O ministro da Economia, Pedro Reis, afirmou que o principal desafio para o país e para o Governo “é a execução” e defendeu ser “urgente” decidir sobre a realização do novo aeroporto e desencadear a sua construção.
O governante falava durante a cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) para 2024-2027, em Lisboa, onde fez a sua primeira intervenção pública desde que assumiu a ‘pasta’ da Economia.
“O desafio do país e o desafio deste Governo é a execução”, começou por dizer Pedro Reis, reforçando que “este é o tempo da decisão, da implementação”.
Segundo o ministro, a economia portuguesa tem desafios e oportunidades estratégicas, entre os quais a internacionalização, a inovação, a produtividade e competitividade e, para os atingir, o Governo tem “um plano de ação concreto” baseado na redução da fiscalidade “e assumindo com frontalidade as infraestruturas estratégicas”.
Pedro Reis disse que “é hora de levantar a economia portuguesa” e assumir esta ideia como “uma prioridade coletiva” e não apenas do Governo, mas também da oposição, das confederações empresariais e da AICEP.
“Precisamos de investidores externos. Precisamos de um setor financeiro e de uma banca forte. É o melhor apoio que se pode ter à nossa economia”, defendeu.
O ministro salientou que o setor do turismo é estratégico para a economia, defendendo que é preciso “qualificar a oferta turística e aumentar a procura” com a concentração em mercados “que garantam crescimento em valor e que permitam combater a sazonalidade”.
“É importante atrair mais transporte aéreo regular e diversificado aos nossos aeroportos nacionais. Daí, ser tão urgente decidir sobre a realização do novo aeroporto e desencadear a sua construção”, sublinhou o ministro da Economia, realçando que “é fundamental consolidar Portugal com um destino turístico de excelência, em áreas também ligadas à economia azul e ao mar”.
Para o ministro, “não há ciclos políticos, há uma estratégia nacional e há prioridades de Estado”.
Eliminar a contribuição extraordinária sobre o alojamento local, a caducidade das licenças anteriores ao programa Mais Habitação e rever simultaneamente as limitações legais impostas anteriormente foram outras das prioridades elencadas pelo governante durante a sua intervenção.
Palavras do ministro agradam setor
A primeira intervenção pública do ministro agradou ao setor. Para José Theotónio, CEO do Grupo Pestana, “sendo a primeira intervenção pública, foi cuidadoso, não falou muito sobre o turismo, falou mais sobre os aspetos económicos, tendo tocado nos pontos essenciais. Agora, isto só funciona se houver a tal execução, conforme dito por Pedro Reis”.
Por sua vez, Raul Martins, presidente do conselho de administração da Altis Hotels, considerou que o ministro da Economia “foi muito pragmático, porque, no fundo, deu uma agenda com vários pontos, todos eles com muito trabalho. Portanto, não foi uma intervenção política, mas sim um guia, reafirmando uma vez mais a importância do turismo em Portugal”. Para Raul Martins, o ministro “mostrou ainda a sua preocupação com a situação do aeroporto”, acrescentando que se o “aeroporto for para Alcochete e demorar dez anos a ser construído, nós temos que ter, obrigatoriamente, um segundo aeroporto em Lisboa. De outra forma, o turismo na capital sofrerá alterações negativas no futuro, devido ao aumento da procura e à não evolução da oferta”.
Ana Jacinto, secretária geral da AHRESP, considerou a intervenção do ministro “positiva”. “Parece-me que o ministro está disponível para trabalhar e melhorar o setor do turismo, que no fundo é aquilo que nós queremos. Focou também em pontos importantes, que temos de concretizar acima de tudo com trabalho. Além disso, garantiu que estamos numa fase de concretização, execução e decisão e esperemos que sim, porque, de facto, estamos muito cansados da não decisão e da falta de concretização”.
Também Eduardo Miranda, presidente da ALEP – Associação de Alojamento Local em Portugal, comentou o discurso do ministro no que diz respeito às medidas para o AL. “Vêm na sequência de um diálogo do ano passado de tentar corrigir aquilo que foi um erro de estratégia para o Alojamento Local. Vemos com bons olhos que aquilo que foi acordado cria uma nova perspetiva para o setor e, com isto, procuramos um quadro de estabilidade, acreditando que, neste momento, temos uma perspetiva política que pode permitir isso. O objetivo agora é tirar o alojamento local desta discussão da habitação para podermos qualificar o setor, contribuir para o turismo e permitir um quadro de estabilidade. A palavra-chave é estabilidade”. Questionado sobre se o governo já estabeleceu contacto direto com a ALEP, Eduardo Miranda afirma que sim e que, além de ser uma questão transversal devido aos temas da habitação, da economia e das finanças, estão a iniciar uma conversa com o Governo nas várias áreas, para chegar a uma solução equilibrada e traçar um novo caminho.
Na cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais da CTP para 2024-2027 estiveram vários membros do Governo, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, líderes dos partidos com assento parlamentar, representantes do Conselho Económico e Social e parceiros sociais.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem por vídeo a congratular os órgãos sociais eleitos da CTP, transmitida durante a cerimónia.
Nessa mensagem, o presidente reforçou que “temos melhorado o nosso turismo em quantidade e qualidade, aprimorado em imagem e em marca marcas, temos recuperado primeiro que os outros, mas perante novos tempos, tempos difíceis, incertos e desafiantes, temos de fazer mais e melhor”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal tem “trunfos imbatíveis”, com a “paz, segurança, dimensão humana, hospitalidade e condições naturais”, “tudo isto continua forte”. No entanto, alertou: não se pode “demorar séculos a decidir aeroportos ou outros acessos não aeroportuários“.
O chefe de Estado afirmou ainda que o desafio mais dificil do turismo “é explicar aos outros setores económicos que o sucesso não é arrogância, nem autocontemplação, há lugar para todos e ninguém tem o exclusivo do sucesso na economia portuguesa. Precisamos também comunicar aos portugueses que o sucesso do turismo é algo positivo para todos eles”.