A recuperação de um ligação aérea direta e regular com Portugal é um dos objetivos que o Turismo da Tunísia estabeleceu para 2023, de acordo com Leila Tekaia, diretora do Turismo da Tunísia para a Península Ibérica.
“Estamos a trabalhar para termos um voo regular, que é muito importante. A única oferta que existe entre Portugal e a Tunísia são operações charter, que funcionam muito bem e estão a crescer, mas são só no verão”, explicou a responsável durante a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que decorreu na capital portuguesa entre 1 e 5 de março.
Atualmente, para um português viajar até à Tunísia é preciso “fazer muitas acrobacias”, lamentou Tekaia, explicando que a ligação entre Portugal e Djerba geralmente é feita via Paris. Destinos como Monastir e Djerba, na Tunísia, são novamente apostas dos operadores turísticos para as férias dos portugueses este ano, mas saíram da programação da TAP em 2023. Silvia Mosquera, CCO da TAP, disse em entrevista ao TNews que a companhia aérea decidiu “suspender as rotas para Monastir e Djerba”, que foram inauguradas durante a pandemia, e “procurar outros destinos com melhor performance”.
“Estamos a trabalhar para termos um voo direto semanal, a partir de outubro, com a Nouvelair, uma companhia aérea privada tunisina”, frisou Leila Tekaia. “Estávamos à espera que a Tunisar conseguisse fazer um acordo de codeshare com a TAP, ou com a AirEuropa, para levar os passageiros até Madrid mas não houve essa dinâmica”, acrescentou.
“O português é muito fiel à Tunísia e é um bom consumidor de hotelaria e de serviços”
O destino mais procurado pelos portugueses na Tunísia é a ilha de Djerba, segundo Leila Tekaia. “Foi um bom destino durante a pandemia, porque estava bem protegido pelo facto de ser uma ilha e, desde essa altura, tem continuado a crescer. Os operadores portugueses foram muito inteligentes e ocuparam aquele espaço, quando outros mercados estavam com restrições relacionadas com a covid-19. A nível estratégico, estamos a pensar no futuro porque a maioria dos mercados emissores estão a regressar e o mercado português é menor, comparativamente com outros mercados, como o alemão, britânico e francês, por isso temos de pensar no futuro”.
Como esta visão em mente, o Turismo da Tunísia está a investir na promoção do continente, e está a promover as cidades de Monastir, Port El Kantaoui, Sousse, Mahdia e Hammamet. Brevemente vai inaugurar uma unidade hoteleira da Hilton em Monastir, com uma oferta virada para o lazer. “Sabendo que o português é um consumidor de hotelaria, pode chamar a atenção”, notou.
O comportamento do mercado português em 2022 “foi ótimo”
A média de recuperação europeia, em comparação com 2019, esteve na ordem dos 70/72% mas o mercado português atingiu os 96% de recuperação. “É superior à média dos outros países europeus, que são os nossos principais provedores”, salientou a responsável. França, Alemanha e Reino Unidos são os principais mercados emissores para a Tunísia.
“A Península Ibérica é muito interessante para nós, no geral, porque o cliente português procura hotelaria e dá vida aos hotéis, e o cliente espanhol dá vida aos circuitos. No entanto, o número de portugueses que visitam a Tunísia é superior”, destacou. No ano passado, o país recebeu 18 mil espanhóis e 28 mil portugueses. Este número é “impressionante”, segundo Leila Tekaia, relembrando que os voos charter que ligam Portugal à Tunísia operam apenas entre os meses de abril a outubro e que, “apesar de não haver voos charter desde Espanha”, o país tem voos diretos para a Tunísia durante todo o ano.
Com a introdução de um voo direto entre Portugal e a Tunísia, a perspectiva é que o número de portugueses cresça ainda mais no futuro.
Novidades para 2023: Rotas Culinárias
O turismo da Tunísia lançou, este ano, o projeto “Rotas Culinárias”. Uma rota que oferecerá aos turistas a oportunidade de descobrir o país através dos seus produtos-estrela – queijo, vinho, harissa, azeitonas, tâmaras e polvo – convidando-os a explorar uma herança culinária ancestral que combina imersão e experiência gastronómica.
As regiões selecionadas para esta iniciativa são o Noroeste (Beja), o Cabo Bom (Nabeul-Hammamet), o Centro e Dahar (Kairouan, Sfax e Tataouine), o Norte (Bizerte), o Sudoeste (Tozeur-Nefta) e as ilhas (Kerkennah).
Esta iniciativa, de acordo com a responsável, é uma continuação do reconhecimento internacional recente que se manifestou com o estatuto de Património Cultural Imaterial pela UNESCO atribuído à harissa, o molho tradicional do país.





