O mercado imobiliário de Cascais tem vindo a registar um crescimento notável nos últimos anos, com um aumento significativo no número de compradores estrangeiros. Além da elevada qualidade de vida e da oferta educativa de excelência, os expatriados são atraídos por “este sentimento único que Cascais nos proporciona, fazendo-nos sentir constantemente de férias”, afirma Bernardo Corrêa de Barros, presidente do Turismo de Cascais.
Durante uma entrevista concedida ao TNews, João Cília, CEO da rede de agências imobiliárias Porta da Frente Christie’s, revelou que o mercado imobiliário cascalense tem evoluído de diversas formas, destacando-se o crescimento tanto em transações quanto nos preços dos imóveis.
O responsável destacou que mais de 50% das transações realizadas pela Porta da Frente Christie’s envolvem clientes estrangeiros, com um número crescente de compradores vindos de várias nacionalidades. Embora os brasileiros e franceses tenham sido tradicionalmente os principais compradores, João Cília observou que os americanos estão a mostrar um interesse crescente na região, motivados pelo “clima agradável e pela sensação de segurança e tranquilidade que Cascais oferece, em comparação com os Estados Unidos”. A maioria dos americanos inicialmente visita Cascais como turistas, mas acabam por se estabelecer na cidade após experienciar a qualidade de vida que a cidade proporciona.
As transações médias de imóveis em Cascais rondam os 1,5 a 2 milhões de euros, e os preços elevados são, em parte, atribuídos à escassa oferta na região. “A expansão imobiliária na área é limitada devido à escassez de espaço disponível e ao lento processo de construção”.
Quando questionado sobre os principais atrativos de Cascais para estrangeiros, Cília enfatizou a proximidade do mar, o clima ameno que se estende por seis meses, a segurança e tranquilidade que Portugal oferece em comparação com outros destinos europeus e americanos, além do custo de vida mais acessível. O CEO mencionou que os estrangeiros desfrutam de um sistema de saúde gratuito, seguros de saúde mais económicos e serviços de restaurante e hotelaria a preços mais baixos do que a maioria dos países europeus. Esses fatores combinados “tornam Cascais um destino altamente atrativo para americanos e europeus”.
Quanto à expansão da infraestrutura para acomodar o aumento da população e a crescente procura por propriedades, Cília observou uma tendência crescente de os clientes optarem por áreas fora do centro de Cascais, como Birre e a Aldeia do Juzo, devido à escassez de espaço disponível no centro. O Estoril também tem sido uma zona de procura, oferecendo maior tranquilidade do que Cascais. Além disso, o responsável destacou a preocupação da Câmara de Cascais em garantir infraestruturas adequadas, como restaurantes e serviços, para atender às necessidades da crescente comunidade estrangeira. No entanto, expressou um desejo geral por processos de aprovação mais ágeis e menos burocráticos, um desafio compartilhado por agentes imobiliários em todo o país.
Por fim, ao discutir as perspetivas para o mercado imobiliário de Cascais nos próximos anos, Cília expressou confiança na resiliência do mercado, especialmente no segmento de imóveis de alto valor, que é menos dependente de crédito. O CEO previu um crescimento contínuo, embora possivelmente a um ritmo mais moderado em comparação com os “anos excepcionais de 2021 e 2022”. Embora antecipe uma possível moderação no crescimento dos preços devido ao aumento das taxas de juro e ao encarecimento do crédito, a perspetiva é de que o mercado mantenha um crescimento contínuo e equilibrado.
Expatriados constituem 20% da população de Cascais
À medida que Cascais continua a atrair uma população diversificada de estrangeiros, com mais de 100 nacionalidades a residir na região, o presidente do Turismo de Cascais, Bernardo Corrêa de Barros, destaca o impacto significativo que os expatriados têm na comunidade, constituindo já 20% da população local.
Bernardo Corrêa de Barros enfatiza que vários fatores tornam Cascais um destino tão atrativo para estrangeiros. O presidente observa que muitos vêm à procura da “qualidade de vida excepcional” que a região oferece, seguindo o lema de Cascais: “o melhor sítio para viver, um dia, uma semana ou a vida inteira. Vêm à procura, exatamente, deste sentimento que temos de estarmos constantemente de férias”, acrescenta. Além disso, de acordo com o responsável, Cascais oferece “educação de altíssima qualidade”, com mais de 18 escolas internacionais e diversas universidades, tornando-a um local ideal para famílias estrangeiras que procuram uma educação de excelência para os seus filhos. A segurança é outro fator primordial que atrai estrangeiros, com uma crescente procura por parte do mercado brasileiro e americano.
O presidente do Turismo de Cascais também destaca as externalidades positivas que a região oferece, como espaços verdes, uma política de sustentabilidade crescente e uma abordagem às “smart cities” que facilita a vida dos cidadãos.
No entanto, Corrêa de Barros reconhece desafios importantes associados a este crescimento. “Temos de conseguir integrar esta comunidade que agora chega. Temos de integrá-los na sociedade como um todo, de forma a potenciar o melhor que têm para oferecer”, frisa. O presidente sublinha ainda que os estrangeiros que escolhem a cidade como seu novo lar são “altamente qualificados e trazem consigo valiosos conhecimentos e recursos, inclusive negócios já estabelecidos nos seus países de origem”. De acordo com o responsável, o desafio central reside em capitalizar esta massa crítica para o benefício de Cascais, incentivando a transferência de negócios para a região, a criação de mais oportunidades de emprego e o impulso do desenvolvimento local.
Além disso, no âmbito educacional, indica que a retenção dos filhos dos estrangeiros que estudam em Cascais é fundamental para o crescimento sustentado da cidade, uma vez que territórios que conseguem captar e desenvolver talento tendem a crescer de forma mais significativa.