Estar a bordo e fazer férias num navio de cruzeiros vivendo em múltiplos destinos ou simplesmente ficar a bordo poderá ser, sobretudo para os turistas mais receosos, umas férias menos apetecíveis, contudo as companhias de cruzeiros estão a navegar com apertados Protocolos de Segurança internacionais que envolvem não só entidades responsáveis, como a CDC (Disease Control and Prevention), a CLIA (Cruise Lines International Association) e, com as autoridades de saúde de cada país, nomeadamente as várias Autoridades Portuárias locais.
A Segurança Sanitária dos hóspedes e seus tripulantes, mais que nunca, assume papel de maior relevância e está acima de qualquer interesse mais comercial das companhias de cruzeiros.
Um navio que tenha um hóspede ou um tripulante doente, para além das preocupações sobre a saúde de todos a bordo, pode determinar a paragem desse navio, afetando milhares e milhares de hóspedes obrigando à paragem desse navio durante semanas a fio. Tudo isto implicaria muitos milhões de euros ou dólares perdidos e, numa visão mais macro, afeta todo o mercado dos cruzeiros e do turismo de forma geral.
Fazer um cruzeiro pela primeira vez, é já por si uma decisão que remete para um misto de emoções e vivencias sobre o imaginário de cada um, nomeadamente os transatlânticos, os dias de mar, chegar aos portos e descer para conhecer novos lugares ou rever com outras perspetivas”, o glamour, a descontração, os jantares mais formais ou ainda e tomar uma bebida, enquanto se espera por um espetáculo ao cair da noite.
No “pós pandemia”, entrar a bordo, implica cumprir um conjunto de regras de segurança e procedimentos que, aos nossos dias, se tornaram normais.
A entrada num país estrangeiro implica fazer previamente o Passenger Locater Form/Card, dependendo do país, que pode ter mais ou menos complexidade, mas não é assim tão difícil. As regras poderão mudar de acordo com o evoluir da pandemia, no país de destino e/ou de origem.
O check-in para entrada a bordo atualmente é todo feito previamente e de forma digital no caso da Princess Cruises através APP Medallion (que está muito melhorada face aos últimos embarques que tive na Princess).
No Terminal de Cruzeiros, em Southampton, onde embarquei no Regal Princess* foi apresentado o Certificado de Vacinação completa (feita a última dose até 14 dias do embarque), juntamente com o resultado do teste COVID rápido de antigénio, feito no local e passados alguns minutos recebe-se indicação de subir a bordo. Levamos já o Medallion, um pequeno equipamento que se pode colocar com uma “fita ao pescoço” ou numa bracelete como se fosse um relógio. Este dispositivo contém toda a informação sobre o hóspede e está interligado com a APP Medallion no telemóvel. É um facilitador da viagem e que interage com o navio. Em suma o procedimento de entrada a bordo foi muito simples e rápido.
Esta APP é uma enciclopédia virtual sobre o navio onde tudo se pode marcar e fazer a bordo, permitindo uma costumização das férias mesmo antes de estarmos a bordo, como seja, agendar espetáculos, planear o setup do camarote, pagamentos, etc. e, já a bordo, permite-nos, entre outras facilidades, pedir uma bebida ou máscaras de proteção COVID (gratuitas até 4 por dia) e entregam exatamente no local onde estivermos – na piscina ou num bar, através da geolocalização desse pequeno aparelho.
Em todo o navio, nas áreas comuns, encontramos ecrãs táteis de grandes dimensões que nos auxiliam com toda a informação a bordo e nas deslocações.
O Medallion Net tem dos Wi-Fi mais rápidos que já experimentámos no mar, permitindo partilhar os melhores momentos do cruzeiro com o exterior, comunicar com a família, ou ainda trabalhar à distância, uma nova realidade que os nómadas digitais bem conhecem.
