As perspetivas dos hotéis a nível nacional para 2025 são “positivas”, com 56% dos hoteleiros a projetar receitas “melhores” ou “muito melhores” que em 2024. Com base nestas previsões, a AHP antevê um crescimento moderado em 2025, afirmando que “estamos alinhados” com o previsto.
Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), apresentou à imprensa esta quarta-feira, dia 26, os resultados do inquérito “Balanço 2024 & Perspetivas 2025”. O inquérito a 328 empreendimentos turísticos decorreu de 2 a 31 de janeiro.
“Há, neste momento, uma maturidade dentro do nosso setor. Na generalidade, o preço médio por quarto (ARR) vai ser melhor em 2025 em todos os trimestres. Relativamente às receitas globais, 56% dos inquiridos antecipa receitas melhores ou muitos melhores este ano”, começou por dizer Cristina Siza Vieira, salientando que os hoteleiros da Península de Setúbal, dos Açores e da Grande Lisboa são os que esperam terminar o ano com melhores receitas face a 2024.
Quanto à taxa de ocupação, os hoteleiros preveem um desempenho “igual” ao de 2024, com 48% dos inquiridos do Algarve a antecipar um melhor desempenho. Já no preço médio por quarto (ARR) existe um consenso transversal entre as várias regiões de que este deverá aumentar. Em linha com esta tendência, muitos hotéis esperam crescer em termos de receitas, nomeadamente na Península de Setúbal (78%), Açores e Grande Lisboa (63%), Norte (54%) e Oeste e Vale do Tejo (53%). Esta previsão de “crescimento em valor” verifica-se já no primeiro trimestre, que em 2025 exclui o pico da Páscoa, ao contrário do ano passado.
Portugal mantém-se no cabaz dos 3 principais mercados emissores para 83% dos inquiridos. Espanha, com maior expressão nas NUTS Norte, Centro e Alentejo, foi apontada por 54% dos associados da AHP.
O Reino Unido (39%) continua a ser determinante para o Algarve e Madeira, enquanto os Estados Unidos (34%) reforçam a sua importância em Lisboa, Açores e Alentejo. O Brasil (32%) evidencia sinais de recuperação, sobretudo em Lisboa e no Centro do país. Outros mercados em ascensão incluem a Irlanda, a Polónia e o Canadá.
Questionados sobre os principais desafios para 2025, os inquiridos destacaram a concorrência de outros destinos internacionais (68%), o aumento generalizado dos custos (52%), a instabilidade geopolítica (52%) e a escassez de mão-de-obra qualificada (49%).
AHP propõe “grande campanha” para aumentar estadia média
Presente na conferência, Bernardo Trindade, presidente da AHP, defendeu que, face à ausência de resposta em termos de slots no Aeroporto de Lisboa, o caminho a seguir é a criação de uma “grande campanha em torno do aumento da estadia média”.
“Parece-nos que esta é claramente uma resposta face a um mercado que procura a nossa principal infraestrutura aeroportuária – mas também há outros dossiers importantes.”
Para Bernardo Trindade, o tema da abertura do capital da TAP é também central no processo de desenvolvimento turístico no país. “É essencial assegurarmos a sua vocação estratégica para Portugal e que, desse ponto de vista, o caderno de encargos tenha presente essas preocupações.”
Sobre o acordo para a imigração, Bernardo Trindade lembrou que este setor empresarial “depende muito de mão-de-obra”, salientando que este tema tem de ser avançado “de forma mais célere e determinada”. Ainda sobre esta questão, o responsável garantiu que a associação “está disponível para dar formação a imigrantes”.