Os resultados da iniciativa “Roteiros do Investimento do Alentejo e Ribatejo” foram apresentados pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo esta quarta-feira, dia 20, no Sana Hotel Marquês. O projeto identifica oportunidades de investimento turístico em 12 imóveis públicos em seis municípios: Alpiarça, Coruche e Santarém, na região do Ribatejo, e Campo Maior, Avis e Portalegre, no Alto Alentejo.
A ação contou com a presença dos presidentes dos municípios envolvidos, do Turismo de Portugal e da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, bem como de vários grupos de investimentos nacionais com vista a divulgar as oportunidades de edifícios e terrenos para potenciais unidades turísticas. A apresentação dos resultados ficou a cargo de Gonçalo Rebelo de Almeida, fundador da RA Consulting e responsável pelo desenvolvimento do estudo.
Crescimento turístico no Alentejo e Ribatejo
Durante a abertura da sessão, José Manuel dos Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, começou por referir que se tratam de seis municípios com “taxas de crescimento mais modestas” e que “já tiveram contacto com algumas boas oportunidades de investimento, com imóveis identificados, mas que não conseguiram concretizar-se”. Desta forma, os Roteiros do Investimento apresentam-se como “um braço técnico e de consultoria que, através da Entidade Regional de Turismo, procuramos dar aos municípios”.
“Penso que toda a gente sabe que o Alentejo é o município com maior potencial de crescimento em Portugal”, sublinhou José Manuel dos Santos. “Não é por acaso que, nestes últimos dez anos, foi a região que teve a taxa de crescimento médio anual maior na procura e na oferta no alojamento turístico”.
Na última década, a região alentejana cresceu “8,7% ao ano na oferta e 11,7% na procura”, de acordo com o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo. “No ano passado tivemos um ADR de 111 euros e estamos até agosto com 124 [euros] no Alentejo, já relativamente próximo de Lisboa e do Algarve, e acima da Madeira”. Nos primeiros oito meses do ano, a região cresceu 8% no RevPAR e 12% no ADR.
Para José Manuel dos Santos, o crescimento turístico no Alentejo está relacionado com “a qualificação da oferta, a qualidade dos projetos turísticos e a capacidade que a região tem de atrair segmentos de procura muito interessantes”, existindo “um potencial enorme para crescer em zonas que estão menos saturadas, mas que são muito procuradas”.
Já o Ribatejo é ainda “um destino um bocadinho jovem”. Ainda assim, em 2023, esta região registou um crescimento de 15% nas dormidas, “mais do que a média da NUT”, de acordo com o responsável. “Há uma oportunidade de diversificação do mercado da Grande Lisboa para Santarém e, com novas propostas de valor na hotelaria, essa diversificação pode ser mais consequente”, concluiu.
Roteiros do Investimento: objetivo e metodologia
De acordo com Gonçalo Rebelo de Almeida, os “Roteiros do Investimento do Alentejo e Ribatejo” nasceram, em primeiro lugar, do “crescimento sustentado da procura por estas regiões”. Por outro lado, estão a surgir “novos segmentos de procura turística [que] potenciam muito o desenvolvimento destas regiões”, como é o caso do turismo sustentável, gastronómico e de natureza. “Não podemos deixar de referir que a pressão nas atuais zonas turísticas mais consolidadas geram sempre potencial de crescimento noutras regiões”, acrescentou.
Além disto, existem “tendências interessantes que justificam muitos destes investimentos”, apontou o consultor. “Nos últimos dez anos apareceram três novos mercados que têm tido o potencial para viajar e circular pelo país: o mercado brasileiro, o mercado americano e o mercado canadiense”.
Neste sentido, o objetivo da iniciativa passou por, “dentro do espectro de produtos turísticos que podem ser interessantes, ter um leque alargado de opções para diferentes marcas, diferentes tipos de investidores” e “para todos os valores”. De concelho a concelho, o roteiro detalha as características, os principais pontos de atração e a oferta hoteleira de cada município.
“Todos estes municípios têm vindo a fazer um trabalho muito interessante do ponto de vista de preparar os condimentos todos para se desenvolverem como destino turístico”, frisou o fundador da RA Consulting.
Durante a apresentação dos resultados, Rebelo de Almeida começou por destacar cinco segmentos com potencial turístico que são comuns aos municípios analisados: natureza; cultura e património; turismo de bem estar e desporto; turismo gastronómico; e eventos.
