Domingo, Abril 27, 2025
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Turismo Multidimensional – Reposicionar os Destinos Turísticos

Observamos no mundo diversas dinâmicas com a pandemia que teve início em 2020, que para o turismo é uma oportunidade para operacionalizar de forma coerente e complementar todos os diagnósticos feitos pelos profissionais da indústria, consultoras de renome mundial e investigação universitária. É o momento crucial para repensar toda a nossa oferta turística “top to bottom” e de que forma o Plano de Recuperação e Resiliência pós-pandemia de 16,6 mil milhões de euros, aprovado em junho pela União Europeia, pode contribuir para implementar as necessárias reformas turísticas e logísticas de Portugal e criar mais valor turístico para a marca Portugal na próxima década.

As nossas prioridades na indústria turística com a pandemia estão a mudar a uma velocidade vertiginosa tanto a nível do segmento de lazer como corporate/MICE, tendo um impacto enorme nas companhias aéreas, hotéis e “handling services”. Em contraste o mercado de luxo continua bastante resiliente face a este turbilhão económico que vimos nos últimos 18 meses, e de acordo com “statista.com” a taxa de crescimento deste segmento até 2023 poderá ser acima de 7%. Mas devemos ter sempre em consideração que o luxo é um termo demasiado pesado e não podemos afirmar que Luxo é ficar somente em unidades 5* porque existem dinâmicas sociais que demonstram que o verdadeiro e intrínseco luxo é a experiência no destino onde todos os serviços/oferta devem estar alinhados para surpreender o viajante.

Neste enquadramento, gostava de salientar duas dimensões que devemos articular na distribuição e oferta turística de luxo: Destino Turístico e Viajantes, mas tenho que enfatizar que o turismo de luxo já não é o que foi no passado e a sua oferta tornou-se elástica, mas continua a ter perspetivas de crescimento acima de qualquer segmento a nível de receita. Os destinos turísticos têm que melhorar a sua “data intelligence” de forma a criarem análises coerentes e concretas para a elaboração de “smart destinations” focados em práticas de carbono zero e com uma orgânica de serviços onde estes se articulam desde a chegada do viajante ao destino. Estas mudanças de paradigma vão criar oportunidades para as marcas internacionais de luxo investirem e continuarem a analisar o destino Portugal.

Segundo o “ Luxury Travel Intelligence 2020”, existem em Portugal somente seis marcas de Luxo : Six Senses, Belmond, Four Seasons, Anantara, The Luxury Collection and CONRAD e em 2021 vão inaugurar no Algarve o W Hotel parte da cadeia Marriott e o VICEROY. Podemos então afirmar que existe margem de crescimento de marcas internacionais de luxo em Portugal, possibilitando o destino aumentar o ARR/REVPAR e diversificar a oferta turística.

A nível do perfil do viajante de luxo, este tem vindo a alterar as suas preferências ao longo dos anos e cada nacionalidade tem a sua particularidade quanto ás suas expetativas no destino e identificar os novos requisitos pós-pandemia irá alterar toda a indústria. O novo viajante de luxo está neste momento a fazer as suas escolhas de destinos e hotéis muito além do metro quadrado da categoria do quarto. Cada vez mais existe a necessidade do foco nas experiências, personalização e explorar os destinos/locais antes que estes se tornem superlotados e isto é somente a ponta do icebergue deste novo perfil.

As novas tendências pós-pandemia no segmento de luxo devem focar-se em reinventar as ligações humanas, isto porque o turismo será sempre uma indústria de “H2H” e não existe nenhum substituto tecnológico para este elemento diferenciador. Existirá um aumento da procura para a integração do “Wellness” na estadia (saúde e bem-estar são prioridades para estes viajantes), assim como o foco em experiências sustentáveis, visando a simbiose com a natureza para a criação de uma relação emocional com o destino que estão a explorar. Não faz muito tempo que o “status quo” era somente mostrar os artigos de design exclusivo de moda, como símbolo de luxo, em contraste o atual panorama contemporâneo é focado no autêntico, experiências individualizadas e personalizadas que indicam o nível de sucesso.

Nesta era da digitalização e neste novo ecossistema que vivemos a tecnologia pode definir quem fará o “extra mile” a nível de destino e hotelaria na experiência do hóspede ou viajante, utilizando a análise de dados para fazer uma abordagem direcionada ás necessidades do viajante e ultrapassar as expetativas.

“A simplicidade é o último grau de sofisticação.” – Leonardo da Vinci

Por André Oliveira

Exerceu diversos cargos na área de vendas de grupos internacionais e nacionais, criação de projetos empreendedorismo, fundador do VOIGHT,e atualmente é diretor de vendas da Ontravel Solutions S.A, representante em Portugal do maior Tour Operador do UK: Jet2Holidays & Jet2.com. É licenciado em Marketing Turístico pela Universidade do Algarve, Pós-Graduação em Direcção Hoteleira (EHTA) e especializações em Harvard, London Business School e Wharton em gestão estratégica e “corporate finance”.

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