Pedro Colaço, CEO da GuestCentric, fez um balanço positivo de 2024, com algumas regiões portuguesas a ganharem um maior destaque face a Lisboa. Na mira dos viajantes estiveram destinos como Madeira, que, nos meses de janeiro a novembro, cresceu 29% face ao mesmo período de 2023, Açores (+23%) e Região Norte (+13%).
O responsável falava no quinto Open Day de Natal da empresa, que decorreu na passada quinta-feira, dia 5, no escritório da GuestCentric em Lisboa.
Com base nos dados, Pedro Colaço concluiu que 2024 foi um “ano bom”, mas “muito assimétrico” a nível de regiões. A seguir da Região Norte, seguem-se Porto, que registou um crescimento de 12% face a 2023, Alentejo (+10%), Algarve (+8%), Centro (+5%) e Lisboa (+2%).
“Há aqui uma grande assimetria do que está a acontecer no país, mas isto, por um lado, é bom, porque o país está a tornar-se num destino muito mais interessante, ou seja, o país começa a ter vários destinos em crescimento, trazendo mais oportunidades para os investidores.”
Estes dados são provenientes de cerca de 400 hotéis da GuestCentric em todo o país. Tratam-se de dados anónimos e partilhados com a intenção de revelar as principais tendências sobre o desempenho de 2023 e 2024 e as expectativas para 2025.
A nível das receitas, no mês de novembro, o Norte registou um aumento “impressionante” de 53%, o Porto de 35% e a região Centro de 37% face ao mesmo mês do ano anterior.
Os dados mostram que 2024 consolidou o canal direto como a escolha preferida dos consumidores, num ano em que se verificaram mudanças significativas no mercado. A sua quota de mercado aumentou de 45 para 46%. Por sua vez, a quota de mercado da Booking.com diminuiu 3 pontos percentuais para 33%, enquanto a quota de mercado do GDS e dos operadores turísticos aumentou.
Segundo Pedro Colaço, este desempenho reflete um consumidor “mais experiente”, que procura vantagens como “tarifas exclusivas”, “confiança na marca do hotel” e uma “experiência personalizada”.
“Na realidade, o que isto significa é que o consumidor final está a pesquisar mais, com janeiro a ser um mês essencial para as reservas. No entanto, temos níveis de procura muito elevados até agosto, havendo muitas reservas nos primeiros oito meses do ano, algo que não acontecia anteriormente. Isto significa que a temporada das reservas e das estadias está misturada.”
De acordo com os dados da GuestCentric, janeiro continua a ser um mês crucial para a procura, com julho a tornar-se o mês com mais reservas de 2024, impulsionado por planos de última hora. Isto significa que os consumidores estão a esperar até mais tarde para reservar as suas estadias.
Os cancelamentos nas OTA também aumentaram significativamente para 38%, três vezes mais do que nas reservas diretas. Para Pedro Colaço, estes dados mostram que os consumidores deixaram de comprar “a qualquer preço”, voltando a pensar em fatores como a flexibilidade e o valor.
Expectativas para 2025 com base nos dados de janeiro a junho
Os dados apontam que, em 2025, os websites continuam a ser o motor do crescimento direto, com um aumento “impressionante” de 38%. Segue-se o telemóvel, com um crescimento de 44% nas receitas, e os Boosters (+17%), que substituem desafios na recuperação de carrinhos de compras, que registou uma quebra de 2%, possivelmente devido a “ofertas inadequadas”.
Se nada mudar, Pedro Colaço julga que, 2025, trará um crescimento de 7% nas receitas face a 2024, com as dormidas a manterem-se estáveis.
Relativamente aos mercados, prevê-se uma diminuição dos visitantes provenientes dos EUA, Reino Unido, Alemanha e França, de 58% em 2024 para 50% em 2025. Haverá ainda um aumento significativo de viajantes do Brasil (65%), +3% face a 2024, bem como um aumento dos viajantes portugueses e espanhóis (10%), mais 2% face a 2024.
No próximo ano, a procura na época alta ultrapassará a de 2024, com uma maior procura no mês de abril devido à Páscoa tardia. Assim, os três primeiros meses de 2025 registarão pouca procura.
“Depois, olhando para janeiro, onde já temos muitos dados, verificamos um aumento de 29% nas reservas face a 2024. Curiosamente, este aumento não é justificado pelo preço, pois este ano o mesmo situou-se nos 150 euros e, no próximo ano, está nos 147 euros. Olhando para isto, penso que 2025 será um ano de oportunidades, mas também de muitos desafios.”
De janeiro a junho de 2025, a cidade do Porto foi a que registou maior crescimento (+69%). Seguem-se o Norte (+38%), Açores (+21%), Alentejo (+12%), Lisboa (+10%), Centro (+6%) e Algarve (+1%). Por sua vez, a Madeira registou uma quebra de 6% face ao mesmo período de 2024. Já a região Norte, além do crescimento expressivo, apresenta poucas reservas.
No que diz respeito aos canais de reserva, a Booking está à frente com 38%, não tendo sofrido qualquer aumento ou quebra face a 2024. Seguem-se o canal direto (33%), a Expedia (15%), o GDS (9%) e os operadores turísticos (5%).
Divididos por tipologias, os hotéis citadinos apresentam mais 8% de receitas em 2025, mais ou menos, em linha com o país. Existe uma pequena descida no ADR, com o direto e o GDS a consolidarem-se como principais canais de reserva. O Brasil é, neste momento, o mercado número três das cidades de Lisboa e Porto.
Na praia, o cenário é “completamente oposto”, com uma quebra de 16% nas reservas face a este ano. Neste caso, o ADR subiu 6% e o mercado alemão aumentou de 12 para 16%.
O campo, por sua vez, é o segmento que mais está a crescer, com um aumento de 44% face a 2024. O preço médio também cresceu, mas muito “à base da ocupação”. Os diretos caíram de 61 para 49%, devido também à Booking e aos operadores.
Nas ilhas, os mercado americano está a aumentar e o alemão a cair, com receitas 7% superiores às de 2024 e um aumento expressivo do ADR em 13%.