processo feito através de programas de desenvolvimento contínuo. Um compromisso com o desenvolvimento das pessoas, ao longo do tempo, com metodologias adaptativas, acompanhamento personalizado e foco em competências humanas que sustentam qualquer cultura de mudança: autoconhecimento, empatia, escuta, gestão emocional, pensamento crítico e liderança partilhada. Não é imediato, mas é transformador.

Ao fim de algumas sessões, a mudança começa a tornar-se visível. As equipas ganham outra maturidade, as conversas mudam de tom, as lideranças tornam-se mais conscientes, as resistências dão lugar à confiança e na organização respira-se de outra forma. E, consequentemente, os resultados surgem: melhor comunicação, mais alinhamento, maior retenção de talento, menos conflitos e mais impacto. E não foi porque alguém fez magia, mas porque foram criadas condições para que as pessoas pudessem crescer e, com elas, a empresa.

Não existe mudança organizacional sem desenvolvimento humano. Esta é a tese, o convite e também a urgência do nosso tempo. Podemos continuar a desenhar mudanças de fora para dentro, aplicando modelos e frameworks com pouca alma. Ou podemos aceitar que a mudança real só acontece quando tocamos as pessoas, quando as envolvemos, quando as escutamos, quando as desenvolvemos.
Porque, no fim, mudar não é só possível, é necessário e vale a pena.

Por Susana Garrett Pinto

Fundadora e CVO by THF | @ byTHF.pt 

-PUB-spot_img

DEIXE A SUA OPINIÃO

Por favor insira o seu comentário!
Por favor, insira o seu nome aqui

-PUB-spot_img
-PUB-spot_img