Nas visitas aos concelhos, foi identificado um conjunto de indicadores positivos, incluindo “bons espaços públicos, desenvolvimento das infraestruturas, espaços ajardinados, limpezas, infraestruturas culturais, museus, a preocupação da recuperação do património histórico, e uma visão turística do ponto de vista do desenvolvimento de eventos regionais assentes nos valores e na cultura local”. Sobre este último ponto, o consultor acrescentou que as atividades de animação cultural são vantajosas, visto que, “por um lado, servem as populações locais e os residentes e, por outro, têm uma capacidade de atração turística”.
Oportunidades de investimento em seis municípios do Alentejo e Ribatejo
Na região do Alto Alentejo, o município de Portalegre conta com duas oportunidades turísticas identificadas no âmbito do estudo. A primeira é o Convento de S. Francisco, que tem potencial para ser transformado numa unidade hoteleira com 60 quartos, um bar, um restaurante, salas de reunião, ginásio, piscinas exteriores, spa com piscina interior, e estacionamento com lugares para carros elétricos, de acordo com o programa para o desenvolvimento do projeto apresentado.
Outra oportunidade de investimento hoteleiro é o Sanatório de Portalegre, que poderia oferecer 80 quartos e 160 camas, um bar, um restaurante, salas de reunião, ginásio, piscinas exteriores, spa, jardins com áreas de solário e estacionamento com lugares para carros elétricos.
No concelho de Campo Maior, o estudo identificou três oportunidades de investimento. O edifício da Escola Primária Bairro Novo poderia ser convertido numa pequena unidade hoteleira com 16 quartos distribuídos pelos dois edifícios simétricos, bem como outras comodidades como bar/restaurante, ginásio e piscinas exteriores.
Já a Escola Básica S. João Batista tem potencial para oferecer 28 quartos, um bar no lobby, um restaurante para serviço de pequenos-almoços e refeições ligeiras, e uma pequena piscina exterior. A terceira oportunidade em Campo Maior é o antigo parque de campismo, que poderia dispor de 40 unidades de habitação, a par de outras comodidades como bar/restaurante, ginásio, piscinas exteriores, mini spa e campos de jogo.
No município de Avis, o edifício da Avenida da Liberdade surge como uma oportunidade de investimento hoteleiro, com potencial para 40 quartos, um bar, um restaurante, ginásio e piscinas exteriores.
Por sua vez, na região do Alto Alentejo, os Roteiros do Investimento avaliaram que, em Santarém, os edifícios adjacentes ao Convento de S. Francisco poderiam ser transformados num hotel com 50 quartos e 100 camas, onde existe um potencial significativo para o segmento de eventos, segundo o estudo. O espaço poderia acolher três salas de reunião, a par do salão do convento, que poderia funcionar como sala de eventos.
Ainda em Santarém, o antigo Presídio Militar poderia ser convertido numa unidade hoteleira com capacidade para cerca de 100 quartos e 200 camas, onde poderiam ser construídas piscinas exteriores e um campo de jogos e atividades. O estudo identificou também um terreno a destacar para nova construção no centro de Santarém, que albergaria cerca de 112 quartos e 224 camas, com potencial para uma componente corporativa.
Quanto ao município de Alpiarça, foi referida a concessão de terreno para construção de um eco-hotel com 40 unidades de habitação, como, por exemplo, de glamping. Outra oportunidade de investimento é a concessão da área do parque de campismo, também para glamping, com potencial para 20 unidades, ginásio ao ar livre e piscina exterior.
Já o antigo edifício IVV, que atualmente é propriedade do Estado, poderia dar lugar a um hotel temático de vinho com cerca de 108 unidades de habitação, de acordo com Rebelo d’Almeida.
Por fim, o estudo avaliou no município de Coruche uma oportunidade de investimento turístico num terreno situado num plateau com vista para a cidade e o rio. Esta unidade hoteleira poderia dispor de 75 quartos e 150 camas, juntamente com piscinas, salas de jogos e um spa com sala de tratamentos. Atualmente, o terreno é propriedade do município e encontra-se à venda.
Parabéns pelo levantamento das oportunides de investimento e desenvolvimento destas Zonas
O avanço do País é fundamental, e passa pela preservação e valorização do património edificado e a criação de empregos .