“A ausência de recursos é quiçá o nosso maior problema”, disse Fernando Garrido, presidente da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP), na abertura do 19º congresso da associação, que este ano acolhe o Encontro Internacional de Diretores de Hotéis.
“Continuamos a deparar-nos com uma escassez de recursos que põe em causa a operacionalização das unidades que dirigimos e que este ano será menos compreendida pelo nosso cliente, face ao ano transato”, afirmou Fernando Garrido, na sessão de abertura do congresso, que decorre no NAU Salgados Palace, em Albufeira, entre os dias 30 e 31 de março, e que este ano recebe cerca de 670 congressistas, o maior número de participantes de sempre.
Este problema que a hotelaria e o turismo vivem deve-se a “diversas razões”, de acordo com o responsável, nomeadamente com as remunerações “desajustadas”. “Não podemos continuar a remunerar profissionais com base em categorias profissionais inexistentes“, frisou Fernando Garrido, destacando a necessidade de tornar as profissões do setor mais atrativas, “dignificando os profissionais e as profissões que exercem”, e continuando a apostar na formação.
Durante o 19º Congresso da ADHP, vão ser abordados temas como a sustentabilidade social; e a gestão na incerteza, tema que serve de mote ao congresso, “associada à mudança de forma de agir do cliente final e também ao completo descontrolo dos custos associados à inflação e à guerra no leste europeu“, explicou o presidente. Serão ainda abordados temas como a cibersegurança; a formação, onde serão abordadas as novas tendências de talento na hospitalidade; e a importância dos dados para cenários provisionais, “um tema fulcral para maximizar as receitas das unidades que dirigimos”.
“Paralelamente, teremos sessões no dia 31 de março, na Sala de Inovação, organizadas pela Portugal Ventures. Na noite de 30, teremos ainda os Xénios, os únicos prémios que reconhecem e premeiam os profissionais do setor”, acrescentou Fernando Garrido.
O presidente relembrou que a ADHP comemora 50 anos este ano, um “marco histórico na vida de qualquer organização”. “Tivemos a honra de ver reconhecido este momento com um alto patrocínio da Presidência da República, o que demonstra a importância e a responsabilidade que temos na defesa dos diretores de hotel, princípio que está na génese do nascimento da ADHP”, concluiu o responsável.
Falando sobre o tema do congresso “Gerir na Incerteza. Rethink the Future”, Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, frisou que “gerir um hotel é muito exigente”. “Desde logo, tendo em conta o desafio da gestão dos custos de contexto; a falta de mão-de-obra; a digitalização; a sustentabilidade; e a pressão de oferecer aos clientes experiências cada vez mais especialidades, com um serviço de excelência“, acrescentou o responsável.
O tema do congresso “faz todo o sentido”, de acordo com o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes. “Estamos perante um setor que muda de modelos de gestão, de canais de distribuição, de mercados emissores, acrescenta destinos novos, está em constante mudança e sujeito a fatores externos, mas os últimos anos foram um período de mudanças bíblicas”, relembrou João Fernandes.