Recentemente, a palavra Bitcoin está um pouco por todo o lado, tendo até sido uma das grandes bandeiras de Donald Trump na sua jornada nas eleições presidenciais americanas. Estas moedas digitais já não são apenas um tema de nicho; estão a transformar setores inteiros, e o turismo não é exceção. Mas, antes de mergulharmos no impacto desta revolução digital, vamos começar pelo básico: o que são criptoativos?
De forma simples, são moedas digitais que só existem na internet. Usam tecnologia avançada, o blockchain, para garantir que as transações sejam seguras, rápidas e transparentes. Ativos como o Bitcoin e o Ethereum não são controlados por bancos centrais, permitindo pagamentos diretos entre utilizadores, sem intermediários.
Agora que sabemos o que são, a pergunta é: como podem estas tecnologias mudar o setor turístico?
Impacto no Turismo
Pense nos ativos digitais como o MB WAY das viagens internacionais: rápidos, práticos e cada vez mais populares. Para os turistas, evitam dores de cabeça como taxas de câmbio, longos tempos de processamento bancário ou até a necessidade de transportar grandes quantidades de dinheiro. Além disso, são uma opção atrativa para viajantes de países com restrições cambiais, permitindo transações rápidas e eficientes.
Por exemplo, imagine um turista brasileiro que quer reservar um alojamento local em São Miguel. Ele pode pagar diretamente, sem ter de converter reais para euros ou lidar com as habituais taxas bancárias. É simples, direto e seguro. Se este mesmo turista quisesse pagar por experiências locais, como um passeio de barco às lagoas ou um jantar temático de marisco, poderia usar a mesma carteira digital, facilitando todo o processo.
Portugal e a Revolução Digital
O mercado global de blockchain no turismo deverá atingir 10 mil milhões de dólares até 2026, segundo a Allied Market Research.
No entanto, a adoção destes ativos digitais não é apenas uma previsão para o futuro. Já é uma realidade em empresas como a Norwegian Airlines, que permite a compra de bilhetes com Bitcoin, e a plataforma Travala, que oferece opções de reserva de hotéis e experiências pagas com moedas digitais.
No caso de Portugal, além da Madeira, onde negócios turísticos já aceitam pagamentos digitais, outras regiões começam a explorar esta tendência. Por exemplo, o restaurante Típico do Douro, em Peso da Régua, já permite aos clientes pagar as suas refeições com Ethereum, enquanto um operador de atividades turísticas nos Açores integra pagamentos digitais nas suas reservas online.
Imagine um turista poder pagar um jantar de marisco na Nazaré ou uma experiência vínica no Douro com um simples clique na sua carteira digital. Além de prático, coloca Portugal no mapa como um destino inovador.
Como as Empresas Podem Começar
Para os empresários ligados ao turismo, os criptoativos representam uma oportunidade de ouro. Além de atrair novos públicos, especialmente nómadas digitais e millennials, que são mais propensos a usar estas tecnologias, a aceitação de pagamentos digitais pode reduzir os custos associados aos intermediários financeiros. Por exemplo, ao aceitar stablecoins como USDT ou USDC, os empresários podem minimizar riscos de volatilidade, garantindo pagamentos em valores fixos.
Hotéis e agências de turismo que integram estas tecnologias destacam-se como inovadores e modernos, criando um diferencial no mercado. Além disso, os pagamentos instantâneos ajudam no fluxo de caixa, o que é particularmente vantajoso para pequenas empresas.
Para os negócios turísticos, integrar estas tecnologias pode parecer complexo, mas é mais fácil do que parece. Aqui estão algumas formas práticas de começar:
- Parcerias com plataformas de pagamento digital:
Utilize ferramentas como Coinbase Commerce ou BitPay para aceitar transações digitais. Estas plataformas são fáceis de configurar e garantem segurança. - Campanhas direcionadas para utilizadores de ativos digitais:
Crie promoções específicas para captar a atenção de viajantes que já utilizam estas tecnologias. Por exemplo, ofereça descontos para quem pagar com Bitcoin. - Experimentar com stablecoins:
Para reduzir a volatilidade, comece por aceitar moedas estáveis, como o USDT, que têm o valor fixo ao dólar ou euro. - Formação da equipa:
Ensine os seus colaboradores sobre como funcionam os pagamentos digitais, garantindo que possam ajudar os clientes com dúvidas.
O Futuro do Turismo é Digital
A verdade é que o mundo não pode parar. Podemos não aceitar a forma como este avança e até negar a forma como está a se desenvolver, mas o mundo nunca irá deixar de evoluir. Estas moedas são vistas como uma plataforma revolucionária, mas, em poucos anos, a sua utilização será cada vez mais fácil. Ainda acarreta muitos perigos, como a volatilidade e segurança, mas são arestas que estão a ser cada vez mais melhoradas, e a sua adoção parece inevitável.
O que importa é acompanhar o desenvolvimento e adaptar a sua marca sem causar problemas para si e para os seus clientes.
Adotar criptomoedas no turismo é como investir numa nova rota aérea: requer planeamento, mas as recompensas podem ser enormes. Empresas que tomarem a iniciativa agora estarão prontas para um mercado em crescimento, oferecendo aos clientes mais liberdade e inovação.
Portugal já mostrou que sabe receber. Agora, é altura de mostrar que também sabe inovar.
Boas reservas e bons negócios, seja com euros ou com Bitcoin!
Por Miguel Estorninho
Cofundador da Agência Digital Natives e Mestre em Marketing e Comunicação.