A Associação de Operadores Turísticos de Incoming da Ucrânia (AITO) esteve recentemente em Portugal para participar na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). Este foi o terceiro ano consecutivo que o país participou no evento a convite da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT).
Olena Kazmina, Vice-Presidente da AITO, falou com o TNews sobre os objetivos do turismo da Ucrânia. Apesar do conflito em curso, a Ucrânia permanece firme nos seus esforços para atrair visitantes com o fim da guerra.
“O nosso principal objetivo é converter todo o apoio que recebemos da Europa e de Portugal, em particular, em futuras viagens. O mundo inteiro conhece a Ucrânia e o nosso povo heróico, por isso convidamos toda a gente a ver o nosso belo país e os ucranianos resilientes com os seus próprios olhos”, afirmou Olena, quando questionada sobre os principais objetivos da sua presença na feira.
A responsável teve a oportunidade de falar com os operadores turísticos e viajantes portugueses, na tentativa de mostrar a Ucrânia “como um ótimo destino de viagem e não apenas como um país em guerra” e, assim, manter o país “no centro das atenções e convidar a explorar o destino após a vitória”.
A Ucrânia participa ativamente em eventos turísticos importantes em todo o mundo, incluindo a WTM em Londres e a ITB em Berlim. A adesão à Associação Europeia de Agentes de Viagens e Operadores Turísticos (ECTAA), em 2023, facilitou a colaboração com outras associações nacionais, incluindo a APAVT, ampliando a presença da Ucrânia em feiras internacionais.
Durante a BTL, a Ucrânia apresentou a campanha promocional “Visite a Ucrânia após a Vitória”. A ideia principal é propor aos portugueses que “planeiem as suas futuras viagens à Ucrânia quando tal for possível por razões de segurança”. Durante a feira, foram apresentados vídeos e materiais informativos sobre as “cidades históricas e a natureza encantadora das regiões montanhosas da Carpatia”.
Por sua vez, a AITO procurou passar a mensagem que, apesar do conflito, a infraestrutura turística do país não está totalmente afetada. “A Ucrânia é o maior país da Europa e não está totalmente arruinada, todas as infra-estruturas turísticas estão a funcionar e os comboios chegam 95% a tempo, mesmo agora”, exemplificou.
Reconhecendo os desafios impostos pelo conflito, a Ucrânia concentra-se em manter visibilidade na indústria de viagens. Olena destacou a importância do turismo para impulsionar a recuperação do país e enfatizou a solidariedade com a Ucrânia através de planos de viagem no futuro. “A nossa estratégia consiste em fazer com que a Ucrânia permaneça nos mapas das empresas de viagens e na mente dos turistas até à vitória. Acreditamos firmemente neste objetivo. Cada 100 euros que serão gastos em futuras viagens à Ucrânia contribuirão para a recuperação do país e para o relançamento da atividade turística”.
Apesar das viagens de lazer terem deixado de existir no país, as empresas de turismo na Ucrânia atendem a diversas necessidades, incluindo alojamento e transporte, para visitantes como delegações oficiais, membros de ONGs, jornalistas e voluntários.
“Houve 2,45 milhões de travessias da fronteira ucraniana por estrangeiros em 2023. Parte destas entradas foi feita por pessoas locais que vivem principalmente perto da fronteira (1,07 milhões de visitas da Moldávia, 409 mil da Roménia). Outra parte significativa é constituída por visitas de delegações oficiais e membros de ONG, imprensa e jornalistas, bem como pela chegada de um grande número de voluntários. Todos eles necessitam igualmente de serviços de viagem e as empresas de turismo prestam esses serviços de acordo com as suas necessidades em termos de alojamento, transporte, serviços de tradução, etc”, revelou a responsável da AITO.
Embora o turismo interno tenha também parado com a guerra, Olena Kazmina sublinhou que “ninguém pode viver durante muito tempo sem descanso e descontração”. “Esperamos que o turismo interno exista, embora também seja limitado. Como o território do país é realmente grande, 603,7 mil quilómetros quadrados, há zonas relativamente mais seguras onde as crianças e as famílias vêm passar férias. Para os eventos empresariais, existem novas normas, incluindo medidas de segurança especiais, que são agora habituais, como salas em níveis subterrâneos ou abrigos. A consolidação entre todas as partes interessadas do sector do turismo, tanto no país como com parceiros internacionais, é cada vez mais importante”.
Olena Kazmina expressou otimismo sobre as perspectivas de turismo da Ucrânia pós-guerra, citando preparativos para programas de recuperação e a resiliência da infraestrutura do país. A AITO antecipa um aumento no turismo assim que a segurança for garantida. “Estamos apenas à espera do momento em que seja seguro e em que o céu esteja aberto”, afirmou.
Antes do conflito, a Ucrânia recebia milhares de visitantes portugueses anualmente. Kazmina acredita que, com esforços concentrados, esses números podem ser superados na era pós-guerra, citando a resiliência do setor de turismo da Ucrânia. “Antes da guerra, a Ucrânia recebia 12-20 mil visitantes de Portugal todos os anos (19602 em 2017). Se, mesmo em 2023, tivemos 5 608 visitas de portugueses, isso promete que o número de turistas após a guerra poderá não só ser atingido novamente, mas também significativamente ultrapassado”, concluiu.