O Regal Princess tinha cerca de 70% dos camarotes ocupados e em conversa com o Comandante do navio, foi dito que tinham quase 150 camarotes livres, em dois decks para qualquer eventualidade sanitária. O Comandante referiu ainda que não havia casos de hóspedes em quarentena.
A vida a bordo desenvolve-se praticamente com toda a normalidade de um qualquer cruzeiro do pré pandemia
No navio, os restaurantes apresentam uma higienização dos espaços perfeita. Os cuidados que são tidos são ainda mais notórios que que quando entrarmos num bom restaurante ao fim de semana perto das nossas casas.
No buffet, somos servidos com a mesma qualidade e na quantidade de desejamos.
A opção de refeições no camarote é uma outra facilidade que podemos usufruir, nomeadamente ao pequeno-almoço. Claro que se tivermos um camarote com varanda, tem um encanto especial e não tem custos adicionais ao pequeno-almoço.
É muito recomendável a inclusão do pacote VIP Princess, o que permite manter a acesso à internet 24h, e até, com facilidade, desligar de um equipamento para outro (i.e., de telefone para pc e inverso), de ter um leque de bebidas incluídas, até um “vinho do Porto 20 anos” está incluído, e ainda de ter as Taxas de Serviço – incluídas, possibilitando viajar mais descansado, e com os custos controlados.
Excelentes espetáculos quer no teatro principal quer em auditórios mais pequenos, sempre com músicos de nível mundial.
A Princess tem no seu conceito de cruzeiro a realização de várias palestras temáticas durante os seus itinerários e assim foi desta vez, tivemos peritos a falarem da Evolução do Turismo de Cruzeiros, de música e de gastronomia, três temas muito interessantes.
Os restaurantes têm “dois turnos + um” ou seja, o primeiro e segundo turno e um turno livre, para permitir a quem quiser jantar quando lhe apetecer. Há ainda uma outra possibilidade é deslocar-se ao buffet que apresenta variadas opções gastronómicas. Nos restaurantes standard incluídos no preço base do cruzeiro encontramos refeições de alta qualidade, e nos restaurantes de Especialidades apreciamos refeições temáticas mais elaboradas, como foi o caso do Crown Grill com um custo suplementar entre 20 e 30 usd já com bebidas incluídas, é uma experiência a repetir. Este restaurante foi nomeado um dos “Melhores Steakhouse do Mar” pelo USA TODAY, ou o Sabatini´s, provavelmente o melhor restaurante de comida italiana que já degustámos a bordo.
Quase a cada esquina encontramos um português a trabalhar bordo, sobretudo na área de F&B, restauração com cargo de responsabilidade, como foi o caso do Chefe de Restaurante José Sequeira, com 18 anos a bordo, um amigo de Portimão que tudo fez para que a nossa experiência ainda fosse melhor.
Por exemplo ao pedirmos alguns “petiscos diferentes” e que não estavam no menu, prontamente o José providenciou, juntamente com o Executive Cheff Giovan , que nos visitou à mesa.
Conhecemos ainda o famoso restaurante Chef’s Table Lumière, como curiosidade o valor de montar esse espaço rondou os 10 milhões de usd, segundo José Sequeira.
As visitas nos portos de escala foram possíveis sem serem realizadas em bolha, o que aconteceu em Espanha e deu uma maior liberdade de opções sobre o que fazer em terra.
A oportunidade que a Mundomar Cruzeiros*, por convite de José Hermoso e da GlobalSea CruiseXperts proporcionaram, foi uma experiência muito importante pois permitiu conhecer todo o esforço que a Princess está a fazer no sentido de voltarmos à normalidade, de conhecer os Protocolos de Prevenção e Segurança a bordo, o processo de embarque e desembarque e a nova vida a bordo.
*Viajou no final de novembro de 2021
Por Fernando Santos, CruiseXpert que se tem dedicado à comunicação escrita e televisiva, assim como na formação profissional sobre turismo de cruzeiros e na gestão da agência de viagens GlobalSea focada no turismo de cruzeiros para o cliente final e para as agências de viagens.
