Quinta-feira, Janeiro 23, 2025
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Empresas de Eventos, Animação Turística e Congressos reúnem-se em Tomar para debater a “liberdade” no setor

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O 12.º Congresso da APECATE (Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos) está a decorrer no Cineteatro Paraíso, em Tomar, com o tema “Liberdade e Cidadania, 50 anos depois do 25 de Abril”. O evento, que se estende até esta terça-feira, dia 26, reúne especialistas e profissionais para discutir os desafios do setor do turismo e os seus impactos na sociedade, com uma série de debates e conferências sobre temas atuais e futuros do setor.

Entre os tópicos abordados estão temas como “50 anos depois: Liberdade e Cidadania”, “Ordenamento: desafios no espaço natural”, “Como a Inteligência Artificial pode ser aplicada na indústria de eventos e animação turística”, “Fiscalidade: IVA nacional e internacional”, “Desafios da mobilidade e ordenamento no turismo” e “Lobby: sinergias e contextos”. Além disso, o congresso inclui a entrega dos Prémios APECATE, que distinguem personalidades e instituições de destaque no setor.

A sessão de abertura contou com as intervenções de várias figuras do setor, incluindo Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo, Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Anabela Freitas, vice-presidente da Turismo Centro de Portugal, Filipa Fernandes, vice-presidente da Câmara Municipal de Tomar, e António Marques Vidal, presidente da APECATE. A cerimónia de encerramento ficará a cargo de Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal.

Anabela Freitas, vice-presidente da Turismo Centro de Portugal, sublinhou o papel fundamental das empresas no crescimento turístico da região. “O Centro de Portugal apresenta números excecionais nos principais indicadores da atividade turística, que não seriam alcançados se não fosse o trabalho de todas as empresas do setor do turismo. Estão de parabéns as empresas, porque estão a trabalhar bem, e também as populações, porque o dinheiro gerado pelo turismo fica nos territórios”, afirmou.

A também vice-presidente da Turismo Centro de Portugal lançou ainda dois desafios aos participantes do congresso: aumentar, de forma sustentável, o número de empresas Turismo 360º com gestão ESG na região e potenciar o turismo de natureza e ecoturismo ao longo de todo o ano. “O Centro de Portugal tem mais de 1300 ativos naturais. Temos de conseguir conciliar a proteção dos recursos naturais com a atividade económica, que deve ser permitida durante todo o ano e não apenas em alguns períodos”, sublinhou.

António Marques Vidal, presidente da APECATE, reconheceu os avanços do setor nos últimos anos, mas alertou para questões estruturais ainda a resolver, como a burocracia excessiva que persiste. “No setor dos congressos, dos eventos e da animação turística, sentimos que este país continua a funcionar de uma maneira desarticulada. Muitas vezes temos de pedir a mesma autorização a três entidades diferentes, o que não faz sentido, é desperdiçar energias”, criticou.

O presidente da APECATE também destacou a importância de uma maior participação das associações empresariais nas decisões públicas, enfatizando que muitas vezes o conhecimento está fora do Estado, nas empresas. “É urgente exigir que as associações empresariais tenham assento em todos os processos. É preciso acabar com a cultura de que as entidades do Estado só se consultam a si mesmas, até porque a evolução, o saber e o conhecer está muitas vezes mais fora do Estado do que dentro. A APECATE está pronta para isso, para trabalhar, pensar e procurar soluções”, afirmou.

António Marques Vidal, presidente da APECATE

António Marques Vidal também apontou a necessidade de uma revisão da taxa do IVA para o setor dos eventos. “Precisamos de uma taxa de IVA equiparada ao desporto e à cultura, que é de 6%, para promover o investimento e garantir a sustentabilidade das empresas do setor”, defendeu.

Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo, destacou o momento positivo que o setor do turismo vive em Portugal, com resultados recordes. “Portugal vive um momento extraordinário no Turismo. Portugal posiciona-se hoje diretamente em 25 mercados internacionais, com 22 produtos turísticos, e espera no final deste ano mais de 27.000 milhões de euros de receitas, muito acima daquilo que era expectável. Este momento deve-se muito às empresas e aos empresários, mas também à consistência e à previsibilidade que a política pública tem tido nas últimas décadas nesta área. Há poucos setores que tenham esta consistência e solidez na estratégia nacional”, elogiou.

O governante também desmontou quatro mitos frequentemente associados ao setor. O primeiro, sobre o alegado predomínio de salários baixos, foi refutado com dados concretos: “Entre 2017 e 2023, a economia portuguesa cresceu entre 2 e 2,5%; no mesmo período, os salários do alojamento e da restauração cresceram entre 5 e 5,3%. É este caminho que queremos prosseguir.”

Pedro Machado também desafiou a ideia de que o turismo em excesso prejudica algumas regiões. “Quando se fala em turismo a mais, está a referir-se aos dois ou três focos em que há essa pressão, que queremos aliviar. O Centro de Portugal, o Alentejo, os Açores e outras regiões, têm uma estadia média global de menos de 50%”, exemplificou.

Outro mito refutado foi o impacto da entrada de migrantes no mercado de trabalho, defendendo que, devido à falta de mão de obra no setor, o recrutamento de trabalhadores fora de Portugal é essencial para a estabilidade da segurança social. “Portugal não tem recursos humanos suficientes para responder ao aumento da procura e, por isso, precisa de encontrar soluções fora de Portugal. São migrantes que contribuem para a estabilidade da segurança social”, explicou.

Por fim, o Secretário de Estado abordou a questão da habitação, descartando a relação direta entre o crescimento do turismo e o déficit habitacional. “Não há qualquer relação direta entre o crescimento da procura turística e o défice de habitação em Portugal”, concluiu.

Pedro Machado também respondeu aos desafios colocados pela APECATE em relação à regulamentação do setor. “Estamos a conseguir atrair grandes eventos internacionais para Portugal, mas falta fazer algum trabalho de casa. E é esse trabalho que estamos a fazer com a APECATE. Precisamos de criar este Decreto-Lei e percebo o enquadramento do desafio da APECATE. Precisamos de trabalhar este tema também com a APAVT e com a ASAE, porque há transversalidade na ação, mas fica aqui este compromisso: a vossa ambição é a nossa ambição”, finalizou.

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