Francisco Calheiros defendeu a necessidade de elevar o turismo ao nível ministerial, sublinhando que “é o motor da economia”. Como tal, acredita que está “na altura de sentar o turismo no Conselho de Ministros e não deixá-lo perdido numa Secretaria de Estado, com outras atividades económicas que pouco ou nada têm a ver com o turismo”.
Estas declarações foram proferidas durante o painel “E agora, o que fazer com este orçamento?”, que decorreu este sábado, no último dia do 48º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorre no Porto.
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, expressou reservas em relação ao atual Orçamento de Estado, considerando-o insuficiente para suprir as necessidades do setor empresarial. “Não tenho grandes expectativas em relação ao orçamento de Estado. Não acredito que este será o orçamento vigente a partir de abril/maio, e um governo em gestão e em duodécimos não resolverá os problemas culturais do país e do turismo”, afirmou, durante o 48º Congresso da APAVT.
“Não tenho grandes expectativas em relação ao orçamento de Estado, porque contempla muito pouco as empresas, mas o pior não é isso, é que este orçamento, muito provavelmente, não vai ser aquele que vai vingar, porque vamos ter um novo governo. Entretanto, temos um governo de gestão a gerir em duodécimos, é evidente que isso não é bom, não dá qualquer espécie de estabilidade”, afirmou Calheiros.
Além disso, Francisco Calheiros acredita que há “decisões essenciais para o setor do turismo” que vão ser adiadas, como a “questão da construção do novo aeroporto de Lisboa, a questão da privatização da TAP, a questão do Alojamento Local e as medidas de capitalização”.
Quanto à questão do novo aeroporto de Lisboa, Francisco Calheiros lamentou a falta de decisões. “Nós precisamos de uma decisão do aeroporto que não vai ser tomada. Todos têm culpa disso exceto o setor do turismo, que precisa verdadeiramente do aeroporto mas não vê a decisão a ser tomada. A privatização da TAP vai parar, nada vai acontecer. Há uma série de decisões que vão ser adiadas permanentemente porque o governo está em gestão e não vai tomar medidas que amanhã podem ser contestadas pelo novo governo”.
Por outro lado, Francisco Calheiros destacou a ausência do turismo nos planos de recuperação do país, apontando para a falta de inclusão no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e no Portugal 2030. O presidente da Confederação do Turismo expressou a sua insatisfação com o Plano de Reativar o Turismo (PRP), que, embora orçado em 6 milhões de euros, não está a “chegar às empresas”. Segundo Francisco Calheiros, “é fundamental que essas medidas saiam do papel”.
Mão-de-obra e inteligência artificial
Ao abordar o tema da mão-de-obra, o presidente da CTP destacou o problema de falta de mão-de-obra” no setor e elogiou a aposta do país na imigração como uma solução positiva. “Em 2015, tínhamos 130 mil trabalhadores estrangeiros a descontar para a Segurança Social, mas no ano passado esse número subiu para 610 mil”, notou.
Sobre a inteligência artificial, tema central do Congresso da APAVT, Francisco Calheiros considerou-o uma “questão pontual” que não deve ser levada ao extremo. “O problema de base é da demografia. Nós somos o último ou penúltimo país da Europa onde menos crianças nascem, temos de atacar esta questão. Daqui a 20/30 anos, podemos ter menos 1 milhão e meio de portugueses”, sublinhou.