Quinta-feira, Março 20, 2025
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Vila Galé apresenta novo hotel em Elvas, mas critica entraves à recuperação do património

Na cerimónia de apresentação do Vila Galé Casas d’Elvas Historic Hotel, que teve lugar no passado sábado, 22 de fevereiro, em Elvas, o presidente do Grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, não poupou críticas às dificuldades enfrentadas pelas empresas privadas que se dedicam à recuperação do património. “Nós gostamos de fazer coisas e ninguém nos tira o privilégio de chegar a todos estes espaços, pegar neles e transformá-los”, começou por dizer.

Em particular, o empresário abordou o caso do novo hotel de Elvas, que foi construído a partir de edifícios históricos. Com um investimento de 6 milhões de euros, o Vila Galé Casas d’Elvas, que conta com 44 quartos, piscina panorâmica, restaurante/bar e salão de eventos, enfrenta questões levantadas pelo Património Cultural, o que atrasou a inauguração do hotel. A obra foi autorizada pela Câmara Municipal de Elvas, mas o Património Cultural embargou o projeto devido à construção de uma piscina numa área onde antes existia uma antiga fábrica. Este embaraço levou a que, em vez de uma inauguração, a cerimónia de apresentação tivesse sido realizada, sem uma data definida para a abertura.

Críticas à falta de apoio à recuperação do património

Jorge Rebelo de Almeida enfatizou que a recuperação do património histórico em Portugal deveria ser um desígnio nacional, especialmente no que diz respeito ao turismo e ao desenvolvimento económico. “O país precisa de projetos de recuperação do património histórico que sejam viáveis do ponto de vista económico, que paguem o investimento e a conservação dos edifícios”, afirmou. Para o empresário, a criação de hotéis diferenciados e inovadores, como o Vila Galé Casas d’Elvas, é uma necessidade para atrair turistas que procuram experiências autênticas, em vez de se hospedarem em hotéis indiferenciados.

No entanto, Rebelo de Almeida lamentou que, em vez de ser reconhecido e “medalhado” por recuperar patrimónios históricos, o grupo tem sido alvo de difamações, referindo episódios semelhantes em Ponte de Lima e Tomar, onde o grupo foi acusado de danificar patrimónios históricos que, segundo o empresário, estavam a cair em ruínas. “Em Elvas disseram que estávamos a destruir a muralha. Em Ponte de Lima disseram que destruímos o castelo. Em Tomar disseram que destruímos o convento. Tomar não tinha praticamente nada, e hoje, se não tivéssemos feito aquele hotel, ele teria desaparecido”, disse, sublinhando que a recuperação feita pelo grupo não só preserva o património, mas revitaliza os espaços e atrai turismo.

Investimentos no Interior e desafios com a burocracia

Jorge Rebelo de Almeida também criticou as dificuldades burocráticas enfrentadas pelos investidores em Portugal, particularmente no interior do país, onde o grupo tem feito vários projetos, como o Vila Galé Collection Elvas e Vila Galé Collection Alter Real. O empresário questionou a lentidão dos processos e a complexidade das exigências. “Nós temos um país cheio de patrimónios históricos para recuperar. Se não tivermos investidores, o património vai ser abandonado”, afirmou.

Rebelo de Almeida destacou ainda que a falta de agilidade nas autorizações e a crescente burocracia dificultam o desenvolvimento de projetos no interior, como é o caso de Miranda do Douro, onde o grupo tem um projeto em andamento. “Em vez de facilitarem, complicam. Um projeto ou é bom ou é mau. Se não interessa, deve ser rejeitado, mas se interessa, deve ser aprovado rapidamente”, defendeu.

O presidente do grupo Vila Galé revelou também que o presidente da Câmara Municipal de Elvas não compareceu à apresentação devido a pressões políticas. Rebelo de Almeida revelou que o autarca foi ameaçado de perder o mandato caso não embargasse a parte nova da obra. O empresário lamentou a falta de apoio, especialmente em projetos que trazem benefícios claros para o desenvolvimento económico e o turismo em regiões mais desfavorecidas. “Fomos o único concorrente a pegar numa coisa enxovalhada, em Elvas, e transformá-la. E em vez de sermos elogiados, fomos difamados”, declarou.

Jorge Rebelo de Almeida garantiu ainda que o projeto para Ponte de Lima vai avançar, com a abertura do hotel prevista para o 25 de abril. “Em 7 ou 8 meses, construímos uma adega nova de raiz e já estamos a produzir o vinho”, afirmou. “O hotel vai abrir a 25 de abril, pode não abrir o Castelo, que depende da tutela, mas o que é certo é que vai abrir.” O Vila Galé Collection Ponte de Lima Vineyards Historic Country Resort Hotel, Conference & Spa, que resulta de um investimento de 20 milhões de euros, terá 69 quartos, piscinas exteriores para adultos e crianças, salão de eventos, bar, dois restaurantes, biblioteca e um espaço museológico dedicado à história do local, além de adega e vinhas.

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