O Governo cabo-verdiano e o operador turístico TUI assinaram na passada terça-feira, dia 6, na ilha do Sal, um memorando de entendimento para estreitar as relações e diversificar e qualificar o turismo, motor da economia do país.
“O memorando consiste basicamente em estreitar as relações entre Cabo Verde e o grupo TUI, em matérias de sustentabilidade social, ambiental, há uma preocupação muito grande da parte do TUI em que Cabo Verde se transforme e que se continue a desenvolver de uma forma saudável, equilibrada, com preocupações ambientais fortes”, descreveu à Lusa o ministro do Turismo e Transportes cabo-verdiano, Carlos Santos.
O memorando foi assinado no mesmo dia em que o comité executivo do grupo, o órgão máximo, realiza pela primeira vez uma reunião no Sal, e o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, foi convidado para fazer uma intervenção.
Considerando que se trata de “um grande dia para o turismo”, o ministro que tutela o setor em Cabo Verde avançou ainda que o memorando olha para outras oportunidades de investimentos do grupo espanhol para diversificar o turismo.
“Está cada vez mais interessado em qualificar o produto turístico cabo-verdiano”, frisou Santos, apontando um “compromisso comum” para o desenvolvimento de forma equilibrada, de uma diversificação e de um crescimento sustentável do setor.
O memorando, prosseguiu, será para os próximos três anos e nele constam ainda matérias e projetos ligados às questões sociais, nomeadamente construção de habitação para os trabalhadores dos hotéis, bem como na saúde, com construção de infantários.
Na parte económica, disse que há uma preocupação do TUI em usar cada vez mais produtos locais na cadeia de produção dos hotéis, para que outros setores de atividade económica possam tirar proveito do mercado dos hotéis e das compras.
“A [multinacional] TUI está interessada em apoiar consultoria para que determinados produtos produzidos em Cabo Verde sejam integrados na gastronomia dos hotéis e dos seus clientes”, deu conta o ministro, mostrando-se satisfeito com estes “projetos concretos e interessantes”.
Além do grupo TUI, recordou que o Governo já assinou memorando semelhante com o grupo RIU, e há perspetivas de se associar a outros grupos hoteleiros que operam no arquipélago.
Carlos Santos disse que o memorando vem “encaixar muito bem” num projeto que o Ministério do Turismo está a desenvolver, que é de sustentabilidade no turismo, que será desenvolvido no Sal e na Boa Vista, as duas ilhas mais turísticas do país, para transformá-las em ilhas sustentáveis e posteriormente serem certificadas de acordo com as normas internacionais.
Só o grupo hoteleiro espanhol RIU – que detém 3,6% do capital social do operador TUI – recebe anualmente 300 mil turistas nos seis hotéis que opera nas ilhas do Sal e da Boa Vista, totalizando 4.479 quartos, sendo o maior empregador privado do arquipélago, com quase 2.500 trabalhadores.
O número de trabalhadores ao serviço nos estabelecimentos hoteleiros de Cabo Verde cresceu cinco vezes em 2021, para 8.400, indicam dados divulgados em junho pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano.
Segundo o Inventário Anual de Estabelecimento Hoteleiros, esses estabelecimentos empregavam diretamente 1.577 trabalhadores no final de 2020 (após um máximo de 9.417 em 2018), registo que assim subiu fortemente (432,7%) no final do ano passado, devido à reabertura progressiva das unidades de alojamento, após as restrições impostas pela pandemia de covid-19.
No final de 2021, segundo o mesmo inventário, Cabo Verde contava com 292 estabelecimentos de alojamento hoteleiro, número que compara com os 124 no ano anterior e os 284 em 2019.





