A possível evolução dos preços das viagens em 2022 foi um dos temas do painel da convenção da GEA intitulado “Mudanças e tendências no produto e comportamento da distribuição pós-covid na ótica dos fornecedores”, no qual participaram Nuno Mateus, diretor geral da Solférias, Duarte Correia, managing director da NewBlue e da W2M, Nuno Aleixo, diretor geral da Nortravel, e Eduardo Cabrita, diretor geral da MSC Cruzeiros Portugal. A resposta nem sempre é óbvia dependendo do produto.
”O que prevejo para 2022 é que haja uma normalização de preços nos charters para níveis de 2019 ”, aponta Nuno Mateus. O mesmo não sucede na operação regular, defende o responsável da Solférias e explica porquê. “Outra coisa são os voos regulares, que são bem mais complexos. Hoje em dia há menos voos, a tendência da tarifa média das companhias regulares é de aumentar”. Apesar disso, Nuno Mateus afirma que o operador tenta “minimizar” esta questão de duas formas. Por um lado, através da concessão de allotments nas companhias e, por outro, através da utilização de tecnologia. Quando [os agentes] pesquisam no nosso site, atrás está uma tecnologia que procura preços mais baratos. No entanto, sabemos que a dinâmica aumentou nas companhias: há lugares muito baratos e muito caros”.
Para Nuno Mateus a grande dúvida está “no fuel”. “Ninguém sabe como serão os preços do fuel em 2022”. Contudo, o responsável deixa a garantia: “Nunca se recordarão de ver, nas últimas semanas, preços com quedas significativas [nos pacotes da Solférias], porque isso é o descrédito total do que defendemos. Queremos vender com antecedência. Se queremos credibilizar a venda com antecedência temos de defender esses passageiros. Quem compra mais cedo tem o melhor preço.”
Além do fuel, Nuno Aleixo acrescenta outro fator: o preço da energia. “Estamos a notar isso na contratação de 2022 na Europa”, afirma o responsável da Nortravel. “Temos cidades que já arrancaram com o turismo e estão outra vez a um ritmo pré-pandemia. Estamos a notar que, os aumentos que nos estão a fazer em 2022 acumulam os aumentos de 2020 e 2021”, refere. “Antevejo que, sobretudo nos destinos de maior procura, vão aumentar preço, até pela procura massiva. Nos destinos que ainda não arrancaram, acredito que vamos manter uma política de preços atrativos, porque têm de se reposicionar novamente junto do consumidor”, estima o responsável. Nuno Aleixo deu o exemplo de cidades em Espanha com aumentos de 15% a 20% relativamente a 2020/2021.
Na MSC Cruzeiros a política foi avançar com a retoma da operação, mas com “um preço ajustado ao mercado, ou seja, um preço mais baixo”, refere Eduardo Cabrita. Passados quase dois anos, “o preço médio ainda está abaixo do que seria 2019”, constata. No entanto, “a tendência de 2022 será uma subida progressiva até podermos chegar ao preço médio de 2019”, assente numa estratégia de revenue management, de forma a perceber se “o preço médio poderá subir, estabilizar ou descer”. “A ideia que nos apraz é que que será mantido como está até ao final do inverno de 2021. Depois, a partir de fevereiro e março, poderemos ter, progressivamente e com muita cautela, um preço com uma pequena subida”.
Por sua vez, Duarte Correia defende que o operador NewBlue, cuja estreia no mercado aconteceu este ano, apostou numa política de “equilíbrio de preços, não fugindo aos preços praticados no mercado, mas dando alternativas ao cliente e ao agente de viagens, com mais-valias, nomeadamente, a qualidade de serviço nos voos, a gratificação de serviços, além dos agentes serem ressarcidos de comissões nos destinos”.
“Em termos de preços não incutimos desequilíbrios no mercado. Para o futuro a nossa proposta de valor é exatamente a mesma: dar um produto diferenciado aos nossos clientes, que são os agentes de viagens, para poderem passar aos clientes finais, e continuar a insistir que, se venderem serviços na origem, isso será comissionável”.
A 17ª convenção da GEA decorreu entre 26 e 28 de novembro, em Fátima.