A operação da TAP vai “melhorar ainda mais a partir de agora”, garantiu o CEO da companhia na sua intervenção no congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, que decorre no Porto, até este sábado. Numa conversa com o presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, Luís Rodrigues afirmou que olha de forma “muito positiva” para o futuro da transportadora. O CEO, que entrou em funções há sete meses, disse que foi preciso fazer um diagnóstico da companhia, antes de avançar com medidas.
“Nunca vou com soluções mágicas para nenhum lado, vou fundamentalmente para ouvir o máximo possível, foi isso que fizemos, reunimos com o máximo de pessoas possível, para conseguir fazer o diagnóstico, só depois é que se consegue fazer coisas”, afirmou, a propósito do início das suas funções.
Desta primeira fase de diagnóstico, Luís Rodrigues destaca quatro aspectos da companhia: “operação desorganizada, falta de conhecimento, um clima sócio-laboral crispado e um atraso tecnológico significativo”.
“Havia, ao mesmo tempo, seis aviões contratados de fora e meia dúzia de aviões no chão que não estavam a ser utilizados, havia um desfasamento de horários”, referiu para ilustrar a desorganização da operação.
Quanto à falta de conhecimento, Luís Rodrigues reconhece que foi “uma surpresa”, mas explica as razões: “Em 2020 e 2021 saíram mais 3 mil pessoas que levaram o conhecimento com elas, estavam no meio e suportavam a operação . É uma indústria muito exigente, a mais complexa do mundo, demora muito tempo a aprender. Quando se tem pessoas relativamente novas à frente da companhia, a coisa fica difícil, isso verificou-se em múltiplas situações. Participavámos em reuniões, e as pessoas diziam ” nunca fizemos isso””.
Foi preciso esperar até à mudança de horário da IATA, para introduzir algumas mudanças na operação. “As coisas só são estruturadas quando muda o horário de inverno ou verão. Aguentámos até novembro, e, com o horário de inverno, já foi possível melhorar múltiplas coisas. O ambiente sócio laboral está estabilizado com a celebração dos acordos de empresa”.
Privatizar é a “opção óbvia”
A privatização foi um dos tópicos da conversa, com o CEO da TAP a admitir ter uma visão pragmática sobre o assunto: “É impensável ter uma empresa de aviação a atuar num mercado competitivo global a ser condicionada por um acionista, neste caso o Estado, a forma mais óbvia é privatizar”.
Se tal não for possível, Luís Rodrigues defende a criação de regras “para a empresa ser gerida livre dos entraves administrativos a que está sujeita no atual quadro”. O CEO dá o exemplo de compras no valor de mais de cinco milhões de euros que têm de ser reportadas ao Tribunal de Contas. “Isso é algo que fazemos todos os dias, só em compra de combustível. Não posso fazer uma prática muito frequente e sensata na indústria, que é comprar combustível no futuro quando ele está barato. Não posso fazer isso, porque não tenho orçamento de 2024 aprovado”, afirma. “Não estou a criticar o sistema, mas que se crie uma opção para empresas que operam num mercado competitivo internacional como é o caso do transporte aéreo. O que tenho visto é que isso é politicamente difícil de defender. Se é difícil, então é privatizar”.
“É impensável ter uma empresa de aviação a atuar num mercado competitivo global a ser condicionada por um acionista, neste caso o Estado, a forma mais óbvia é privatizar”,
Por sua vez, Luís Rodrigues considera que a situação de incerteza quanto à infraestrutura aeroportuária para Lisboa, vai refletir-se no valor da companhia. No entanto, adianta que o interesse dos privados mantém-se. “O interesse continua lá todo por parte dos operadores estrangeiros, ainda ontem falei com um que me disse: vocês estão a fazer um bom trabalho, os resultados estão à vista, continuem”.