A rede de agências de viagens Bestravel registou no primeiro trimestre de 2022 uma quebra de 2% de produção face ao mesmo período de 2019, algo que é visto, pelo administrador da rede, Carlos Baptista, “como um sinal do trabalho que fizemos ao longo da pandemia e uma luz de esperança para o ano de 2022”.
Numa conferência de imprensa, à margem da XXVII convenção da Bestravel que decorre até este domingo, dia 10, na Figueira da Foz, Carlos Baptista explicou que a rede definiu como objetivo chegar já este este ano aos níveis de 2019 – ano que é visto como “o barómetro de referência”. “Acreditávamos, pelo trabalho feito pela marca e pelo trabalho enquanto agentes de viagens, que iríamos ganhar quota de mercado no espectro global de consumo do turismo, e, nós, enquanto Bestravel ainda, poderíamos ganhar um pouco mais por aquilo que foi o trabalho contínuo que fizemos ao longo do tempo”, afirma.
Este cenário foi, no entanto, traçado antes da guerra na Ucrânia, o que leva a ter um discurso mais cauteloso: “É um fator que traz mais algum nível de estabilidade, quer ao nível da segurança das pessoas, porque há uma franja de mercado que é logo afetada por isso, quer ao nível da instabilidade económica e social que cria, pelo aumento das taxas de inflação e taxas de juro, o que faz com que as pessoas venham a ter eventualmente algumas dúvidas face ao consumo ou a loucura de consumo em períodos pós-traumáticos [de que é exemplo a pandemia]”, justifica o responsável.
Carlos Baptista afirma que, para já, não é isso que se está a verificar e acredita que, “se não houvesse guerra, poderíamos estar com números substancialmente superiores” . “Pelos níveis de poupança que aconteceram durante a pandemia, acreditamos que não vai haver um efeito imediato, pelo menos naquilo que é o nível de consumo”.
“Não sei se vamos atingir os números de 2019, vivemos num mundo muito dinâmico, a economia e o consumidor são sensíveis a choques que possam acontecer, o que temos à data de hoje dá-nos a ilusão que podemos atingir os valores de 2019 e estamos a trabalhar para isso”, conclui.
Quanto aos destinos mais vendidos em 2021, Portugal Continental, Madeira e Açores mantiveram-se no top, seguido das Maldivas e algumas operações charters que voltaram a estabilizar, nomeadamente a República Dominicana, Baleares e Cabo Verde.
Este ano, as Maldivas, que poderiam aparentar ser apenas uma moda da pandemia, estão no número um de preferências da rede. “Isso mostra também aquilo que é o posicionamento da marca Bestravel num segmento médio alto, que é um nicho de mercado que também estamos a adquirir, além da operação charter e mass market”, justifica o administrador.
No top das preferências, e com um nível de produção interessante, mantêm-se Portugal, Cabo Verde, República Dominicana, Baleares, a que acresce o México, a Tunísia e, depois, alguns destinos do segmento médio alto como as Maurícias e o Dubai. De notar ainda os destinos Cuba, Egito e Senegal, estes dois últimos eram destinos que não existiam com operação no mercado português e, ao serem lançados este ano, tiveram reação do mercado. “Não estão no top, mas aparecem no espectro mais alargado de destinos”, constata.
Aumento de combustíveis
Questionado sobre que impacto o aumento de combustíveis poderá ter no aumento de preços e, consequentemente, no consumo, Carlos Batista não prevê que seja “um fator de inibição ou de cancelamento massivo”.
“Preferíamos que não houvesse atualizações [preços]. Se não acontecer, melhor, o que acreditamos é que, este ano, o cliente que quer viajar vai aceitar, desde que seja dentro de algo razoável. Esperamos que os agentes económicos e, neste caso, as companhias aéreas que implementaram a subida de taxas por conta do aumento de preços, havendo a reposição de preços, também reponham as taxas e que haja uma normalização do mercado nesse aspeto”.
A convenção da Bestravel decorre na Figueira da Foz, entre 7 e 10 de abril, contando com a presença de 180 agentes de viagens da rede e fornecedores.