As cinco tendências emergentes nas viagens na Europa mostram como a pandemia de Covid-19 se reflete nas preferências dos viajantes. Conheça os resultados deste estudo apresentado pelo Travel Age West.
Evitar as típicas cidades europeias
À medida que os viajantes se deparam com as novas normas de viagens europeias, a vontade de visitar pontos turísticos tradicionais, como Barcelona, Paris ou Londres, desvanece um pouco.
Em vez disso, motivada por menos multidões, maior acessibilidade e mais experiências locais, a tendência é visitar cidades europeias mais pequenas e aldeias rodeadas por natureza. A cidade costeira de Valência, em Espanha, é a prova desta tendência.

“Além de ser uma cidade vibrante com acesso direto à praia, é um destino mais acessível do que Madrid e Barcelona, e tende a ser muito menos lotada”, afirmou Maximo Caletrio, gerente de promoções para o Canadá e os EUA da Visit Valencia. “Hoje, a vantagem de estar numa cidade mais pequena e menos conhecida é que há menos casos de Covid-19 e um risco de infecção muito menor do que numa cidade grande”, clarifica Maximo Caletrio.
Agnes Angrand, diretora da agência Atout France, afirmou que, no caso francês, por terem uma extensa rede ferroviária, é fácil explorar cidades ou regiões menos conhecidas a apenas uma ou duas horas da capital. “Usamos pontos fortes culturais dessas cidades – por exemplo, a torre Luma em Arles ou o Miroir d’Eau em Bordéus – como um ponto de partida para ajudar a colocar essas cidades no mapa”, esclarece Agnes Angrand.
Períodos mais prolongados num país ou cidade
Viagens mais prolongadas permitem que os clientes usufruam de um destino de uma forma mais abrangente, possibilitando um ritmo mais descontraído. Prevê-se que a Covid-19 aumente esta tendência, uma vez que os viajantes foram forçados a desacelerar drasticamente as suas vidas, não estando, muitos deles, com pressa para retomar um estilo de vida acelerado.
“Acreditamos que os viajantes estão a optar por voar para um destino, por forma a evitar aviões lotados e possíveis cancelamentos de voos”, disse Radka Krizek, gerente de relações públicas da Czech Tourism. “Cada país da UE tem as suas próprias condições de entrada, o que torna a viagem complicada”, acrescentou Radka Krizek.

A Estónia, por exemplo, tem promovido viagens lentas desde que se interessou pelo turismo internacional.
“A Estónia tem 47 cidades, a maioria com menos de 50.000 residentes, o que significa que os “viajantes lentos” podem desfrutar do charme e da autenticidade de uma cidade pequena, sem enfrentar hordas de turistas em cada esquina”, disse Liina Maria Lepik, diretora do Conselho de Turismo da Estónia.
Excursões privadas em grupo
Após todos estes meses de isolamento, é normal que as pessoas desejem explorar o mundo e conectar-se com as suas famílias e amigos novamente. Nesse sentido, várias operadoras estão a oferecer mais oportunidades para passeios em grupos privados, visando proporcionar uma experiência compartilhada entre amigos ou família. Esses tours privados de grupos em “bolha” são atraentes, uma vez que limitam a interação com pessoas desconhecidas, sendo vistos como mais seguros.

De acordo com Liam Dunch, manager de produto europeu da Abercrombie & Kent (A&K), a empresa decidiu fundir a procura pelo luxo com a segurança das “bolhas” de grupo, de maneira a criar itinerários que permitissem a um pequeno grupo de viajantes explorar uma região inteira numa única viagem. Uma dessas viagens da A&K, Wings Over the World, explora uma região em profundidade, usando um avião privado para voar diretamente entre destinos. Estes programas estão disponíveis em regime de exclusividade, permitindo aos hóspedes escolher quando e com quem desejam viajar.
“Cada itinerário pode ser personalizado com base no tamanho do grupo e na disponibilidade da aeronave”, disse Liam Dunch. “Tivemos um grande sucesso com os hóspedes que fizeram a nosso programa, em particular o Wings Over the Mediterranean. Apreciaram a privacidade do avião e a hospitalidade cinco estrelas dos melhores hotéis”, acrescentou Liam Dunch.
Férias mais longas
Antes da pandemia, os americanos não eram conhecidos por tirar férias longas. Na verdade, em 2019, 55% dos americanos não usufruía de todo o tempo de férias remuneradas. Mas, agora, os viajantes estão prontos para substituir as férias curtas por períodos mais longos.
O Reino Unido, que recentemente anunciou a sua abertura a viajantes norte-americanos vacinados, está a prever um aumento de visitantes dispostos a gastar mais tempo e dinheiro em viagens.

“Sabemos, através da nossa pesquisa e relacionamento com a comunidade de viagens, que há uma grande procura reprimida por viagens em que os viajantes podem fazer tudo e recuperar o tempo perdido”, disse Paul Gauger, vice-presidente da Americas for VisitBritain.
“Temos as nossas cidades repletas de museus, teatros e hotéis luxuosos, bem como de destinos rurais com lagos serenos, chalés pitorescos, castelos históricos e parques nacionais. Há realmente algo para todos desfrutarem de uma estadia mais longa”, lembrou Paul Gauger.
Espaços abertos em detrimento de ambientes lotados
A procura por natureza, espaços abertos e privacidade é inegável, depois de tantos meses de isolamento.
Prevê-se que países como a Noruega, onde a maior parte das terras não são povoadas e desenvolvidas, sejam destinos pós-pandémicos especialmente cobiçados. Graças a mais de 700 fiordes e milhares de quilómetros de natureza intocada, a Noruega provavelmente verá um “boom” do turismo, de acordo com Harald Hansen, especialista da indústria da Visit Norway.
“Onde quer que decida ir, encontrará cidades e vilas próximas para cultura, comida e história, onde poderá alugar todos os tipos de equipamentos para as suas aventuras ou participar em expedições e passeios na natureza”, revelou Harald Hansen.

A especialista da indústria da Visit Norway acredita que as oportunidades de imersão cultural se alinham harmoniosamente com os refúgios selvagens da Noruega.
A Croácia espelha também esta tendência, com os seus oito parques nacionais, a deslumbrante costa do Adriático e milhares de ilhas, como principais razões para um vibrante cenário turístico. Mais de 84 mil americanos visitaram este destino no primeiro semestre de 2021.
Afinal, “os espaços abertos e preservados são o fator mais importante na vida de hoje”, disse Cristina Vojic-Krajcar, gerente de marketing do Istria Tourist Board.