É mais um capítulo na já longa história do novo aeroporto para a região de Lisboa. E é também um curto capítulo. A solução avançada pelo Ministro das Infraestruturas, na passada quarta-feira, foi travada pelo primeiro-ministro em menos de 24 horas, sem consequências políticas.
Perante este cenário, difícil de compreender para a opinião pública, as justificações chegaram ao longo desta quinta-feira, primeiro de Pedro Nuno Santos, a assumir que foram cometidos “erros de comunicação” com o Governo nas decisões que envolveram o futuro aeroporto da região de Lisboa, mas a garantir que se mantinha nas funções, quando na imprensa já se falava da sua demissão.
“Esta é uma falha relevante, que assumo, mas que, obviamente, não mancha aquele que é o trabalho já longo em conjunto com o senhor primeiro-ministro, ainda antes de sermos Governo”, vincou o ministro, numa curta declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, no Ministério das Infraestruturas, em Lisboa.
O ministro das Infraestruturas admitiu que se tratou de “um momento infeliz”, mas sublinhou a relação institucional e de amizade que mantém com António Costa, que não será “manchada” por esta situação.
Já depois de Pedro Nuno Santos assumir as culpas, foi a vez do primeiro-ministro confirmar que foi “cometido um erro grave” sobre o novo aeroporto por parte do ministro das Infraestruturas.
Questionado sobre qual foi o erro grave cometido pelo ministro das Infraestruturas, António Costa respondeu: “Tendo sido definido pelo Governo que o principal partido da oposição seria ouvido sobre o novo aeroporto, ninguém toma uma decisão a dois dias de entrar em funções o novo líder do PSD [Luís Montenegro]. Agora é preciso acalmar tudo”, considerou o líder do executivo.
Já sobre as razões que o levou a manter o ministro das Infraestruturas dentro do executivo, António Costa disse que conhece há muitos anos Pedro Nuno Santos, referiu que trabalha com ele já há quase sete anos e que este “compreendeu o erro que cometeu e teve humildade de o assumir”.
“Tivemos uma conversa muito franca, para mim bastante esclarecedora”.
“Houve um erro grave, o ministro já o assumiu, teve a oportunidade de falar comigo, está corrigido o erro e agora é seguir em frente”, sustentou.
Depois das explicações de ministro e primeiro-ministro, o incompreensível permaneceu incompreensível, pelo menos para a opinião pública.
Marcelo exige consenso e responsabiliza Costa por escolha “mais ou menos feliz” da sua equipa
Na reação a estes acontecimentos, o Presidente da República pediu consenso quanto à solução aeroportuária para a região de Lisboa e responsabilizou António Costa, pela escolha “mais feliz ou menos feliz” da sua equipa governativo”.
“Revogado o despacho, como é que será o futuro?”, questionou Marcelo Rebelo de Sousa, defendendo em seguida que há “três condições” que têm de ser preenchidas: tem de ser “uma decisão relativamente rápida”, tem de ser “uma matéria consensual” e depois “clara e consistente, para que se possa acreditar nela”.
Numa alusão à continuidade em funções do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, depois deste episódio, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “é o primeiro-ministro que deve, em cada momento, olhando para o passado e para o presente, ver se são aqueles que estão em melhores condições para terem êxito nos seus objetivos”.