Luís Rodrigues, CEO e presidente do Conselho de Administração da TAP, considerou esta sexta-feira, dia 27, que a companhia aérea tem de estar preparada para operar com ou sem privatização e alertou que o mercado pode mudar radicalmente e não haver condições para a venda.
O executivo falava na VII Cimeira do Turismo Portugal, organizada pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), sob o tema “Turismo é Valor”.
“Nós temos de estar preparados para viver com ou sem privatização. Ela pode não acontecer por alguma razão, o mercado amanhã pode mudar radicalmente e pode não haver condições para o fazer e a companhia tem de se aguentar”, disse à margem de um debate sobre os desafios da aviação.
“O caminho que estamos a fazer é de dizer ao acionista que a privatização é um tema vosso, nós estamos cá para ajudar, confiamos no trabalho que estão a fazer e nós internamente dizemos às pessoas: vamos esquecer que este tema existe”, explicou o responsável.
Luís Rodrigues realçou ainda que o caminho é construir uma operação mais ágil, mais leve do ponto de vista administrativo, mais resiliente e mais capaz de se adaptar ao sinal dos tempos, trabalhando em conjunto com todo o ecossistema da aviação.
“Se ficarmos parados à espera que aconteça e ver quem vem aí e o que vai dizer, quando alguém chegar vê: ‘esta malta está toda parada, não me serve de nada’”, sublinhou.
O Estado detém a totalidade do capital da companhia aérea de bandeira portuguesa, depois de ter aumentado a sua participação quando a TAP entrou em dificuldades devido ao impacto da pandemia de covid-19.
O processo de reprivatização arrancou em setembro passado, quando o anterior governo socialista aprovou as condições da venda, mas ficou em suspenso após a demissão do primeiro-ministro, António Costa, e a convocação de eleições antecipadas para 10 de março, que deu a vitória à Aliança Democrática (PSD/CDS-PP e PPM).
No Programa de Governo, entregue na Assembleia da República, o executivo de Luís Montenegro comprometeu-se a “lançar o processo de privatização do capital social da TAP”, sem avançar mais detalhes.
Os três grandes grupos de aviação europeus – Air France-KLM, o grupo hispano-britânico IAG e a alemã Lufthansa – manifestaram interesse na privatização.